Luh Ferreira
Educadora Popular, ativista, doutora em Educação
Encantada com o mundo, indignada com a situação dele
Quando vozes negras se levantam, o mundo estremece
Pesquisadora da obra de Angela Davis e fundadora do Coletivo Di Jeje, Jaque Conceição relata como o contato com a autora estadunidense permeou sua vida e a encorajou a construir um espaço de aprendizagem e produção de conhecimento com mulheres negras
Jaque Conceição

Li pela primeira vez o nome Angela Davis no ano de 2013. Eu estava estudando um texto de Herbert Marcuse em que ele conta sobre a mente mais brilhante e inteligente que ele havia conhecido: Angela Davis. Fiquei muito curiosa. Descobri que essa foi uma das mulheres mais temidas pelo governo dos Estados Unidos entre 1968 a 1972. Uma mulher negra, de 24 anos, inimiga número um dos Estados Unidos? Essa história eu precisava conhecer, para poder contar.
Quando Angela Davis retornou da Alemanha em 1967, depois de concluir o doutorado em filosofia alemã clássica sob orientação de Theodor Adorno, ela começou a lecionar na Universidade da Califórnia e iniciou sua militância junto ao Black Panther Party (Partido dos Panteras Negras). Parte de seu trabalho consistia na formação política dos membros do Partido e na luta pela libertação de presos políticos, como George Jackson, que foi também seu grande amor juvenil. Quando o irmão de Jackson, Jonathan, tramou e executou o sequestro de George da penitenciária de San Quentin durante um julgamento, culminando na morte de quatro homens – incluindo o próprio Jonathan e um juiz federal –, Davis foi acusada de cúmplice, pois as armas usadas na operação estavam em seu nome. Depois de quase quatro anos, ela foi finalmente julgada e absolvida do crime e retirada da lista dos dez mais perigosos do FBI. Tudo isso com apenas 26 anos de idade.
No ano seguinte ao meu encontro inicial com Davis, fui a Salvador pela primeira vez. Andando pelo Mercado Modelo, um senhor negro, que vendia pimentas, me disse: “Menina, você parece com os Jejes. Você sabe quem foram eles? Vou te contar: os Jejes são um povo guerreiro, andarilho, do norte da África. Onde eles chegam, chega a morte, o medo, chega a destruição. Você me lembra muito as mulheres guerreiras Jeje.”
Essas duas histórias ficaram marcadas em mim: a história de uma mulher negra, que com nada mais que sua inteligência e poder de falar, colocou em choque toda a elite branca de um país explorador e racista; e a história de um povo africano, de força e rebeldia. Passei o ano de 2014 lendo e pesquisando textos escritos por Davis, como que costurando uma colcha de retalhos, porque as obras chegavam aos poucos para mim. Até 2017, havia apenas dois de seus livros traduzidos para o português (A democracia da abolição e O povo contra Angela Davis) e dois artigos, que eram entrevistas traduzidas. O pouco material que consegui acessar foi resultado de uma exaustiva pesquisa na internet. Nessa época, tive contato com Mulheres, raça e classe; Mulheres, cultura e política; São obsoletas as prisões?; O legado do blues para o feminismo negro; Palestras sobre Libertação; e A comunidade escrava e o legado da mulher negra, todos em inglês.
No final daquele ano, fui aos Estados Unidos, onde consegui ter contato com mais uma série de materiais produzidos por Davis – com aquilo que ela vem produzindo há mais de meio século sobre racismo e formação da sociedade ocidental e capitalista.
Angela Davis vem de uma longa tradição de teóricos críticos ligados à Escola de Frankfurt, uma corrente da filosofia política criada no começo do século passado como uma estratégia de enfrentamento ao fascismo e conservadorismo que dominavam cada vez mais as ciências sociais. A base de seu pensamento está na tese central da Teoria Crítica: a opção pela violência como processo civilizatório é um traço da socialização dos indivíduos, e essa opção empurrará a sociedade cada vez mais para a barbárie. Em outras palavras, os mecanismos de controle e validação social tornam os indivíduos incapazes de fazer a crítica social e avançar nos processos civilizatórios, pois eles se tornam reprodutores de um sistema que segrega, condiciona e domina através da violência – reproduzindo, então, esse mesmo sistema. A grande contribuição de Davis é introduzir neste debate a questão racial, ou o racismo, pautando-o também como estratégia violenta de dominação e segregação.
Em Palestras sobre Libertação, originalmente publicado em 1970 pela Editora Randow em Nova Iorque, mas com uma tradução minha para o Coletivo Kilombagem, Davis nos diz que:
“A ideia de liberdade tem sido justificadamente um tema dominante na história das ideias ocidentais. O homem tem repetidamente definido a sua liberdade como algo inalienável. Um dos paradoxos mais agudos presentes na história da sociedade ocidental é que, enquanto no plano filosófico, a liberdade foi delineada da forma mais elevada e sublime, na realidade concreta, para alguns ela é marcada pela forma mais brutal que é a escravidão. Na Grécia Antiga, onde a democracia teve a sua origem, não se pode esquecer que, apesar de todas as afirmações filosóficas da liberdade do homem, apesar da demanda de que o homem só podia realizar-se através do exercício da sua liberdade como um cidadão da polis: a maioria das pessoas em Atenas não era livre. As mulheres não eram cidadãs e a escravidão era uma instituição aceita. Mas lá, houve definitivamente uma forma de racismo presente, e apenas para os homens gregos foram concedidos os benefícios da liberdade: todos os não-gregos foram chamados bárbaros e por sua natureza não poderiam ser merecedores ou mesmo capazes de exercerem a liberdade.”1
1 Tradução de Jaque Conceição. Disponível em: http://rapefilosofia.blogspot.com.br/2015/07/texto-completo-de-angela-davis.html
A partir disso, Davis aponta que a construção de todos os conceitos que moldam a identidade do indivíduo moderno são consolidadas sob a perspectiva de negação da existência do indivíduo negro, justamente porque o coloca na condição de escravo e, portanto, sem liberdade – portanto, não indivíduo.
Quando retornei ao Brasil, profundamente marcada pelas leituras raciais produzidas por Davis e pela experiência de entrar em contato com uma parte importante da história do movimento negro mundial, nos Estados Unidos, o processo de iniciação no candomblé me atravessava por completo.
Lembro-me de um dia, sentada depois de um jogo de búzios, pensando sobre minha vida enquanto mulher negra, sobre minha história, neta do meio de uma família de mulheres negras guerreiras, que vieram do Sul da Bahia para viver e desbravar terras na periferia de São Paulo. Sentada ali, pensando em quantas dores já haviam me perpassado em menos de 30 anos de vida, me lembrei de uma frase que li em um artigo de Angela Davis de 1969: quando vozes negras se levantam, o mundo estremece.
E foi então, em novembro de 2014, que ficou óbvia para mim a necessidade de um espaço de formação política e produção de conhecimento sobre a mulher negra. Nosso primeiro curso foi justamente sobre o pensamento de Angela Davis, partindo da necessidade de materializar um espaço de produção de pensamento social preto, que paute as questões raciais pelo viés da filosofia política. O curso aconteceu em parceria com Coletivos Negros e um Núcleo de Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. A idéia era apresentar algumas ideias iniciais sobre a autora que nos fornecessem pistas para avançar nas investigações de suas produções teóricas.
O conceito central que abordamos foi a noção de liberdade desenvolvida por Davis entre 1964 e 1972. Para ela, liberdade não poderia ser uma categoria abstrata e individual, já que, da perspectiva dos povos africanos, escravizados e explorados no ocidente, liberdade trata de algo concreto e bem objetivo: muitas vezes, ser livre implica abrir mão da própria vida, pois vida e trabalho dividem o mesmo tempo e espaço, um mantido pelo outro; logo, vida e trabalho se traduzem em toda a nossa existência. Em Palestras sobre Libertação, ela nos diz ainda que:
“O homem é livre ou não é livre? Deveria ele ser livre ou não deveria ser livre? A história da Literatura Negra prevê, em minha opinião, uma explicação muito mais esclarecedora da natureza da liberdade, sua extensão e os limites dos discursos filosóficos sobre este tema na história da sociedade ocidental. Por quê? Por numerosas razões. Em primeiro lugar, porque a Literatura Negra neste país e em todo o mundo projeta a consciência de um povo que tem seu acesso à liberdade negado. Os negros têm exposto pela sua própria existência as insuficiências da liberdade, não só em sua prática, como também na sua formulação teórica. Porque se a teoria da liberdade fomenta a separação entre o conceito e a prática, ou seja, o que se pensa, não se vivencia então isso significa que algo deve estar errado com o conceito.”2
2 Tradução de Jaque Conceição. Disponível em: http://rapefilosofia.blogspot.com.br/2015/07/texto-completo-de-angela-davis.html
Foi um curso maravilhoso. Houve 350 inscritos, dos quais 290 eram estudantes negros da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O que mais me marcou foi a fala de uma jovem de 22 anos, aluna de engenharia da computação, vinda da Baixada Fluminense e contemplada pelo sistema de cotas. Sua fala me emociona até hoje, três anos depois: “Ontem eu pensei em me matar, ando triste, deprimida, parece que me odeiam nesse lugar; mas hoje, depois de ouvir você falar sobre Angela Davis, eu senti que vale a pena lutar, não só por mim, mas pelos que virão.” Aquilo me tocou de uma forma muito profunda. Esse processo de empatia, de identificação com o pensamento de Angela Davis, certamente se deve ao fato de sermos solitárias enquanto mulheres negras. Somos sombras que circulam nos espaços embranquecidos. Quando finalmente encontramos uma voz que pode nos guiar neste mundo de dor e solidão, nos sentimos amparadas e apoiadas. A intelectualidade de Angela Davis, e de tantas outras intelectuais negras ao redor do mundo, tem sido nosso sol de cada manhã, e nosso luar nas noites de desespero e descrença, como nos sentimos após o extermínio de Marielle Franco.

E foi depois de ouvi-la, apesar de todas as angústias e dúvidas sobre como seria o futuro, que decidi buscar alternativas para manter o Coletivo Di Jeje. Hoje, quase quatro anos depois desse encontro, ele é o primeiro centro de pesquisa e formação política feito por mulheres negras, para mulheres negras, com um método de trabalho pedagógico desenvolvido para potencializar as negras vozes que participam de nossos encontros presenciais e virtuais. Temos sete cursos presenciais e uma loja com mais de 20 cursos de temas que debatem o universo da mulher negra. Em nossos encontros presenciais e virtuais já participaram mais de 3000 mulheres negras. Tudo isso planejado e mantido por mulheres negras.
Nosso modelo de gestão financeira adota apenas o autofinanciamento, ou seja, não contamos com apoio ou patrocínio institucional de empresas, organizações, fundações ou poder público. Os 160 mil reais arrecadados nesses três anos e meio vieram da venda de cursos e da doação de bolsas de estudo feita por pessoas físicas, principalmente mulheres.
Hoje, o maior desafio do Coletivo Di Jeje é alcançar as mais de 50 milhões de mulheres negras, levando o acesso ao conhecimento e a história dos negros e negras em nosso país, por que o conhecimento emancipa, o conhecimento liberta!
Seguimos, pois quando vozes negras se levantam, o mundo estremece! _
Se preferir, baixe o PDF da revista Tuíra #01.
Se eu fosse outra: reflexões sobre autocuidado
Ocupação
Forma de protesto ou ação direta, ocupar é demonstrar que outro modo de viver é possível
Carolina Munis

“Vamos ocupar o espaço público”, bradam movimentos aqui e acolá. Ocupar a cidade, a política, a mídia. Ocupar com e sem hashtag. Ocupar: palavra que tomou tantos discursos, planos e narrativas, alastrada radicalmente pelas ocupações das escolas realizada pelos secundaristas a partir de 2015. Mas, muito antes e em tantos lugares, as ocupações já vinham colocando no mapa e na ordem do dia as mazelas políticas, econômicas e sociais contra as quais se ergue o espírito insurgente.
Prefiguração
Não é por acaso que a ocupação se presta como tática por excelência de tantos projetos: sonho, experimento, denúncia, resistência, conquista… Ocupações são fortes exemplos de políticas prefigurativas, em que não há diferença entre o que se busca e a forma como se busca. Mesmo nas condições mais adversas, ocupar é romper a barreira entre imaginação e prática na busca por outra realidade; é rebelar-se contra o que existe e imediatamente perseguir outras possibilidades. Dificilmente uma ocupação não exigirá uma reinvenção das formas de vida, um rompimento do estado de normalidade que classifica, ordena, hierarquiza e subjuga, rumo a outras, ilimitadas e inacabadas, versões do possível.
Nem sempre é preciso deslocar-se de um espaço físico não ocupado para um espaço físico ocupado. Em um mesmo local, passar de um estado de normalidade para um estado de ocupação suspende abruptamente tudo que ali existia: as normas, a posse de prerrogativas, os valores atribuídos aos corpos. Outras possibilidades são convocadas a passarem a existir, ou a própria suspensão do status quo se transforma, ela mesma, em um estado. “A ocupação física da Sorbonne foi seguida por uma explosão intelectual de violência sem precedentes. Tudo, literalmente tudo, foi repentinamente e simultaneamente posto em discussão, em questionamento, em objeção”1, disseram alguns dos que estiveram de corpo presente nas lutas que pararam Paris em maio de 1968. No Brasil, as escolas ocupadas passaram às mãos dos mesmos estudantes que diariamente a frequentavam e, reterritorializadas, foram palco da emergência de outras subjetividades: “Os jovens secundaristas (…) nos contam que ‘ocupar’, no seu caso, tem muito a ver com estar de outra forma naquele mesmo espaço onde passaram e passam quase a vida inteira. (…) Esse novo modo de ‘estar’ (…), rompe de fato com aquilo que vinha antes, pois tem a ver com um estar ali por inteiro, com tudo o que cada um tem, com tudo o que carrega”2.
1 Solidarity. Paris: Maio de 68. Conrad, 2008, p. 38.
2 Grupo Contrafilé. A Batalha do Vivo. p. 42.
Tática
Em primeiro lugar, as ocupações servem como método de resistência para tomada de um local, no tensionamento contra um adversário específico, por um determinado período de tempo. Sharp3, em sua conhecida lista de métodos de ação não violenta, distingue vários tipos de ocupações, chegando a diferenciar aquelas em que os ocupantes estão de pé e sentados, as que ocorrem em áreas proibidas, em praias, na cidade e no campo. Dois exemplos do que ele chama de intervenção física são a incursão não violenta, em que a invasão quer antes “desafiar a autoridade do que ter a efetiva posse do local”, e a ocupação não violenta, em que os ativistas insistem em sua permanência até a resolução de suas demandas. Já a ocupação de terras, que substitui os donos de uma terra por aqueles que a ocupam, é uma forma de intervenção econômica na classificação de Sharp.
3 Gene Sharp. Poder, luta e defesa: teoria e prática da ação não-violenta. Edições Paulinas, 1983, p. 191.
Quando empregada a partir de um bom arcabouço estratégico, a ocupação – como toda boa tática – move a balança de poder em favor dos ativistas. David Harvey descreveu as táticas do Occupy Wall Street como “tomar um espaço público central, um parque ou uma praça, próximo à localização de muitos dos bastiões do poder e, colocando corpos humanos ali, convertê-lo em um espaço político de iguais, um lugar de discussão aberta e debate sobre o que esse poder está fazendo e as melhores formas de se opor ao seu alcance. Essa tática (…) mostra como o poder coletivo de corpos no espaço público continua sendo o instrumento mais efetivo de oposição quando o acesso a todos os outros meios está bloqueado.”4 As suposições consolidadas sobre a posse de um espaço ou sistema são imediatamente colocadas em xeque, e tanto a permanência da ocupação quanto seu despejo forçado colocam a autoridade oponente em um constrangimento moral.
4 David Harvey. Os rebeldes na rua: o Partido de Wall Street encontra sua nêmesis. Publicado em: David Harvey e outros. Occupy: movimentos de protesto que tomaram a rua. Boitempo/Carta Maior, 2012, p. 60-61.
Protesto ou ação direta
A ocupação pode ser uma forma de protesto ou uma ação direta. O protesto existe como a vocalização de um discurso, manifestação de um desejo, publicização de uma demanda ou causa – geralmente para reivindicar algo a um agente intermediário que detém o poder de tomada de decisão. Como exemplo, pode-se pensar nas ocupações de fábricas durante uma greve; nas ocupações de reitorias e bandejões durante as mobilizações universitárias; ou na tomada de prédios públicos para aumentar a visibilidade de lutas de longo prazo (como a tomada do Incra pelos movimentos de sem terras ou da Funai pelos indígenas). Também as gigantescas ocupações da Praça Tahir, no Cairo, durante a Primavera Árabe em 2011, ou do Occupy Wall Street, em Nova York, ou as demais acampadas dos diversos Occupy pelo mundo naquele ano, configuram-se como demonstrações de protesto – extensas, duradouras, agenciadoras de dinâmicas novas de sociabilidade, mas ainda assim fundamentalmente orientadas para a produção de efeitos simbólicos e midiáticos (daí sua qualificação como “demonstração” ou “manifestação”).
Já as ocupações de terras realizadas pelos movimentos pela reforma agrária (como o MST) ou as de prédios e terrenos nas grandes cidades pelos movimentos por moradia (como o MTST) possuem como objetivo principal o uso do território urbano ou rural para sua finalidade social concreta: a moradia e o cultivo da terra. Embora essas ocupações acabem por também produzir grande efeito simbólico e alta visibilidade, esse não é seu ponto central. Elas realizam diretamente, sem mediação, e com base nas próprias forças dos agentes, a mudança pretendida – e, nesse sentido, são ações diretas. A ação concreta fala mais alto do que qualquer mensagem, slogan ou grito de ordem. O mesmo ocorreu com as ocupações de fábrica durante a insurreição espanhola de 1936: anarquistas tomaram e administraram as fábricas das regiões da Catalunha e Aragão num exemplo histórico de autogestão operária, só interrompida pela estatização forçada pelo então governo republicano de influência stalinista5. A ocupação com fins de apropriação ou governança coletiva é, portanto, uma ação direta.
5 Para saber mais: George Woodcock. História das ideias e movimentos anarquistas. Vol. 2 – Os movimentos. LP&M, 2002.
Um mesmo movimento pode se valer da ocupação tanto como tática de protesto quanto de ação direta. O MST, por exemplo, ao invadir o prédio do Incra, em Brasília, faz protesto; ao ocupar uma fazenda para fins de desapropriação para reforma agrária e instituir o núcleo inicial provisório de um futuro assentamento, faz ação direta. As ocupações das escolas públicas pelos secundaristas em 2015 e 2016, ainda que viessem a se consolidar como uma marcante e inventiva ação direta, foram principalmente uma forma de protesto, mesmo que de longa duração: a ocupação era um dispositivo para evidenciar e amplificar uma causa, sendo acompanhada por diversas outras táticas de grande impacto.
Tempo
No âmbito das estratégias de guerrilha urbana, como formuladas pelos teóricos guerrilheiros da década de 1960 e 70 na América Latina, as ocupações têm função estritamente provisória. A guerrilha, segundo eles, “tem um caráter extremamente móvel e não pode dedicar-se à defesa de posições fixas ou territórios limitados”6. Sua finalidade é, em geral, protestar, fazer propaganda ou desviar a atenção do inimigo. A determinação do Minimanual do Guerrilheiro Urbano, de Carlos Marighella, é bem explícita: “a ocupação é sempre temporária e, quanto mais rápida, melhor”7. De forma semelhante, Hakim Bey, em seu conceito de “zona autônoma temporária”, aponta que a ocupação institui um território sociopolítico novo e autônomo, mas apenas, e suficientemente, enquanto existe e na medida em que existe. A materialização de outras humanidades possíveis acontece no breve momento de distração dos sistemas de controle e repressão – e a possível descoberta da “zona autônoma” pelas autoridades imediatamente comanda que ela desapareça8.
6 Carlos Marighella. Teoria y acción revolucionarias. Editorial Diógenes, 1972, p. 97.
7 Idem, p. 44.
8 “A TAZ é uma espécie de rebelião que não confronta o Estado diretamente, uma operação de guerrilha que libera uma área (de terra, de tempo, de imaginação) e se dissolve para se refazer em outro lugar e outro momento, antes que o Estado possa esmagá-la. (…) Assim que a TAZ é nomeada, ela deve desaparecer, ela vai desaparacer (…) Assim sendo, a TAZ é uma tática perfeita para uma época em que o Estado é onipresente e todo-poderoso mas, ao mesmo tempo, repleto de rachaduras e fendas”. Trecho de: Hakim Bey. TAZ: Zona Autônoma Temporária. Digitalizado por: Coletivo Sabotagem e Contracultura. Copyleft.
Por outro lado, uma ocupação pode também encontrar seu poder em sua longevidade, e não temporariedade. Entre 1964 e 1969, nos Estados Unidos, indígenas de várias etnias – muitos deles estudantes e vivendo uma vida precária nas cidades – realizaram três ocupações da ilha de Alcatraz, a dois quilômetros da costa de São Francisco. A mais longa delas, a partir de novembro de 69, durou 14 meses, sendo encerrada apenas pela invasão das forças governamentais.9 Mais impressionante é o caso de Cristiânia, a “cidade livre” anarco-hippie criada em 1971 num distrito de Copenhagen, numa área de 34 hectares onde funcionava um antigo acampamento do exército. Ali vivem até hoje cerca de 1.000 pessoas em regime de autogoverno.
9 Troy Johnson.The Occupation of Alcatraz Island: Roots of American Indian Activism. Wicazo Sa Review, 1994, vol. 10, n. 2, p. 63-79.
Em todos os casos, a ocupação não é uma aposta impetuosa, improvisada e impensada. Ao contrário, ela deve ter um objetivo claro e integrar uma estratégia mais ampla de pressão política sobre o oponente. É uma tática que envolve planejamento meticuloso, grande esforço logístico e um bom cálculo de tempo e timing.
OCUPAR E RESISTIR!
Veja uma lista de cuidados importantes para o uso estratégico da tática de ocupação
ESTRATÉGIA_ Como toda tática, a ocupação não é um fim por si só. Ela deve ser um componente de uma estratégia maior para a solução de um problema político ou social. Essa estratégia precisa ter objetivos de curto, médio e longo prazos definidos e abranger outras táticas de comunicação e ação.
LOCAL_ O local a ser ocupado tem força simbólica, mas traz implicações objetivas. Ocupar um hospital, por exemplo, é diferente de ocupar uma escola, pois os serviços que ele oferece estão diretamente ligados à sobrevivência humana. Ao escolher o local, considere a posição que ele tem no sistema que gera a injustiça a ser enfrentada: pode ser o local onde opressões ocorrem diretamente, onde decisões são tomadas, ou onde o público consome produto ou serviço que deixa em sua trilha um rastro de injustiças. Equacione isso com sua capacidade efetiva de gerir o espaço quando ocupado.
LEI_ A ocupação inevitavelmente vai despertar um dilema jurídico entre a defesa da posse do Estado ou da propriedade privada, de um lado, e a garantia dos direitos constitucionais de reunião e manifestação, de outro. Considere as questões legais e esteja amparado por advogados.
MÍDIA_ A grande imprensa pode fazer uma cobertura desfavorável da ocupação e entrevistas para estes canais podem acabar se revelando emboscadas, a despeito do seu preparo prévio. Busque a mídia independente e lembre-se de que você mesmo pode fazer o papel da mídia com uso de vídeos, redes sociais, músicas, publicações e outras plataformas.
SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO_ Construa redes confiáveis para disseminação de informação. Utilize sempre ferramentas de comunicação seguras e garanta que elas sejam de uso coletivo.
TEMPO_ O tempo e o timing são essenciais para o impacto da ocupação. Pense em como a ocupação começa, quanto tempo ela deve durar e como irá terminar – se é que deve terminar. Articule com cuidado momentos de ofensiva e momentos de recuo (se for o caso).
LOGÍSTICA_ Ocupações de médio e longo prazo exigem grande esforço logístico para garantir as necessidades básicas das pessoas que estão ocupando. Aproveite para fazer da limpeza, alimentação e comunicação práticas coletivas que aumentam a articulação e coesão entre os ocupantes.
ATIVIDADES_ O que acontece dentro da ocupação? Um dos poderes das ocupações reside no fato de serem prefigurativas, isto é, em que não há diferença entre aquilo que se busca e a forma como se busca. As atividades realizadas no espaço – sejam elas de produção, formação, cuidado, mobilização ou arte – são, portanto, uma forma de evocar a realidade pela qual se luta.
APOIO_ Articular uma rede de solidariedade fora da ocupação é tão importante quanto o que acontece dentro dela. É isso que irá transformar a ocupação em um fato político de impacto. Essa rede serve, ainda, como um apoio frente a ataques e uma fonte de ajuda para necessidades imediatas de alimentação, segurança, logística e atividades.
SEGURANÇA FÍSICA_ A segurança física e emocional das pessoas ocupantes deve ser prioridade. Algumas formas de ocupação implicam grande esforço físico, político e emocional. As chances de retaliação imediata são grandes; picos de repressão e tensionamentos constantes podem colocar as pessoas em risco e gerar desgastes.
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All the King’s Men
É difícil pensar a emergência de Maio de 68 sem considerar a influência dos modos de pensar, falar e fazer elaborados pelos situacionistas na Europa desde o final da década de 50. O texto a seguir é um exemplo eloquente do estilo e das ideias do grupo.
Internacional Situacionista _ tradução: Carolina Munis
NOTA INTRODUTÓRIA

Fundada em 1957, a Internacional Situacionista surgiu da fusão de três grupos de artistas e intelectuais radicais – o Comitê Psicogeográfico de Londres, o Movimento por uma Bauhaus Imaginista e a Internacional Letrista – reunindo franceses, suíços, belgas, holandeses, ingleses, alemães e africanos do norte, que combinavam a tradição das vanguardas artísticas, um tanto da teoria marxista do valor e da mercadoria, pitadas de anarquismo teórico e tático e uma forte recusa do capitalismo e da sociedade de consumo. Como antiartistas e revolucionários ao mesmo tempo, os situacionistas produziram um corpus de ideias políticas provocativo, disruptivo e inovador num tempo de cristalização de uma teoria da luta que servia mais à manutenção das burocracias partidárias e sindicais do que à irrupção ou produção de novos “acontecimentos” revolucionários. O conceito de situação – na origem da autodenominação situacionista – se opõe diretamente ao de espetáculo, que pressupõe um espectador passivo. “A situação é feita para ser vivida pelos seus construtores”, é resultado da ação de pessoas vivas, afirmam num de seus textos fundadores.
A revista Internationale Situationniste teve 12 edições entre 1958 e 1969 e foi o principal veículo da produção teórica do grupo. Em 1967, foram publicadas as duas obras situacionistas mais influentes: A sociedade do espetáculo, de Guy Debord, e A arte de viver para as novas gerações, de Raoul Vaneigem. Outro texto situacionista está diretamente vinculado à eclosão de Maio. A miséria no meio estudantil (redigido pelo situacionista tunisiano Mustapha Khayati e revisado por Debord) foi distribuído aos milhares entre os estudantes franceses a partir de 1966 (o próprio Daniel Cohn-Bendit ajudou na distribuição) e tornou-se uma espécie de panfleto seminal do levante.
O texto All the King’s Men foi publicado no número 8 da revista Internationale Situacionniste, em janeiro de 1963. Talvez tenha sido escrito por Vaneigem, já que várias das ideias contidas no artigo aparecem mais tarde em A arte de viver para as novas gerações. O título em inglês, um misterioso “Todos os Homens do Rei”, foi mantido conforme a publicação da revista no original em francês.
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NT: Tradução adaptada por Carolina Munis com base na tradução retirada da obra Antologia Situacionista, organizada por Júlio Henriques e publicada por Edições Antígona em Lisboa, bem como nas versões espanhola, inglesa e no texto original em francês, publicado na revista Internationale Situationniste, n. 8, em 1963. O título, que o próprio texto original traz em inglês, significa “Todos os homens do rei”. À primeira vista misterioso, faz referência à rima infantil Humpty Dumpty, bastante popular em países anglófonos: Humpty Dumpty sat on a wall / Humpty Dumpty had a great fall / All the king’s horses and all the king’s men / Couldn’t put Humpty together again. O mistério se abranda quando o texto recorre à sabedoria de Humpty Dumpty, que, transformado em personagem por Lewis Carroll, conversa com Alice sobre a liberdade para se definir o significado das palavras.
ALL THE KING’S MEN
O problema da linguagem está no centro de todas as lutas em prol da abolição ou da conservação da alienação presente; é inseparável de todo o terreno destas lutas. Vivemos na linguagem como no ar poluído. Ao contrário do que julgam as pessoas espirituosas, as palavras não brincam. Não fazem amor, como acreditava Breton, a não ser em sonhos. As palavras trabalham, por conta da organização dominante da existência. E todavia não estão completamente automatizadas; para a infelicidade dos teóricos da informação, as palavras não são em si mesmas “informacionistas”1; há nelas forças que se manifestam, forças estas que podem frustrar os cálculos. As palavras coexistem com o poder numa relação análoga àquelas que os proletários (tanto no sentido clássico como no sentido moderno do termo) têm com o poder. Empregadas por ele quase o tempo todo, exploradas por todo o sentido – ou falta dele – que pode ser delas extraído, as palavras continuam a lhe ser, de certa maneira, radicalmente alheias.
1 NE: A Teoria da Informação (ou Teoria Matemática da Informação), formulada pelos norte-americanos Shannon e Weaver no final da década de 40, esteve bastante em voga nas décadas seguintes como base dos estudos da comunicação. Segundo essa teoria, a unidade básica de informação é o bit; a “mensagem” circula por um “canal” entre “emissor” e “receptor”, convertida em “sinal”, e pode ser perturbada por um “ruído”. O modelo informacionista é também chamado de funcionalista.
O poder apenas fornece o falso cartão de identidade das palavras, impõe-lhes uma licença de passagem, determina o seu lugar na produção (onde algumas visivelmente fazem horas extras); entrega-lhes, por assim dizer, um contracheque. Devemos reconhecer a seriedade do Humpty Dumpty de Lewis Carroll ao considerar que toda a questão, ao se decidir sobre o emprego das palavras, reside em “saber quem será o dono” delas; em mais nada. E ele, um patrão socialmente responsável neste quesito, afirma que paga hora extra àquelas que emprega muito. Devemos pois entender assim o fenômeno da insubmissão das palavras, a sua fuga, a sua resistência aberta, que se manifesta em toda a escrita moderna (de Baudelaire aos dadaístas e a Joyce) como sintoma da crise revolucionária global que se registra na sociedade.
Sob o domínio do poder, a linguagem designa sempre algo que não o autenticamente vivido. É precisamente nisso que reside a possibilidade de uma contestação completa. A confusão tornou-se de tal ordem, na organização da linguagem, que a comunicação imposta pelo poder se desvenda como uma impostura e um embuste. Em vão um embrião de poder cibernético tentará colocar a linguagem sob a dependência das máquinas que ela mesma controla, de maneira que a informação se torne a única comunicação possível. Mesmo neste terreno manifestam-se resistências, e podemos considerar a música eletrônica como uma tentativa, obviamente ambígua e limitada, de combater a relação de dominação, desviando as máquinas em proveito da linguagem. Mas a oposição é muito mais geral, muito mais radical. Denuncia toda a “comunicação” unilateral, tanto na velha arte como no informacionismo moderno. Convoca a uma comunicação que arruíne todo e qualquer poder separado. Onde de fato houver comunicação, deixará de haver Estado.
O poder vive de receptação. Não cria nada, só captura. Se ele criasse o sentido das palavras, não haveria poesia, haveria apenas “informação” pragmática. Ninguém poderia jamais expressar oposição na linguagem e toda a recusa seria exterior a esta, seria puramente letrista. Ora, o que é a poesia senão o momento revolucionário da linguagem, e, como tal, inseparável dos momentos revolucionários da História, bem como da história da vida pessoal?
O cerco do poder sobre a linguagem é semelhante ao cerco que exerce sobre a totalidade. Só a linguagem que tenha perdido qualquer referência imediata à totalidade pode fundamentar a informação. A informação é a poesia do poder (a contra poesia da manutenção da ordem); é a falsificação mediatizada do que existe. Inversamente, a poesia deve ser compreendida como comunicação imediata no real e modificação real deste real. Ela não é outra senão a linguagem liberta, a linguagem que reconquista a sua riqueza e, desfazendo os seus signos, ao mesmo tempo reconquista as palavras, a música, os gritos, os gestos, a pintura, a matemática, os fatos. A poesia depende, portanto, do maior grau de riqueza em que, em um determinado estágio da formação econômico-social, a vida pode ser vivida e transformada. Torna-se assim inútil precisar que esta relação da poesia com a sua base material na sociedade não constitui uma subordinação unilateral, mas sim uma interação.
Reencontrar a poesia pode confundir-se intimamente com reinventar a revolução, como o provam tão claramente certas fases das revoluções mexicana, cubana ou congolesa. Entre os períodos revolucionários durante os quais as massas acessam a poesia através da ação, podemos pensar que os círculos da aventura poética continuam a ser os únicos lugares onde subsiste a totalidade da revolução, como virtualidade irrealizada mas próxima, sombra de uma personagem ausente. De modo que aquilo a que chamamos aventura poética é difícil, perigoso e, seja como for, nunca garantido (na realidade, trata-se da soma dos comportamentos quase impossíveis numa dada época). Só podemos ter certeza de que já não é a aventura poética de uma época a sua falsa poesia reconhecida e autorizada. Assim, apesar do surrealismo, no tempo de seu assalto contra a ordem opressora da cultura e do cotidiano, ter podido justamente definir o seu armamento como uma “poesia sem poemas, se necessário”, trata-se agora para a IS [Internacional Situacionista] de uma poesia necessariamente sem poemas. E tudo o que dizemos da poesia em nada diz respeito aos atrasados reacionários de uma neoversificação, ainda que alinhados com os menos velhos dos modernismos formais. O programa da poesia realizada consiste em nada menos que criar ao mesmo tempo os acontecimentos e a sua linguagem, de maneira inseparável.
Todas as linguagens fechadas – as dos grupos informais da juventude; as que as vanguardas atuais, no momento em que se buscam e definem, elaboram para sua utilização interna; as que, outrora, transmitidas em objetiva produção poética para o exterior, puderam chamar-se trobar clus ou dolce stil nuovo – têm como fim e resultado efetivo a transparência imediata de uma certa comunicação, do reconhecimento recíproco, do acordo. Mas tais tentativas são expressão de agrupamentos restritos, de um modo ou de outro isolados. Os acontecimentos que estes puderam preparar, as festas que entre si puderam organizar, tiveram sempre de permanecer nos mais estreitos limites. Um dos problemas revolucionários consiste em articular estas espécies de sovietes, de conselhos de comunicação, a fim de inaugurar por toda a parte uma comunicação direta, que já não precise recorrer à rede de comunicação do adversário (ou seja, à linguagem do poder) e possa assim transformar o mundo segundo seu desejo.

Não se trata de pôr a poesia a serviço da revolução, trata-se de pôr a revolução a serviço da poesia. Só assim a revolução não trai o seu projeto. Não iremos reeditar o erro dos surrealistas, que se puseram a seu serviço quando justamente já não havia revolução alguma. Ligado à lembrança de uma revolução parcial rapidamente abatida, o surrealismo tornou-se também rapidamente um reformismo do espetáculo, a crítica de uma certa forma do espetáculo reinante empreendida no interior da organização dominante deste mesmo espetáculo. Os surrealistas parecem ter negligenciado o fato de que o poder impõe sua própria leitura a qualquer melhoramento ou modernização interna do espetáculo, uma decodificação cujo código ele mesmo detém.
Toda revolução nasceu na poesia, começou a ser desencadeada pela força da poesia. Este fenômeno escapou e continua a escapar aos teóricos da revolução – é certo que ninguém pode compreendê-lo se continuar a agarrar-se à velha concepção da revolução ou da poesia –, mas foi em geral sentido pelos contrarrevolucionários. Porque a poesia, onde quer que exista, mete-lhes medo; teimam em livrar-se dela com vários exorcismos, do auto-de-fé à investigação estilística pura. O momento da poesia real, que “tem o tempo todo à sua frente”, pretende sempre reorientar, segundo os seus próprios fins, o conjunto do mundo e o futuro todo. Enquanto durar, as suas reivindicações não poderão ser comprometidas. Põe em jogo as dívidas da História que não foram pagas. Fourier e Pancho Villa, Lautréamont e os dinamiteiros das Astúrias – cujos sucessores inventam agora novas formas de greve –, os marinheiros do Cronstadt ou de Kiel, e todos que, por esse mundo afora, conosco e sem nós, preparam-se para lutar em prol da longa revolução, são também os emissários da nova poesia.
A poesia é cada vez mais claramente, enquanto lugar vazio, a antimatéria da sociedade de consumo, porque não é uma matéria consumível (segundo os critérios modernos do objeto consumível: aquele que tem o mesmo valor para uma massa passiva de consumidores isolados). A poesia não é nada ao ser citada, só pode ser desviada, posta de novo em jogo. O conhecimento da velha poesia não passa de um exercício universitário, decorrente das funções globais do pensamento universitário. E a história da poesia é apenas uma fuga diante da poesia da História, se por este termo entendermos não a história espetacular dos dirigentes, mas sim a da vida cotidiana e do seu alargamento possível; a história de cada vida individual, da sua realização.
Não devemos permitir nenhum equívoco sobre o papel dos “conservadores” da poesia antiga, dos que aumentam a sua difusão à medida que o Estado, por razões muitíssimo diferentes, faz desaparecer o analfabetismo. Estas pessoas representam nada mais que um caso particular dos conservadores de toda a arte dos museus. Uma grande quantidade de poesia é normalmente conservada no mundo. Mas em lado nenhum se veem os lugares, os momentos e as pessoas para a reviverem, comunicarem, utilizarem. Isto só pode ser realizado através do desvio, porque a compreensão da antiga poesia mudou tanto ao perder como ao adquirir conhecimentos; e porque a antiga poesia, a cada momento em que é de fato reencontrada, é posta perante acontecimentos particulares, o que lhe confere um sentido amplamente novo. Mas, sobretudo, uma situação em que a poesia é possível não poderia restaurar nenhum fracasso poético do passado (sendo este fracasso aquilo que resta, invertido, na história da poesia como êxito e monumento poético). Ela tende naturalmente à comunicação, e às chances de soberania, de sua própria poesia.
Estritamente contemporâneos da arqueologia poética que restitui seleções de poesia antiga recitadas em disco por especialistas, para o público do novo analfabetismo constituído pelo espetáculo moderno, os informacionistas assumiram a empreitada de combater todas as “redundâncias” da liberdade para simplesmente transmitirem ordens. Os pensadores da automatização visam de modo explícito um pensamento teórico automático, por fixação e eliminação das variáveis que ocorrem na vida e na linguagem. Mas não param de aparecer moscas em sua sopa!2 As máquinas de tradução, por exemplo, que começam a assegurar a uniformização planetária da informação e ao mesmo tempo a revisão informacionista da antiga cultura, são vítimas de seus programas preestabelecidos, aos quais necessariamente escapa toda e qualquer nova acepção de uma palavra, bem como as suas ambivalências dialéticas passadas. Assim, a vida da linguagem – associada a cada novo avanço da compreensão teórica: “As ideias melhoram. E disso faz parte o sentido das palavras.” – se vê expulsa do espaço mecânico da informação oficial, mas, ao mesmo tempo, o pensamento livre pode se organizar com vista a uma clandestinidade incontrolável pelas técnicas da polícia informacionista. A busca de sinais indiscutíveis e de classificação binária instantânea marcha claramente no sentido do poder existente, e há de ser alvo da mesma crítica. Até nas suas formulações delirantes os pensadores informacionistas se comportam como desajeitados precursores patenteados do futuro que escolheram, sendo justamente isto o que modela as forças dominantes da sociedade atual: o reforço do Estado cibernético. São eles os servos de todos os suseranos do feudalismo tecnológico que agora se consolida. Nas suas piadas não há inocência: eles são os bobos do rei.
2 NT: O trecho original é “Ils n’ont pas fini de trouver des os dans leur fromage!”, que alude a um problema, uma dificuldade insistente. Uma tradução literal em português seria “Mas eles não param de encontrar ossos em seu queijo!”.
A alternativa entre o informacionismo e a poesia já não diz respeito à poesia do passado; da mesma forma, nenhuma variante daquilo em que se tornou o movimento revolucionário clássico pode agora, em lugar algum, ser considerada uma alternativa real à organização dominante da vida. É da mesma avaliação que extraímos a denúncia de um desaparecimento total da poesia nas antigas formas em que pôde ser produzida e consumida, e o anúncio do seu retorno em formas inesperadas e operantes. A nossa época já não tem de escrever instruções poéticas, tem de as executar. _
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Maio de 1968: 50 anos depois
Marco simbólico do ativismo contemporâneo, o fenômeno perturbador de Maio permanece inquietante e disruptivo até hoje
Cássio Martinho

O conceito de Acontecimento tem sido invocado pelas ciências humanas para designar fenômenos coletivos decisivos e imprevisíveis, capazes de alterar profundamente estruturas de poder, dispositivos institucionais, regimes simbólicos, relações sociais e a experiência concreta de vida das pessoas numa dada sociedade – na forma de um abalo, um turbilhão, uma tempestade que anula (ainda que seja temporariamente) a ordem vigente e a supera por meio da instauração de outras dinâmicas de vida e contrapoder.
Maio de 1968 francês é um desses casos singulares, cujos efeitos, 50 anos depois, ainda se fazem sentir; um “acontecimento-esfinge” (na expressão de Edgar Morin), que até hoje se busca decifrar. Enquanto fenômeno emergente, tem similaridades com o 2013 brasileiro: irrompe de forma súbita, embaralha as regras do jogo, tira os atores do lugar, desabilita os instrumentos analíticos tradicionais (torna-se “opaco”), desorganiza os sistemas explicativos. “O acontecimento é em primeiro lugar aquilo que a princípio não compreendo”1 diz Jacques Derrida, a propósito do 11 de Setembro, outro “acontecimento”. A essa crise da explicação, segue-se uma enxurrada de interpretações e versões dos fatos, de narrativas e mitologias que tentam dar inteligibilidade ao fenômeno na mesma medida do abalo produzido.
1 Giovanna Borradori. Filosofia em Tempo de Terror: Diálogos com Jürgen Habermas e Jacques Derrida. Campo das Letras, 2004, p. 148-149.
Maio de 1968 vem sendo então, década após década, insistentemente esmiuçado, analisado, interpretado à direita ou à esquerda, por filósofos liberais ou de viés anarquista. “O significado de Maio”, afirma o historiador François Dosse, “continua sendo elaborado e ao mesmo tempo, em cada comemoração, o significado tenta se fixar nas memórias. (…) O quadragésimo aniversário comprovou que não havia fixação definitiva e que a questão continua viva e presente. São necessários quarenta anos para ter tempo para refletir?”.2 Estamos agora, 50 anos depois, tentando, de novo e de novo, compreender sua singularidade que resiste à captura.
2 François Dosse. Renascimento do acontecimento: um desafio para o historiador: entre Esfinge e Fênix. Unesp, 2013, p. 286.
Para os teóricos do Acontecimento, ele é uma espécie de evento que não cessa. Ao produzir uma ruptura na história, de alguma forma o Acontecimento (quase) tudo reinaugura e, desse modo, é impossível circunscrever-lhe os efeitos ao tempo em que sucedeu. Numa conversa de Jean-Paul Sartre com um dos líderes estudantis, Daniel Cohn-Bendit, publicada no calor da ocupação de Paris, Sartre aponta com admiração o que lhe parece ser uma das maiores contribuições da “imaginação” do levante de Maio: “Existe algo que surgiu de vocês que assombra, que transtorna, que renega tudo o que fez de nossa sociedade o que ela é. Trata-se do que eu chamaria de expansão do campo do possível. Não renunciem a isso.”3 Eis aqui, para o ativismo contemporâneo, a atualidade permanente de 1968.
3 Jean-Paul Sartre e Daniel Cohn-Bendit. A ampliação do campo do possível. Publicado em: Sergio Cohn e Heyk Pimenta (orgs.). Maio de 68. Azougue, 2008, p. 25.
Emergência
A sucessão de eventos de Maio em Paris é semelhante às reações em cadeia e enxameamento presentes também nos episódios da Primavera Árabe (2011) e das Jornadas de Junho no Brasil em 2013: deflagração a partir de pequenas ações de resistência e luta política, seguidas de repressão policial e um súbito incremento da mobilização alcançando uma escala ampla sem precedentes. Primeiro, a revolta estudantil contra o fechamento da universidade; depois, uma série de confrontos entre estudantes e o aparato policial (as emblemáticas cenas de barricadas e carros incendiados); por fim, a adesão em massa dos operários que ocupam fábricas e realizam a maior greve geral da história da França (10 milhões cruzaram os braços). O país estava virtualmente paralisado (ocupado) e o governo De Gaulle, acuado e perplexo. Na última semana de maio, no entanto, o levante, abalado, pelo apoio dado ao governo por parcela significativa da população francesa, de um lado, e por uma série de acordos do governo com as centrais sindicais e o Partido Comunista, de outro, perde força e chega ao fim. No final de junho, depois de convocadas eleições gerais, De Gaulle vence novamente.
A cronologia do levante e o desenvolvimento do processo, da eclosão à decadência, é menos importante do que o impacto e a natureza dos agenciamentos históricos produzidos em e por Maio de 1968. Para a genealogia do ativismo contemporâneo, 1968 surge como um marco, senão inaugural (uma vez que as linhas de força das ideias, princípios e táticas contemporâneas remontam até mesmo ao século XIX e incorporam contribuições de outras fontes inclusive antitéticas a um certo estilo europeu de luta), certamente como um divisor de águas: todo um conjunto de noções, problemas e desafios políticos e táticos se apresenta ali de forma significativa e inovadora.
É isso também o que explica a mitologia de Maio: o levante adensa, produz e faz transbordar a teoria que se atualiza por meio do Acontecimento. No pano de fundo de Maio, ressoa uma teoria da ação política. A ocupação das universidades e das fábricas, as barricadas de rua, a “tomada da palavra” e a expressão dos cartazes e inscrições nos muros da cidade, as experimentações da convivência e da organização dos vários grupelhos4 e comitês, tudo isso, em paralelo, concebeu e teceu um pensamento sobre a ação e a organização, o confronto e a mobilização, a comunicação e a produção simbólica, a mudança histórica e a revolução. Se somarmos a isso, as inovações estéticas, simbólicas e táticas dos movimentos contraculturais que agitaram os Estados Unidos entre 1966 e 1969, teremos então, a conformação de um novo paradigma estético-político de luta que está presente no ativismo do Ocidente ainda no século 21. (As lutas de 1968 no Brasil, onde os estudantes emergem como agentes políticos decisivos da resistência à ditadura militar, não se enquadram tipicamente nesse caldo de cultura.)
4 A ideia de “grupelho” faz alusão ao termo ressignificado por Felix Guattari no texto Somos todos grupelhos, publicado em Revolução molecular: pulsações políticas do desejo. Brasiliense, 1981.

Teoria da ação contemporânea
O conjunto de problemas postos no Acontecimento de Maio e seu entorno temporal mais imediato (um pouco antes, um pouco depois, no âmbito do espírito da contracultura da década de 60) persiste 50 anos depois com um renovado incômodo – seja pelo acirramento das contradições no âmbito da prática ativista, seja pela expansão e ampliação dos dispositivos de controle e espoliação do Estado e do Capital.

A crítica da mercadoria e da “sociedade do espetáculo” – ideias que os situacionistas e, particularmente Guy Debord, formularam de forma pioneira pouco antes da eclosão do levante francês – de certa forma prefiguram a superação do desenvolvimentismo e do industrialismo (tão caro aos dogmas da revolução proletária de então) que viriam conformar o ambientalismo nascente nos anos seguintes e, mais recentemente, o anticonsumismo, o movimento adbuster e as proposições de “suficiência intensiva” a partir dos anos 2000. Há, nos discursos de Maio, também uma aposta no caráter emancipador das tecnologias (de comunicação e de produção), que poderiam, enfim, libertar a humanidade do fardo da alienação. Este é um desafio inescapável para o ativismo que é contemporâneo das redes, dos capitais voláteis, dos algoritmos opacos, dos robôs fabris, dos bots e drones. Tanto a recusa da mercantilização do mundo quanto a crítica ao trabalho (alienado) puderam ser tematizados em 1968; a revolução digital e os problemas qualitativos que suscita estavam longe de seu alcance – e é uma realidade para a qual só os ativistas deste século podem dar resposta.
Maio de 1968 pôs em crise o próprio modelo de revolução até então hegemônico (capitaneada por uma vanguarda entrincheirada sob a redoma de um partido burocrático de viés hierarquizante e autoritário) e as condições de sua construção; o levante francês aliás revelou as próprias organizações tradicionais dos trabalhadores – os sindicatos – como agentes de suporte do poder estabelecido, seja por cooptação explícita, seja por degeneração de sua natureza representativa (em Maio tivemos greves selvagens, autogeridas, à revelia das direções sindicais). Maio de 1968 foi declaradamente antistalinista. O levante enfatizou a juventude como agente político da transformação por excelência, algo que as cartilhas de então sequer poderiam imaginar.
O caráter libertário da organização coletiva do levante atualizou as práticas dos sovietes e conselhos de base da primeira fase da revolução russa e os procedimentos da democracia direta e da autogestão (algo que pôde ser visto em alguns pontos do Brasil durante as Jornadas de Junho de 2013). Assembleias gigantes, lideranças móveis, dezenas de comissões, horizontalidade, um forte caráter espontaneísta e emergente das ações desenhavam em Paris o antimodelo de um novo tipo de projeto revolucionário. O que, mais tarde, na década de 1990, Hakim Bey viria a elaborar como Zona Autônoma Temporária (TAZ) – uma forma de luta efetiva pelo desaparecimento tático e pela “invisibilidade” –, a própria natureza fluida do Acontecimento de Maio prefigurava.

Também ali se experienciou o diverso terreno da vida onde “tudo é política” e o exercício comunitário do território da revolução: as ocupações das salas de aula e das fábricas, a apropriação dos lugares e das ruas (e uma correspondente formulação teórica do urbanismo e da errância), a disposição do corpo na espacialidade concreta da cidade – um traço significativo e característico de outros marcos do ativismo recente, como as ocupações das escolas por secundaristas em 2016 no Brasil e os acampamentos-TAZ nas praças Tahir, no Cairo, e no Zucotti Park durante o Occupy Wall Street, em Nova York, ambos em 2011.
A exemplo da contracultura hippie e yippie norte-americana que deflagrou nos anos 60 novas frentes de luta micropolítica (que vêm desembocar em grandes avalanches no século 21), Maio de 1968 contribuiu para (re)estabelecer ou reforçar a perspectiva de construção de outras formas de vida cotidiana (família, amor, sociabilidade etc), indissociável ela mesma da experiência coletiva da revolução (ou do levante). Os relatos das testemunhas e participantes da tomada de Paris naquele ano trazem sempre a menção aos “dias de felicidade” ou à alegria coletiva que a suspensão da ordem provocou. Essa inseparabilidade da ação coletiva revolucionária em relação aos afetos da vida, a própria imbricação proposta (e realizada) entre vida e política e – conforme sugeriam os situacionistas a partir do dadaísmo – entre arte e vida são os signos da grande singularidade, vamos dizer, experiencial do projeto instaurado pelo Acontecimento de Maio.
Mesmo hoje é difícil imaginar um projeto de transformação política que seja formulado em bases esteticamente sólidas e que se articule, pelo menos em parte, por meio de estratégias de caráter poético. A tradição que opõe a poeticidade à “dureza” da luta é um tropo corrente (a poesia, para alguns, é um instrumento risível). Durante o levante parisiense, em função do pensamento situacionista e de sua abordagem experimental da linguagem, não só a produção simbólica dos cartazes e slogans nos muros, mas algumas táticas de rua, de comunicação e de interlocução com as autoridades – alguns modos de fazer a luta – encontravam-se atravessados por um viés estético que tornou-se talvez a marca registrada da novidade do Acontecimento e sua grande diferença.
A práxis de 1968 postulou e realizou essa possibilidade da ação política na vida como estética, da ação estética na vida como política, da ação estética na política como a vida que se pode viver como num levante. Arte+política+outras formas de viver. Esta é uma equação que parece urgentemente contemporânea e que nos desafia fortemente – cinco anos (depois de 2013), 50 primaveras depois de Maio. _



Cenas de Paris durante os conflitos de Maio, quando uma inusitada beleza tomou as ruas e a imaginação
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Tecnociência e ressignificação: corpo ciberfeminista
Como as revoluções sociais e políticas são relacionadas à revolução digital e às vidas das mulheres? Teóricas feministas têm argumentado por uma tecnociência feminista, que considere as relações de gênero, mas também classe e raça, muito além das visões utópicas e distópicas que o imaginário tecnocientífico tem apresentado, tanto nas ficções como nos projetos futuros.
Narrira Lemos
Foi nos laboratórios da NASA, no final do anos 1960, que o termo ciborgue foi explorado como hoje o conhecemos: um híbrido de máquina e organismo. Não só isso, ciborgue era considerado pelos cientistas Clynes e Kline1 como uma solução na corrida espacial, em que se poderia ajustar o corpo para sobreviver às condições extraterrestres, ao invés de levar as necessidades biológicas, como o oxigênio, nas viagens. Nessa corrida por testes, os animais não humanos são sempre as primeiras vítimas, e é assim que nasce o primeiro ciborgue de que temos notícia: oncomouse. Produzido pelos cientistas Clynes e Kline, oncomouse era um rato de laboratório que carregava, segundo a legenda, uma bomba ciborgue “que alimentava produtos químicos num ritmo lento e controlado na corrente sanguínea [do ciborgue], usada no trabalho de câncer para dar drogas a camundongos. É impulsionado por osmose, a difusão de líquidos através de uma membrana”.
1 Manfred E. Clynes e Nathan S. Kline. Cyborgs and Space. Publicado em: Astronautics, 1960.
Essa jornada tecnocientífica é materializada e estabelecida no contexto pós-Segunda Guerra Mundial, fruto de uma aspiração pós-apocalíptica, em que cientistas se engajaram para pensar mundos e possibilidades para os piores dos cenários: as guerras químicas e nucleares, Hiroshima e Nagasaki, Guerra Fria. Corpos de animais humanos e não humanos destroçados pelas ruas, queimados, esquecidos, sem rumo, sem porto; o choro pela política que destroçou uma realidade antes “humana”, agora pós-humana. O impacto da utilização de armas nucleares ainda não está bem resolvido: cidades devastadas e abandonadas, e pessoas que não morreram nos ataques, mas que viveram as consequências posteriores, com vidas impactadas por doenças derivadas do uso de tais armas. A produção tecnocientífica desta corrida espacial fica assim, navegando entre vislumbres utópicos e distópicos: uma promessa de um mundo melhor e mais bonito, se por acidente ou ganância este mundo for destruído.
A tecnociência emerge nesse cenário como um conhecimento que não vive a suposta neutralidade da ciência ou da tecnologia. Ela é o reconhecimento da existência de contexto, das ciências sociais, da sociedade.
A tecnociência é uma semiose materializada. É como nós nos engajamos com e no mundo. O que não é a mesma coisa que dizer que o conhecimento é opcional. É dizer que há nele uma especificidade que você não pode esquecer.2
2 Fragmentos: Quanto como uma folha. Entrevista com Donna Haraway. Revista Mediações, v. 20, n .1, janeiro a junho de 2015, p. 48-68.
Mas a tecnociência não é por si só revolucionária. Algumas teóricas feministas como Judy Wajcman têm alertado há algum tempo sobre a relação entre a ciência e a tecnologia, de um lado, e a reprodução de desigualdades nos campos de gênero, classe e raça, de outro. O ciberfeminismo também degusta as fontes cibernéticas3 de Wiener nos anos 1960, mas igualmente as relações com a internet dos anos 1990 e movimento antiglobalização do mesmo período, além de carregar sua própria trajetória política.
3 Norbert Wiener. Cibernética e Sociedade: o uso humano de seres humanos. O físico Norbert Wiener conceituou cibernética como a ciência do controle e da comunicação, no animal e na máquina. Sua teoria foi base para vários desenvolvimentos teóricos nessa área.
O começo dos anos 2000 foi marcado por séries de movimentações entre grupos autônomos e anticapitalistas, numa transição para o que conhecíamos como “globalização” – hoje em desuso como termo, mas não como condição. Nesse processo, vários grupos e coletivos surgiram e passaram a explorar as novas camadas tecnológicas que insistiam em surgir e se espalhar, como a internet. Na exploração dos espaços online, uma nova palavra (não tão nova assim) passa a acompanhar as demais: o ciber – ciberespaço, ciberativismo, ciberfeminismo, etc.
O corpo do ciborgue é cheio de potência: de robocop a blade runner, ele é o retrato da imaginação masculina sobre sua própria força física e intelectual e sua luta contra as fragilidades humanas. Ele é tecnociência, sujeito resultado do contexto tecnocientífico. As ciborgues imaginadas nesse cenário também são resultado da construção teórica desses sentidos, mas estão mergulhadas no retrato histórico falocentrado: a romântica Rachel de Blade Runner, a histérica Linda, mãe do Selvagem de Aldous Huxley, entre várias outras que passeiam entre as categorias determinadas por séculos às mulheres.
As narrativas históricas que permeiam as teorias e ficções científicas parecem ser centradas na construção masculina do homem branco europeu. É, nesse sentido, a reprodução situada de “verdades” únicas, característica de uma ciência normatizadora e positivista. É na percepção das verdades parciais que alguns grupos ativistas localizam a necessidade de criar seu próprio espaço de produção de narrativas, e concebem várias localizações ciber, como os midiativistas.
No Brasil, neste período, acontecia um evento construído colaborativamente em Belo Horizonte, chamado Carnaval Revolução. Foi em 2006 que aconteceu a última edição deste evento na sua cidade de origem, que, como dizia seu samba-enredo, falava sobre copyleft, softwares e rádios livres. Foi lá que uma porção de mulheres que se relacionavam nas redes de conversas pela internet, e que formavam um coletivo de aprendizagem em software livre só para mulheres, se encontrou com o objetivo de aprendizado coletivo a respeito da tecnologia.
Muitas pessoas que participavam desses movimentos participavam também do Centro de Mídia Independente (CMI), uma rede de midiativistas que mantinha o slogan surgido em 1999: “odeia a mídia, seja a mídia”. O CMI possuía grupos de trabalho entre as pessoas voluntárias, divididos por interesse e necessidade, e um deles era o coletivo técnico, que cuidava de toda a parte técnica da rede no Brasil. Foi no Carnaval Revolução que esse grupo de mulheres na tecnologia, que se denominava Birosca, realizou uma oficina de manutenção de máquinas e instalação de GNU/Linux. Mas não era uma oficina qualquer: muito além de abrir uma CPU, desmontar e falar sobre suas peças, foi também uma conversa sobre corpos.
O CORPO COMO METÁFORA
[Essa história] é uma coisa que eu ouvia da minha mãe, de tias, ou de tias mais velhas (…) que não são tias de sangue, são mulheres que eu conhecia desde pequenininha (…) e eu sempre sentava para escutar (…) e isso foi uma coisa muito gravada na minha mente sempre… (…) [tem] uma senhorinha que eu adoro e elas estão sempre conversando (…) de como era essa questão de bater na porta para pedir receita, que não era na verdade para pedir receita. Era uma desculpa pra saber se a mulher estava bem, pra sair de casa, porque os maridos só deixavam elas saírem de casa se fosse pra fazer uma comida diferente. Era uma rede de apoio, né? [Geisa, do grupo Periféricas]
Geisa narra histórias da sua infância, permeadas pelas relações entre mulheres com ou sem laços de sangue. São tramas e redes formadas por histórias orais, que se conectam num processo de amparo mútuo. A construção da narrativa é, além de historiográfica, uma metáfora para o que se segue à produção das oficinas dentro de grupos de mulheres feministas na tecnologia.
A primeira vez que ouvi Geisa, no evento de segurança e privacidade CryptoRave, em 2017, ela contava uma história sobre como as mulheres da região em que ela visitava criaram condições para ter segurança e apoio coletivamente, no passado. Sua narrativa é cheia de sentidos e intenções: é usada para argumentar pela construção de redes autônomas feministas, feita por mulheres e para mulheres. A infraestrutura feminista pensada em forma de rede de apoio se tornou, assim, a ideia de uma outra internet, segura, com vida, com movimento, com corpo e, consequentemente, com cosmologia própria.
Como com a ciência, a própria linguagem da tecnologia, seu simbolismo, é masculina. Não é simplesmente uma questão de adquirir habilidades, porque elas estão embutidas na cultura da masculinidade, que é amplamente delimitante na cultura da tecnologia.4
4 Judy Wajcman. Technofeminism. Editora Polity, 2004, p. 15.
Grupos feministas que atuam na tecnologia têm investido na construção de um outro universo para a internet, entendendo este espaço como historicamente militarizado: centrado na geografia da exploração civilizatória, o caminho da internet ainda é o mesmo do período das navegações. Como pensar uma nova internet? Como pensar uma nova rede? Essas são perguntas que as chamadas “Coletivas” têm explorado para reimaginar a internet e o ciberespaço, construindo seu próprio cosmos – como a rede Kefir, com uma proposta de um novo ecossistema.
Além de construir sua própria cosmologia, as metodologias dos grupos técnicos feministas vivem outra metáfora. O grupo Birosca falava sobre o corpo para pensar a máquina: se temos medo de tocar nossos corpos, como teremos coragem de tocar a máquina? Abrir a máquina para observar seus chips, seus slots, é como abrir as pernas e observar nossos pêlos, lábios, vulva. Há que se ter coragem num mundo em que somos incentivadas a nos desconhecermos e a pouco explorarmos os conhecimentos a respeito dos nossos corpos e nossas máquinas.
De um lado, o corpo, do outro a máquina; de um lado a violência, do outro a rede de apoio: todos compondo, juntos, a construção de múltiplas histórias.
A escrita, o poder e a tecnologia são velhos parceiros nas narrativas de origem da civilização, típicas do Ocidente, mas a miniaturização mudou nossa percepção sobre a tecnologia. A miniaturização acaba significando poder; o pequeno não é belo: tal como ocorre com os mísseis ele é, sobretudo, perigoso.5
5 Donna Haraway. Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. Publicado em: Antropologia ciborgue: as vertigens do pós humano. 2009, p. 43.
O CORPO COMO HISTÓRIA
Além da metáfora, uma das mais poderosas tecnologias que as feministas exploram é a palavra, e a ciência que a explora no mundo ocidental: a escrita. Chimamanda Adichie, numa fala no TED, explorou a necessidade de pensarmos o perigo da história única: ela só mostra um ponto de vista e ela mesma pode ser a produção e reprodução de desigualdades.
No entanto, uma vez que os grupos insistem em repensar as tecnologias e a produção de conhecimento, também podem se apropriar das técnicas para construí-lo, e assim, mudar o curso das histórias. Nesse sentido, para Haraway, a escrita é a tecnologia mais importante das ciborgues-feministas.
A escrita é, preeminentemente, a tecnologia dos ciborgues – superfícies gravadas do final do século XX. A política do ciborgue é a luta pela linguagem, é a luta contra a comunicação perfeita, contra o código único que traduz todo significado de forma perfeita – o dogma central do falogocentrismo.6
6 Donna Haraway. Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. Publicado em: Antropologia ciborgue: as vertigens do pós humano. 2009, p. 88.
A escrita é a técnica utilizada para validar a história. Muitas vezes ouvimos sobre povos de outras culturas que a história deles é apenas oral – que muito se perde ou se transforma. Essa é uma das narrativas para desvalidar o conhecimento tradicional; mas é, também, uma das forças das narrativas das mulheres, como a contada por Geisa, e de vários povos que não se apegam àquelas tecnologias ocidentais que teimam em dizer o que é verdade e o que não é, como se a verdade fosse validada pela escrita.
Para reconfigurar nossa maneira de olhar para as palavras deterministas construídas por um poder tecnocientífico militarizado, ou para construir outras ciências comprometidas com o conhecimento situado, uma das tecnologias que podemos utilizar é proposta na metodologia das oprimidas, da Chela Sandoval: ressignificar. A ressignificação, muito além de transformar o significado de um termo, é também “apropriar-se de formas ideológicas dominantes e utilizá-las para transformar seus significados em um conceito novo, imposto e revolucionário”.7
7 Chela Sandoval, bell hooks e outras. Nuevas ciencias: Feminismo cyborg y metodología de los oprimidos. Publicado em: Otras inapropiables: feminismo desde las fronteras. Traficantes de Sueños, 2004, p. 86.
Essa tecnologia, embora hoje explorada por diversos teóricos, é de uso comum da população. Transformamos os significados quando eles já não nos servem, acompanhando a fluidez da existência da própria língua, matéria viva e em constante transformação nos corredores das escolas e nas avenidas das cidades. Mas, além disso, de forma intencional e política, os grupos feministas já perceberam há muito a necessidade de transformar nossa língua — que tem por base humana o homem, sendo assim, uma linguagem não-inclusiva.
Birosca foi um desses grupos que trouxe ressignificações e reapropriações no começo dos anos 2000, quando teve que nomear sua primeira máquina servidora virtual, nascendo assim a Baderna. A máquina virtual do coletivo tinha uma página dedicada a explicar o porquê seu nome: Marietta Baderna foi uma bailarina italiana que migrou para o Brasil e passava suas tardes dançando junto aos escravos. Era extremamente adorada pelo público. Há fontes que dizem que os que a adoravam eram chamados de baderneiros; há outras que dizem que, naquela época, baderneiro era algo bom, mas, aos poucos, essa conotação mudou.
De baderneiros bons a ruins, Baderna foi reapropriada como uma marca singular, uma homenagem a uma mulher e uma ressignificação de seu nome para gerar potência. Além de ressignificar, ressaltar esse processo de transformação dos nomes e das histórias é também uma produção de conhecimento, memória e narrativa. Da mesma maneira, outros grupos têm se apropriado de histórias de mulheres para resgatá-las, explorá-las e potencializar suas vozes; um desses grupos são as ciberfeministas Vedetas.
Vedetas é um coletivo derivado da rede MariaLab e que se define como uma servidora feminista. As ciberfeministas da Vedetas investiram em explorar narrativas de várias mulheres para inspirar as ferramentas que estão oferecendo. Seu próprio nome faz esse resgate: vedetas é o “nome das estruturas tipo casinhas que ficavam nas praias, de onde era feita a vigilância da costa. Durante a Guerra de Independência da Bahia, no início do século XIX, uma negra ex-escrava chamada Maria Felipa tomou a Ilha de Itaparica de assalto. Durante algumas semanas, sua tropa feminina esteve em vigília nessas casinhas, derrubando embarcações portuguesas. As mulheres da tropa ficaram conhecidas como vedetas, e são bem populares no imaginário popular de Itaparica, associadas ao canto de capoeira Maria Doze Homens. Maria seria a Maria Felipa, que teria derrubado 12 homens de uma vez.” As demais ferramentas também exploram narrativas de outras mulheres, como Antonieta e Eveliyn.
Olhando ainda mais longe, Judy Wajcman aprofunda a investigação das histórias das mulheres, dentro ou fora da oralidade, e seu papel na construção do que hoje chamamos de tecnologia, no mundo ocidental:
No entanto, o conceito de tecnologia é por si mesmo sujeito a mudanças históricas, e diferentes épocas e culturas tiveram nomes diferentes para o que nós agora pensamos como sendo tecnologia. Uma grande ênfase nas atividades das mulheres pode sugerir imediatamente que elas, em particular as mulheres indígenas, estão entre as primeiras tecnologistas.8
8 Judy Wajcman. Technofeminism. Editora Polity, 2004, p. 15.
O CORPO COMO VERBO
“Do que mais me arrependo são dos meus silêncios”9
9 Audre Lorde. A transformação do silêncio em linguagem e ação.
Olhar para o corpo feminista é perceber suas inúmeras potências: é a primeira tecnologia, que pode ser usada para escrever e fazer a história, para construir narrativas e metáforas, para gestar e transformar ação. Corpo é local de fala, é verbo. Audre Lorde, feminista e ativista negra e lésbica, escreveu certa vez sobre a descoberta de sua voz ao perceber seu corpo doente e suas chances de deixar de existir: “Eu ia morrer, se não agora, mais tarde, quer eu tivesse falado, quer não. Meus silêncios não haviam me protegido. Seu silêncio não a protegerá.”
Nosso corpo grita, ele é ação, ele é política. O corpo da mulher está centrado na construção de normas e regras. Ele é objeto de experimentação da ciência, como o foi nos anos 1960, na libertação sexual, quando da produção do DES, hormônio que matara vários animais não humanos em laboratórios para a produção de um contraceptivo, e que, posteriormente, descobriu-se ser o causador de câncer de ovários que causara a morte de várias mulheres.
No limite, o corpo da mulher é experimentação e política em várias esferas: de Adão e Eva à presidência da república, às leis da criminalização do aborto e tantas outras que invadem a tomada de decisão das mulheres e que investem na dicotomia centrada no homem/mulher e sexo/gênero. Paul B. Preciado, em seu Manifesto Contrassexual, convoca a desconstrução biopolítica do corpo; não há mais sexualidade delimitadora: o corpo, o sexo e a sexualidade são mutáveis. O objeto de prazer não é necessariamente natural, ele é plástico, técnico e técnica, construído em torno de prazeres possíveis, podendo ser corrompido, transformado e reconfigurado – e está em um contrato que pode ser finalizado ou renovado. A confusão de prazeres está, também, na confusão dos corpos.
O corpo deixa de ser agente passivo e passa a ser verbo: ele se mostra potente, cheio de força e decisão. Ele injeta hormônio por conta própria, ele tem voz – e sua voz não está calada. _
Se preferir, baixe o PDF da revista Tuíra #01.
#tuíra01 _ COLABORADORAS
Quem colabora nesta edição
Ariel Nobre é artista visual, comunicador e homem transvivo. É idealizador do Projeto Preciso Dizer que Te Amo, uma campanha de sensibilização contra o suicídio de homens trans. É um dos fundadores da Pajubá, Diversidade em Rede – consultoria com enfoque em diversidade. Já militou no coletivo Isoporzinho das Sapatão no Rio de Janeiro e na Revolta da Lâmpada em São Paulo.
Áurea Carolina é mestre em ciência política; ativista pelos direitos das mulheres, juventudes e populações negras e integrante do movimento Muitas pela Cidade que Queremos. É deputada federal (PSOL-MG).
Carolina Munis é graduada em Relações Internacionais e integrante da Escola de Ativismo. Foi co-fundadora do Cursinho Popular Transformação, colabora com a plataforma Lindo Levante e atua na facilitação de conversas e planejamentos em coletivos e ONGs.
Cássio Martinho é jornalista de formação. Atua como consultor de ONGs e movimentos sociais em trabalho em rede e mobilização social, dá aulas em cursos de comunicação e de gestão cultural. Integra a Escola de Ativismo.
Isidoro Salomão é filósofo e teólogo. Ativista Ambiental, é articulador do Comitê Popular do Rio Paraguai e da equipe executiva da associação sociocultural e ambiental Fé e Vida.
Jaque Conceição é fundadora e coordenadora do Coletivo Di Jeje, Pedagoga e Mestra em Educação: História, Política, Sociedade pela PUC-SP, é membro de uma comunidade tradicional dos povos de Terreiro de Nação Angola-Congo, mãe do João e do Pedro, e feminista.
Luciana Ferreira é doutoranda em educação na Unesp/Rio Claro. Integra a Escola de Ativismo desde 2016 com o Núcleo de Aprendizagens e Invenções. Curiosa com os temas água, território, agroecologia, mundos indígenas, educação popular e processos de subjetivação.
Miguel Reis é advogado e mestre em planejamento urbano. Assessor jurídico do Movimento de Defesa do Favelado/ MDF Vila Alpina. Foi secretário adjunto das subprefeituras e subprefeito de Cidade Tiradentes no município de São Paulo.
Narrira Lemos é goiana e feminista, faz doutorado na UFRJ, e é colaboradora na Escola de Ativismo e sysadmin na Cl4ndestina. Também contribui com outros projetos feministas e ativistas, como a Vedetas. Suas experiências em tecnologia e ativismo partem da percepção do corpo como agente ativo na produção de técnicas e tecnologias e, por isso, também como parte do verbo, da ação e da nossa cultura – modos de fazer, comer, nadar, procriar… Entende o “fazer ciência” como perspectivas parciais e situadas, além de um território de desejo aberto, fluído e interessado.
Rebeca Lerer é jornalista e ativista de direitos humanos. Trabalhou no Greenpeace por mais de uma década, ajudou a fundar a Matilha Cultural e desde 2009 atua na agenda de reforma da política de drogas e intersecções com segurança pública e violência policial
Salvador Schavelzon é Doutor em Antropologia pelo Museu Nacional (Rio de Janeiro) e professor na Unifesp (Osasco). O estudo de processos políticos o conduziram a um campo de reflexão onde a teoria política só se mantém em pé quando sustentada pelo fora do pensamento e política selvagem, das forças irreverentes do trabalho vivo em revelia, da recusa da ordem e da desorganização. Nascido na Argentina em 1978, mora há mais de dez anos em São Paulo, na interseção de mundos latinoamericanos e buscas autônomas.
Silvio Munari é pedagogo, atuando na encruzilhada entre educação, cultura e assistência social. Vem pesquisando a diferença e a formação de educadores em várias formas de realizar educação.
Werá Jeguaka Mirim, o MC Kunumi, nasceu em 18 de março de 2001. É casado com Kamila Mirim e pai de Werá Mirim. Filho de Olívio Jekupé e Maria Kerexu. Seus irmão são Tupã Mirim, Kerexu Mirim, e Jekupé Mirim.
Expediente
Tuíra é uma revista semestral produzida pela Escola de Ativismo.
Equipe editorial: Amarela, Carolina Munis, Cássio Martinho, Luciana Ferreira, Silvio Munari, Teresa Arruda. Arte: Gabi Juns.
As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade exclusiva das pessoas autoras.
Para colaborações, envio de textos e contato:
revistatuira@ativismo.org.br
Se preferir, baixe o PDF da Tuíra #01.
Boletim #16
* Versión en español a continuación.
Resistências ♥
Lindo Levante
No final de 2018, foi lançada a plataforma Lindo Levante, versão em português de Beautiful Rising. Lindo Levante é um livro e caixa de ferramentas online escrito por e para ativistas do Sul Global que estão na linha de frente – principalmente jovens, mulheres, indígenas e pessoas LGBTQ+. A plataforma é colaborativa e pode ser alimentada por qualquer ativista que tenha uma boa história para compartilhar.
Autodefesa.org – A segurança digital é o oposto da paranóia!
O site apresenta ferramentas para a proteção da privacidade da sua comunicação e indica documentação e guias para auto-aprendizado sobre segurança digital.
Telefonia celular comunitária revoluciona as áreas indígenas de Oaxaca [Texto em espanhol]
Através do projeto “Telecomunicação Comunitárias Indígenas”, 5.000 pessoas de 67 comunidades do México desfrutam do serviço de “telefonia celular comunitária”, com serviços e valores sustentáveis. “A realidade nas comunidades agora interconectadas graças a esses sistemas mudou, porque permite autonomia nas comunicações e gera empregos nas comunidades.”
Notícias
As top 100 piores senhas de 2018 [Texto em inglês]
A listagem das 100 piores senhas vem recheada de informações e dicas sobre senha e segurança.
Bancada do PSL vai à China importar sistema que reconhece rosto de cidadãos
A bancada do PSL no Congresso Nacional irá apresentar em fevereiro um Projeto de Lei que define a obrigação da implantação de tecnologia de reconhecimento facial em locais públicos para auxiliar as forças de segurança pública no combate ao crime e captura de suspeitos ou foragidos.
Segurança terá regra mais dura para WhatsApp
Pela proposta elaborada pelo gupo de trabalho criado pelo presidente do Supremo e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) os aplicativos terão de seguir leis locais permitindo o monitoramento de ligações e mensagens quando a Justiça determinar. A proposta ainda prevê que as empresas provedoras de serviços de internet, redes sociais e de aplicativos de comunicação deverão ter sede ou representação em território nacional e obrigatoriamente atenderão às determinações que lhes forem dirigidas. A proposta prevê ainda a criação da figura do “cidadão colaborador”, como ocorre em diversos países, com a finalidade de incentivar o auxílio nas investigações.
‘O dia em que o cara que quis me destruir foi condenado a 41 anos de prisão’
O texto traz um resumo dos anos de perseguição e ameaças sofridos pela feminista blogueira Lola Aronovich por comunidades de homens brasileiros que se autointitulam MRAs (Men’s Rights Activists), ou defensores pelos direitos dos homens. Sim eles existem e são perigosos!
Artigos e Análises
Pequeno manual de conduta e resistência ao controle do discurso e da libido
“Convide alguém, porque estar junto e compartilhar amor é uma forma de proteger os seus e de alimentar esperanças, conseguir força, redirecionar a libido”.
Investigando interações de aplicativos com o Facebook no Android [Texto em inglês]
A Privacy International tem investigado a proliferação de rastreamento de dados, corretagem e troca entre muitas empresas de tecnologia, tanto como seus principais negócios quanto serviços de valor agregado. Foi feito um relatório com dados que vários aplicativos Android transmitem para o Facebook, com consumidores que teêm ou não conta no Facebook, estando logados no Facebook ou não.
A Privacy International disponibilizou o relatório completo, incluindo análise jurídica, metodologia e respostas da empresa.
Privacidade
Prism Break
Site com diversos recomendações de softwares livres para para diferentes sistemas e dispositivos para fugir do monitoramento dos programas da Agência Nacional de Segurança (NSA). Entre as ferramentas tem chat, mapas, buscadores e navegadores. Dê uma olhada na lista e comece a substituir os softwares proprietários que não cuidam da sua privacidade.
Google+ vaza dados de 52 milhões de usuários e Google antecipa fim da rede social
Após falha de segurança do Google+ que expôs informações de mais de 500 milhões de usuário a empresa volta a comunicar um novo vazamento com informações de 52 milhões de usuários, antecipando assim o encerramento das atividades de Agosto de 2019 para Abril.
Facebook anuncia vazamento de fotos que afetou até 6,8 milhões de usuários
Mais um vazamento de dado dos usuários põe em cheque a competência da rede social em preservar a privacidade de seus usuários. Este novo vazamento expôs inclusive imagens que não chegaram a ser postadas.
Perfis de brasileiros em sites de paquera estão à venda na internet
Site oferece dados de milhões de pessoas por algumas centenas de dólares. Com apenas US$ 136, ativistas compraram um milhão de perfis com fotos e informações pessoais num site aberto, operando legalmente nos EUA. Qualquer pessoa com um cartão de crédito pode comprar pacotes com milhões de perfis por algumas centenas de dólares.
Dei US$ 300 para um caçador de recompensa, que localizou nosso celular [Texto em inglês]
A T-Mobile, Sprint e AT & T estão vendendo dados de localização de seus clientes. “Armado apenas com um número de telefone e algumas centenas de dólares, ele disse que poderia encontrar a localização atual da maioria dos telefones nos Estados Unidos.”
Facebook detecta risco de suicídio e ganha papel complexo de saúde pública
Não há tranparência do processo e avaliações compulsórias. Especialistas em saúde mental afirmam que a iniciativa pode causar danos, ao precipitar suicídios involuntariamente, ao compelir não suicidas a passar por avaliações psiquiátricas, ou ao gerar detenções ou trocas de tiros. A ascensão do Facebook como árbitro dos distúrbios mentais coloca a rede social em uma posição complicada, em um momento no qual ela está sendo investigada por autoridades regulatórias por conta de deslizes quanto à privacidade de seus usuários.
Os usuários de celulares Samsung estão perturbados ao descobrir que não podem excluir o Facebook de seus aparelhos [Texto em inglês]
Muitos usuários de telefones Android começaram a questionar o acordo da Samsung para vender telefones com uma versão permanente do Facebook. Os consumidores estão mais alertas sobre seus direitos digitais após revelações sobre as práticas de compartilhamento de informações do Facebook e o escrutínio elevado dos órgãos de coleta de dados on-line.E o Facebook não é a única empresa cujos aplicativos aparecem em smartphones por padrão, outros fabricantes de celulares e provedores de serviços, incluindo a LG Electronics, a Sony, a Verizon Communications e a AT & T, fizeram acordos semelhantes com fabricantes de aplicativos.
‘Deviam ter notado que perdi o bebê’: uma tocante crítica a anúncios do Facebook
A mãe de um bebê natimorto está cobrando que redes sociais repensem a forma como mapeiam o perfil e preferências dos usuários na distribuição de propagandas. Ela, então, escreveu para Facebook, Instagram,Twitter e Experion dizendo que: “Se eles foram espertos o suficiente para saber da gravidez, deveriam ter notado, também, que o seu bebê morreu.” E acrescentou que, mesmo após adotar as medidas de bloqueio de temas na sua conta do Facebook, continuou a receber anúncios sugerindo que considerasse adoção, o que era inadequado considerando as circunstâncias.
Arte
Jogo da Privacidade [Texto em inglês, tabuleiro e cartas em português, inglês e espanhol]
O Privacy Board Game é um jogo aberto, offline, extensível e de tabuleiro para explorar e analisar situações cotidianas na Internet e aprender a navegar com segurança usando boas práticas de segurança e privacidade online. “Estamos trabalhando com educadores, designers e profissionais de marketing para criar um jogo de tabuleiro para todos que usam a Web para aprender a navegar usando boas práticas de segurança e privacidade on-line “.
Mídias
Os mais lidos de 2018 do Blogueiras Negras – O ano para ficar para a história
Uma lista dos 20 textos mais lidos do blog que reflete também um conjunto de pensamentos, assuntos e temas que são um reflexo da conjuntura brasileira. A lista diz muito sobre o trabalho, esforço coletivo de cada uma das autoras negras, em pensar, refletir e vencer o medo da escrita. Em se colocar no mundo a partir do seu ponto de vista a tecer linhas que completam o tecido do pensamento das mulheres negras brasileiras.
Política
Lições de South Park: Notícias falsas, extremismo e a economia da atenção
Nossa última eleição colocou como pauta urgente o entendimento de como se constrói a desinformação, influência e confiança para normatizar e espalhar discursos de ódio e violência através de mídias sociais e mensageiros instantâneos. Lorena Regattieri traz dados e apresenta a teoria da economia da atenção através da leitura desse episódio de South Park. O episódio não dá respostas, mas material para pensar como esse modo de operar das empresas é baseado em algum nível nessa opacidade da mediação entre usuários e plataforma.
Sérgio Amadeu desenterra os fantasmas cibernéticos embutidos na MP 870, baixada por Bolsonaro: eles podem estar de olho em você.
Em denúncia da maior gravidade, o sociólogo Sérgio Amadeu desvenda os riscos da Medida Provisória 870, de 2019, que permite, sem controle de qualquer órgão, a monitoração eletrônica e secreta de tudo: pessoas, ONGs e movimentos sociais.
Acabou a mamata
Site de clipping com o propósito de não permitir que a história se perca nesses estranhos tempos de políticas líquidas.
Guias e Ferramentas
Fuzzify.me
A vasta quantidade de dados pessoais coletados sobre nós é cada vez mais usada para moldar nosso comportamento, nossos desejos e nossas necessidades, vide o escândalo do Cambridge Analytica e as últimas eleições.
O fuzzify.me é uma extensão de navegador para o Firefox e o Chrome criada para confundir os perfis usados pelo algoritmo do Facebook para distribuir publicidade direcionada e a obter alguma transparência sobre como tudo isso funciona.
Detox de Dados
Quem é a terceira roda em sua vida amorosa digital? Guia rápido com alguns passos para diminuir sua exposição ao procurar romance na rede.
Melhore a sua segurança online com conselhos de especialistas por Citizen Lab [Texto em inglês]
Através de um fluxograma intuitivo o usuário responde algumas perguntas e obtém recomendações de segurança on-line personalizadas.
Guia Internet Segura – Para crianças, adolescentes, maiores de 60 anos e pessoas em geral!
Na Internet você pode fazer muitas coisas legais: conversar com amigos, jogar on-line, pesquisar para a lição de casa, ler livros, ouvir músicas e assistir a vídeos e filmes. Para aproveitar somente as coisas boas que ela tem a oferecer basta seguir algumas dicas que apresentaremos nos nossos desafios e guias!
Eventos
CryptoRave [Texto em português, espanhol e inglês]
Reserve a data: a CryptoRave 2019 acontecerá dia 3 e 4 de maio, em São Paulo. Está aberto o Chamado de Propostas de Atividades da CryptoRave 2019 até 31 de março.
Leia aqui o Chamado de Propostas de Atividades da CryptoRave 2019!
Anúncio do evento da LAVITS e de seu chamado para trabalhos: VI Simpósio Internacional LAVITS
Salvador, 26-28 de junho, 2019
A Rede LAVITS (Rede Latino-Americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade), fundada em 2009, conta com membros de ao menos 14 instituições de quatro países latino-americanos (Brasil, Argentina, México e Chile) e um país europeu (Bélgica).
O tema do encontro será ASSIMETRIAS E (IN)VISIBILIDADES: VIGILÂNCIA, GÊNERO E RAÇA e acontecerá em Salvador entre os dias 26 e 28 de junho de 2019.
XV Festival Latino-Americano de Instalação de Software Livre
Diversas cidades do Brasil, 27 de abril, 2019
O FLISoL é o maior evento de disseminação de Software Livre na América Latina e destina-se a todos os tipos de público: estudantes, acadêmicos, empresários, trabalhadores, funcionários públicos, entusiastas e até mesmo pessoas que não têm muito conhecimento de informática.
Entrada gratuita.
[Versión en español]
Boletín #16
Resistencias ♥
Lindo Levante
A fines de 2018, fue lanzada la plataforma Lindo Levante, versión en portugués de Beautiful Rising. Lindo Levantees un libro y una bandeja de herramientas onlineescrito por y para activistas del Sur Global que están en la línea de frente –principalmente jóvenes, mujeres, indígenas y personas LGBTQ+. La plataforma es colaborativa y puede ser alimentada por cualquier activista que tenga una buena historia para compartir.
Autodefesa.org – ¡La seguridad digital es lo opuesto de la paranoia!
La página web presenta herramientas para la protección de la privacidad de su comunicación y recomienda documentación y guías para el autoaprendizaje sobre seguridad digital.
Telefonía celular comunitaria revoluciona las áreas indígenas de Oaxaca [Texto en español]
A través del proyecto “Telecomunicaciones Comunitarias Indígenas”, 5.000 personas de 67 comunidades de México disfrutan del servicio de “telefonía celular comunitaria”, con servicios y valores sostenibles. “La realidad en las comunidades ahora interconectadas gracias a estos sistemas cambió, porque permite una autonomía en las comunicaciones y genera empleos en las comunidades”.
Noticias
Las top 100 peores contraseñas de 2018 [Texto en inglés]
La lista de las 100 peores contraseñas viene repleta de informaciones y consejos sobre contraseñas y seguridad.
Bancada de PSL va a China a importar un sistema que reconoce el rostro de los ciudadanos
La bancada del PSL en el Congreso Nacional presentará en febrero un Proyecto de Ley que define la obligación de la implantación de tecnología de reconocimiento facial en locales públicos para ayudar a las fuerzas de seguridad pública a combatir el crimen y la captura de sospechosos o fugitivos.
Seguridad tendrá regla más dura para WhatsApp
Por la propuesta elaborada por el grupo de trabajo creado por el presidente del Supremo y del CNJ (Consejo Nacional de Justicia) las aplicaciones tendrán que seguir leyes locales que permitan el monitoreo de llamadas y mensajes cuando la Justicia lo determine. La propuesta también prevé que las empresas proveedoras de servicios de internet, redes sociales y de aplicaciones de comunicación deberán tener sede o representación en territorio nacional y obligatoriamente responderán a las determinaciones que les sean dirigidas. La propuesta prevé también la creación de la figura del “ciudadano colaborador”, como ocurre en diversos países, con la finalidad de incentivar la ayuda durante investigaciones.
‘El día en que el tipo que quiso destruirme fue condenado a 41 años de prisión’
El texto presenta un resumen de los años de persecución y amenaza sufridas por la feminista bloguera Lola Aronovich por parte de comunidades de hombres brasileños que se autotitulan MRAs (Men’s Rights Activists), o defensores de los derechos de los hombres. ¡Sí, ellos existen y con peligrosos!
Artículos y análisis
Pequeño manual de conducta y resistencia al control del discurso y de la libido
“Invite a alguien, porque estar juntos y compartir amor es una forma de proteger a los suyos y de alimentar esperanzas, conseguir fuerza, redireccionar la libido”.
¿Usted tiene un deber moral de salir Facebook? [Texto en inglés]
En este artículo el filósofo S. Matthew Liao cuestiona la responsabilidad de los usuarios de continuar utilizando esta plataforma que ha sido usada para interrumpir las elecciones, diseminar propaganda y promover el odio.
Investigando interacciones de aplicaciones con Facebook en Android [Texto en inglés]
Privacy International ha investigado la proliferación de datos, corretaje e intercambio entre muchas empresas de tecnología, tanto como sus principales negocios como servicios de valor agregado. Se hizo un informe con datos que varias aplicaciones Android transmiten para Facebook, con consumidores que tienen o no cuenta en Facebook, estando conectados a Facebook o no.
Privacy International ha puesto a disposición el informe completo, incluyendo análisis jurídico, metodología y respuestas de la empresa.
Privacidad
Prism Break [Texto en español]
Página web con diversas recomendaciones de softwares libres para diferentes sistemas y dispositivos para huir del monitoreo de los programas de la Agencia Nacional de Seguridad (NSA). Entre las herramientas hay chat, mapas, buscadores y navegadores. Échele una mirada a la lista y comience a substituir los softwarespropietarios que no cuidan su privacidad.
Google+ filtra datos de 52 millones de usuarios y Google anticipa el fin de la red rede social
Después de la falla de seguridad de Google+ que expuso informaciones de más de 500 millones de usuarios la empresa vuelve a comunicar una nueva pérdida de informaciones de 52 millones de usuarios, anticipando así el fin de actividades de agosto de 2019 para abril.
Facebook anuncia fuga de datos de fotos que afectó a 6,8 millones de usuarios
Una fuga de datos más de los usuarios pone en riesgo la competencia de la red social con relación a la preservación de la privacidad de sus usuarios. Esta nueva fuga de datos expuso inclusive imágenes que no llegaron a ser publicadas,
Perfiles de brasileños en páginas web de encuentros están a la venta en internet
Página web ofrece datos de millones de personas por algunos cientos de dólares. Con apenas US$ 136, activistas compraron un millón de perfiles con fotos e informaciones personales en una página web abierta, operando legalmente en los Estados Unidos. Cualquier persona con una tarjeta de crédito puede comprar paquetes con millones de perfiles por algunos cientos de dólares.
Di US$ 300 a un cazador de recompensas, que localizó nuestro celular [Texto en inglés]
T-Mobile, Sprint y AT & T están vendiendo datos de localización de sus clientes. “Con apenas un número de teléfono y algunos cientos de dólares, él dijo que podría encontrar la localización actual de la mayoría de teléfonos en los Estados Unidos.”
Facebook detecta riesgo de suicidio y gana papel complejo de salud pública
No hay transparencia del proceso y evaluaciones compulsorias. Especialistas en salud mental afirman que la iniciativa puede causar daños, al precipitar suicidios involuntariamente, al obligar a no suicidas a pasar por evaluaciones psiquiátricas, o al generar detenciones o intercambio de tiros. La ascensión de Facebook como árbitro de disturbios mentales pone a la red social en una posición complicada, en un momento en el cual está siendo investigada por autoridades regulatorias por deslices cometidos con relación a la privacidad de sus usuarios.
Los usuarios de celulares Samsung están perturbados después de descubrir que no pueden excluir el Facebook de sus aparatos [Texto en inglés]
Muchos usuarios de teléfonos Android comenzaron a cuestionar el acuerdo de Samsung para vender teléfonos con una versión permanente de Facebook. Los consumidores están más alertas sobre sus derechos digitales después de las revelaciones sobre las prácticas de intercambio de informaciones de Facebook y el escrutinio elevado de los órganos de recolección de datos online. Y Facebook no es la única empresa cuyas aplicaciones aparecen ensmartphonespor interfaz estándar, otros fabricantes de celulares y proveedores de servicios, incluyendo LG Electronics, Sony, Verizon Communications y AT & T, hicieron acuerdos semejantes con fabricantes de aplicaciones.
“Deberían haber notado que perdí el bebé”: una conmovedora crítica a los anuncios de Facebook”
La madre de un bebé que tuvo muerte fetal está exigiendo que las redes sociales repiensen la forma de mapear el perfil y preferencias de los usuarios en la distribución de propagandas. Ella, entonces, le escribió a Facebook, Instagram, Twitter y Experion diciendo que: “Si ellos fueran lo suficientemente expertos para saber de su embarazo, deberían haber notado, también, que su bebé murió.” Y añadió que, aún después de adoptar las medidas de bloqueo de temas de su cuenta de Facebook, continuó recibiendo anuncios sugiriendo que considerase la adopción, que era algo inadecuado considerando las circunstancias.
Arte
Juego de la Privacidad [Texto en inglés, tablero y cartas en portugués, inglés y español]
Privacy Board Game es un juego abierto, offline, extensible y de tablero para explorar y analizar situaciones cotidianas en Internet y aprender a navegar con seguridad usando buenas prácticas de seguridad y privacidad online. “Estamos trabajando con educadores, designersy profesionales de marketingpara crear un juego de tablero para todos los que usan la Web para aprender a navegar usando buenas prácticas de seguridad y privacidad online“.
Medios
Los más leídos de 2018 de Blogueiras Negras – El año que quedará en la historia
Una lista de los 20 textos más leídos del blog que refleja también un conjunto de pensamientos, asuntos y temas que son una reflexión del contexto brasileño. La lista dice mucho sobre el trabajo, esfuerzo colectivo de cada una de las autoras negras, en pensar, reflexionar y vencer el miedo de la escritura. En ponerse en el mundo a partir de su punto de vista a tejer líneas que completan el tejido del pensamiento de las mujeres negras brasileñas.
Política
Lecciones de South Park: Noticias falsas, extremismo y la economía de la atención
Nuestra última elección puso como pauta urgente el entendimiento de cómo se construye la desinformación, influencia y confianza para normalizar y difundir discursos de odio y violencia a través de medios sociales y mensajeros instantáneos. Lorena Regattieri nos trae datos y presenta la teoría de la economía de la atención a través de la lectura de este episodio de South Park. El episodio no da respuestas, pero sí material para pensar como este modo de operar de las empresas está basado en algún nivel en esta opacidad de la mediación entre usuarios y plataforma.
Sérgio Amadeu desentierra los fantasmas cibernéticos embutidos en MP 870, bajada por Bolsonaro: ellos pueden estar de ojo en usted
En denuncia de la mayor gravedad, el sociólogo Sérgio Amadeu desvenda los riesgos de la Medida Provisional 870, de 2019, que permite, sin el control de cualquier órgano, el monitoreo electrónico y secreto de todo: personas, ONGs y movimientos sociales.
Se acabó la mamadera
Página web de clippingcon el propósito de no permitir que la historia se pierda en estos extraños tiempos de políticas líquidas.
Guías y herramientas
Fuzzify.me
La vasta cantidad de datos personales recolectados sobre nosotros es cada vez más usada para moldear nuestro comportamiento, nuestros deseos y nuestras necesidades, vea el escándalo de Cambridge Analytica y las últimas elecciones.
fuzzify.me es una extensión de navegador para Firefox y Chrome creada para confundir los perfiles usados por el algoritmo de Facebook para distribuir publicidad dirigida y para obtener alguna transparencia sobre como todo esto funciona.
Detox de datos [Texto en español]
¿Quién es la tercera rueda en su vida amorosa digital? Guía rápida con algunos pasos para disminuir su exposición al buscar un romance en la red.
Mejore su seguridad online con consejos de especialistaspor Citizen Lab [Texto en inglés]
A través de un diagrama intuitivo el usuario responde algunas preguntas y obtiene recomendaciones de seguridad onlinepersonalizadas.
Guía Internet Segura – ¡Para niños, adolescentes, mayores de 60 años y personas en general!
En internet usted puede hacer muchas cosas interesantes: conversar con amigos, jugar online, investigar el tema de las tareas de casa, leer libros, escuchar música y mirar videos y películas. ¡Para aprovechar solo las cosas buenas que esta ofrece basta seguir algunos consejos que presentaremos en nuestros desafíos y guías.
Eventos
CryptoRave [Texto en portugués, español e inglés]
Reserve la fecha: CryptoRave 2019 se realizará los días 3 y 4 de mayo, en São Paulo. Está abierto el llamado de propuestas de actividades de CryptoRave 2019 hasta el 31 de marzo.
Lea el llamado de propuestas de actividades de CryptoRave 2019.
Anuncio del evento de LAVITS y de su llamado para trabajos: VI Simposio Internacional LAVITS
Salvador, 26-28 de junio, 2019
La red LAVITS (Red Latinoamericana de Estudios sobre Vigilancia, Tecnología y Sociedad), fundada en 2009, cuenta con miembros de por lo menos 14 instituciones de cuatro países latinoamericanos (Brasil, Argentina, México y Chile) y un país europeo (Bélgica)
El tema del encuentro será ASIMETRÍAS E (IN)VISIBILIDADES: VIGILANCIA, GENERO Y RAZA y se llevará a cabo en Salvador entre los días 26 y 28 de junio de 2019.
XV Festival Latinoamericano de Instalación de Software Libre el 27 de abril de 2019 [Texto en español]
FLISoL es el mayor evento de diseminación de Software Libre en América Latina y se destina a todos los tipos de público: estudiantes, académicos, empresarios, trabajadores, empleados públicos, entusiastas y hasta personas que no tienen mucho conocimiento en informática.
Entrada gratuita.
Boletim #15
* Versión en español a continuación.
Resistências ♥
Águia
Escola de Ativismo abre o código e disponibiliza online sua “A guia de facilitação e aprendizagem em segurança da informação”.
Ação Urgente! Exija uma resposta: quem matou Marielle?
Mais de seis meses passaram desde o brutal assassinato de Marielle Franco, vereadora e defensora dos direitos humanos e de Anderson Pedro Gomes que dirigia o carro alvejado com mais de 10 tiros. As investigações não apontaram suspeitos nem dos disparos e nem dos autores intelectuais da execução.
A Anistia Internacional lançou uma petição que será enviado para as autoridades cobrando para que esse crime não fique sem resposta, participe!
Eleições
Cuida-me
O projeto Cuida-me, do LabHacker, é um sistema para juntar cuidadoras(es) e candidates, e também uma campanha para provocar candidates a firmar um compromisso com o cuidado de si e da equipe. O projeto estimula candidates a tornar público seus momentos de cuidado durante a campanha, e tem o objetivo de ampliar o entendimento da importância que o cuidado de si tem nesse ambiente, já que, ao cuidar de si, candidates tem a possibilidade de despertar valores humanos.
Tretaqui!
O tretaqui.org é uma iniciativa de um conjunto de entidades para facilitar a judicialização de manifestações de violência de gênero nas redes sociais e politizar esse tipo de discurso, talvez até criando jurisprudência. Todas as denúncias recebidas neste site serão encaminhadas automaticamente para o Ministério Público Federal, por meio de um sistema criado pela ONG SaferNet e adaptado pela Coding Rights para ser disponibilizado para esta campanha.
Como o grupo Mulheres contra Bolsonaro foi hackeado no Facebook
Na tarde da sexta-feira (14), o telefone celular da professora Maíra Motta, uma das administradoras do grupo do Facebook Mulheres Unidas contra Bolsonaro, parou de funcionar. Logo em seguida, seu perfil na rede social foi invadido e seus contatos começaram a receber mensagens de ódio pelo WhatsApp. Para especialista, ação foi coordenada para desestabilizar o processo eleitoral.
Notícias
Bancos e lojas pagam até R$ 4,70 por acesso a dados do seu rosto
“Posso tirar uma foto sua?” Quantas vezes você já não ouviu isso ao parcelar uma compra, alugar um carro ou abrir uma conta em banco? Quando fazem isso, as empresas não querem um registro dos seus lindos olhos.
Facebook remove 72 grupos e 50 contas no Brasil por engajamento falso
Rede visava ganhos financeiros e foi tirada do ar pelo Facebook usando grupos, perfis e páginas para comprar e vender reações, seguidores e fan pages na rede socias, a rede identificada como PCSD foi tirada do ar por violar as políticas de autenticidade e combate ao spam do serviço. A ação aconteceu uma semana após o FB tirar 196 páginas e 87 contas brasileiras acusadas de espalhar notícias falsas.
Como o uso de dados de funcionários pelas empresas está mudando o mercado de trabalho
“Departamentos de recursos humanos estão lidando com volumes cada vez maiores de informações para avaliar funcionários de uma forma mais meticulosa”. Com esses dados é possível fazer previsões de quanto tempo o funcionário ficará no cargo ou na empresa, influenciando decisões de contratações e demissões isso só para citar um exemplo. Essa ‘pontuação profissional’ está mudando as relações de empregabilidade e muitos dos aspectos qualitativos do trabalho estão sendo descartados pois não são dimensionáveis.
Entidades combatem câmeras do metrô de SP que leem emoções de passageiros para vender publicidade
Todos os dias, enquanto 700 mil pessoas passam pelas estações Luz, Paulista e Pinheiros do metrô de São Paulo, câmeras filmam seus rostos e adivinham suas emoções: “adulto feliz”, “jovem triste”, “mulher com raiva”. A ideia do projeto, chamado Portas Digitais, é categorizar os passageiros para exibir propagandas mais eficientes. E quase não tem como escapar: como o nome indica, as câmeras ficam bem na porta dos vagões.
Telegram compartilhará dados de usuários com as autoridades, mas suas mensagens estão a salvo [Texto em Espanhol]
O Telegram anunciou que vai colaborar com serviços de segurança secretos, compartilhando dados dos usuários “suspeitos de terrorismo”, com o objetivo de facilitar o trabalho de investigação. Caso recebam ordem judicial irão fornecer o endereço IP e número de telefone mas garantem que não fornecerão o conteúdo das mensagens.
Artigos e Análises
Como as cidades seriam se fossem projetadas por mulheres? [Texto em Inglês]
Como seria o mundo se o grupo de pessoas que o projetaram – políticxs, planejadorxs, desenvolvedorxs e arquitetxs – fossem mais diverso? Os projetos de regeneração da década passada são mais sobre cappuccinos do que o acesso à água potável gratuita e banheiros públicos, por exemplo, e parecem resolver apenas os problemas do primeiro mundo dos illuminati monoculturais que os criaram.
Chupadados: Você está vendo isso porque é uma…
Quem o Facebook pensa que você é? Porque aquele anúncio de roupinha de bebê fica te perseguindo por aí? Quais as consequências e limites éticos de uma publicidade que fala contigo já sabendo no que você presta atenção? Resolvemos dar um mergulho no mundo da propaganda direcionada do Facebook. E o primeiro passo foi fazer anúncios sobre como entramos na mira dessas propagandas:
Algoritmo da felicidade
A felicidade, sabemos, é uma armadilha. Prometida, doada, vendida, revelada, conquistada, sob prescrição médica, entregue a domicílio, de volta em três dias, em vida ou após a morte, ela é a isca sempre relançada a fiéis, consumidores, pacientes, enamorados, trabalhadores, intelectuais, espectadores, internautas etc. O Facebook não poderia estar fora dessa. E nos apresenta, sem trair a sua duvidosa reputação, a sua versão da felicidade.
Guias e Ferramentas
Ofuscação – me vê/ não me vê [Texto em espanhol]
Cinco ferramentas para usar a Internet sem cair no monitoramento massivo, permanente e calculado.
Huell@s: Mi rastro en internet [Texto em espanhol]
Huell@s é um jogo de tabuleiro criado para fazer com que as pessoas possam identificar e discutir os riscos e vulnerabilidades da Internet de um jeito divertido. O jogo foi desenvolvido pela cooperativa costa riquenha Sulá Batsú, com apoio do Citizen Lab, e pode ser acessado e baixado de graça.
Fuxico
É um dispositivo móvel autônomo de troca e colaboração, feita para conectar pessoas presentes em um mesmo espaço físico. A Fuxico cria uma rede sem fio fora da internet para troca de conteúdos digitais como imagens, vídeos, áudios,documentos, sala de bate-papo e Rodas de conversa. Totalmente anônima!
Arte
Arte-veículo
O projeto contempla uma exposição coletiva com 47 artistas e grupos estudados na pesquisa Arte-veículo da curadora proponente Ana Maria Maia. Desde a televisão, inaugurada em 1951, e a internet, difundida no início dos anos 2000 -, diferentes artistas e grupos figuraram no agendamento midiático para nele experimentar e praticar “inserções em circuitos ideológicos”, como alegou Cildo Meireles em 1970. Ou disseminar “ideias vírus”, conforme Giseli Vasconcelos prescreveu já em 2006, fazendo ressoarem ao longo das décadas os termos de uma relação que se dá entre os veículos de comunicação como hospedeiros e os artistas como parasitas.
Vídeos
Quebrando Tabu: Privacidade
O Quebrando Tabu está fazendo uma série de minidocs sobre assuntos importantes da atualidade, e o primeiro a ir ao ar é sobre privacidade.
[VERSIÓN EN ESPAÑOL]
Resistencias ♥
Águila
La Escuela de Activismo abre el código y pone a disposición en línea su “Guía de facilitación y aprendizaje en seguridad de la información”.
¡Acción urgente! Exija una respuesta: ¿quién mató a Marielle?
Más de seis meses pasaron desde el brutal asesinato de Marielle Franco, concejal y defensora de los derechos humanos, y de Anderson Pedro Gomes, que dirigía el coche apuntado con más de 10 tiros. Las investigaciones no señalaron sospechosos ni de los disparos ni de los autores intelectuales de la ejecución.
La Amnistía Internacional lanzó una petición que será enviada a las autoridades para exigir que ese crimen no quede sin respuesta, ¡participe!
Elecciones
Cuídame
El proyecto Cuídame, de LabHacker, es un sistema para reunir cuidadoras(es) y candidatos, y también una campaña para instar a los candidatos a firmar un compromiso con su cuidado y del equipo. El proyecto alienta a los candidatos a hacer públicos sus momentos de cuidado durante la campaña y tiene el objetivo de ampliar el entendimiento de la importancia que el cuidado de sí mismo tiene en ese ambiente, ya que al cuidarse, los candidatos tienen la posibilidad de despertar valores humanos.
¡Tretaqui!
Tretaqui.org es una iniciativa de un conjunto de entidades para facilitar la judicialización de manifestaciones de violencia de género en las redes sociales y politizar ese tipo de discurso, tal vez incluso al crear jurisprudencia. Todas las denuncias recibidas en este sitio serán enviadas automáticamente al Ministerio Público Federal, a través de un sistema creado por la ONG SaferNet y adaptado por Coding Rights para ponerlo a disposición de esta campaña.
Cómo el grupo Mujeres contra Bolsonaro fue hackeado en Facebook
En la tarde del viernes (14), el teléfono móvil de la profesora Maíra Motta, una de las administradoras del grupo de Facebook Mujeres Unidas contra Bolsonaro, dejó de funcionar. Luego su perfil en la red social fue invadido y sus contactos comenzaron a recibir mensajes de odio por WhatsApp. Según los expertos, la acción fue coordinada para desestabilizar el proceso electoral.
Noticias
Bancos y tiendas pagan hasta BRL 4,70 por el acceso a los datos de su cara
“¿Puedo tomar una foto suya?” ¿Cuántas veces ha escuchado esto al hacer una compra, alquilar un coche o abrir una cuenta en banco? Al hacer esto, el objetivo de las empresas no es obtener un registro de sus hermosos ojos.
Facebook elimina 72 grupos y 50 cuentas en Brasil por contratos falsos
La red buscaba ganancias financieras y fue sacada del aire por Facebook por usar grupos, perfiles y páginas para comprar y vender reacciones, seguidores y páginas de fans en la red sociales. La red identificada como PCSD fue sacada del aire por violar las políticas de autenticidad y lucha contra el spam del servicio. La acción se produjo una semana después de que FB diera de baja 196 páginas y 87 cuentas brasileñas acusadas de difundir noticias falsas.
Cómo el uso de datos de empleados por parte de las empresas está cambiando el mercado de trabajo
“Los departamentos de recursos humanos manejan volúmenes cada vez mayores de información para evaluar a los empleados de una forma más meticulosa”. Con estos datos es posible hacer predicciones de cuánto tiempo el empleado se quedará en el cargo o en la empresa, y así influencian las decisiones de contrataciones y despidos, por citar un ejemplo. Esta “puntuación profesional” está cambiando las relaciones de empleabilidad y muchos de los aspectos cualitativos del trabajo se están descartando pues no son escalables.
Entidades combaten cámaras del metro de SP que leen emociones de los pasajeros para vender publicidad
Todos los días, mientras 700 mil personas pasan por las estaciones Luz, Paulista y Pinheiros del metro de São Paulo, las cámaras filman sus rostros y adivinan sus emociones: “Adulto feliz”, “joven triste”, “mujer con rabia”. La idea del proyecto, llamada Puertas Digitales, es categorizar a los pasajeros para exhibir anuncios más eficientes. Y casi no se puede escapar: como el nombre lo indica, las cámaras se están fijas en la puerta de los vagones.
Telegram comparte datos de usuarios con las autoridades, pero sus mensajes están a salvo
Telegram anunció que va a colaborar con servicios de seguridad secretos al compartir datos de los usuarios “sospechosos de terrorismo”, con el objetivo de facilitar el trabajo de investigación. Si reciben una orden judicial, proporcionará la dirección IP y el número de teléfono, pero aseguran que no proporcionará el contenido de los mensajes.
Artículos y Análisis
¿Cómo serían las ciudades si fueran proyectadas por mujeres? [Texto en inglés]
¿Cómo sería el mundo si el grupo de personas que lo diseñaran —políticxs, planificadorxs, desarrolladorxs y arquitectxs— fuera más diverso? Los proyectos de regeneración de la década pasada son más sobre cappuccinos que el acceso al agua potable gratuita y los baños públicos, por ejemplo, y parecen resolver sólo los problemas del primer mundo de los illuminati monoculturales que los crearon.
Chupadatos: Usted está viendo esto porque es unx…
¿Quién piensa que es usted Facebook? ¿Por qué ese anuncio de ropa de bebé lx persigue por ahí? ¿Cuáles son las consecuencias y límites éticos de una publicidad que le habla ya sabiendo lo que usted mira? Nos sumergimos en el mundo de la propaganda dirigida de Facebook. Y el primer paso fue hacer anuncios sobre cómo entramos en la mira de esas propagandas:
Algoritmo de la felicidad
La felicidad, como sabemos, es una trampa. Prometida, donada, vendida, revelada, conquistada, bajo prescripción médica, entregada a domicilio, de vuelta en tres días, en vida o tras la muerte, es el cebo siempre relanzado a fieles, consumidores, pacientes, enamorados, trabajadores, intelectuales, espectadores, internautas, etc. Facebook no podría estar fuera de esto. Y nos presenta, sin traicionar su dudosa reputación, su versión de la felicidad.
Guías y Herramientas
La ofuscación: me ves/no me ves
Cinco herramientas para usar Internet sin caer en el monitoreo masivo, permanente y calculado.
Huell@s: Mi rastro en Internet
Huell@s es un juego de tablero creado para hacer que las personas puedan identificar y discutir los riesgos y vulnerabilidades de Internet de una manera divertida. El juego fue desarrollado por la cooperativa costarricense Surá Batsú, con el apoyo del Citizen Lab, y puede ser accedido y bajado de manera gratuita.
Fuxico
Es un dispositivo móvil autónomo de intercambio y colaboración, hecho para conectar personas presentes en un mismo espacio físico. Fuxico crea una red inalámbrica fuera de Internet para intercambiar contenidos digitales como imágenes, vídeos, audios, documentos, salas de chat y rondas de conversación. ¡Totalmente anónima!
Arte
Arte-vehículo
El proyecto contempla una exposición colectiva con 47 artistas y grupos estudiados en la investigación Arte-vehículo de la curadora proponente Ana Maria Maia. Desde la televisión, inaugurada en 1951, y el Internet, difundido a principios de los años 2000, diferentes artistas y grupos figuraron en la agenda mediática para experimentar y practicar “inserciones en circuitos ideológicos”, como alegó Cildo Meireles en 1970. O diseminar “ideas virus”, como Giseli Vasconcelos dijo ya en 2006, haciendo resonar a lo largo de las décadas los términos de una relación que se da entre los medios de comunicación como anfitriones y los artistas como parásitos.
Vídeos
Cortar con el Tabú: Intimidad
Cortar con el Tabú está haciendo una serie de mini documentales sobre asuntos importantes de la actualidad, y el primero que se va a publicar es sobre la privacidad.
Boletim #14
* Versión en español a continuación.
Resistências ♥
Resisting digital colonialism [Texto em inglês]
“Eles vieram de barco da Europa em épocas anteriores. Quase todos os países do mundo foram colonizados. Embora a maioria tenha conquistado a independência no último século, o colonialismo não é de forma alguma uma memória distante para nações que ainda experimentam um desequilíbrio de poder.”
Data Selfie: que tipo de algoritmos queremos?
O Data Selfie é uma ferramenta de ativismo de dados, uma extensão de navegador gratuita e de código aberto que rastreia seus passos no Facebook: o que você vê, por quanto tempo o vê, o que te agrada, os links clicados por você nas histórias destacadas, além do que você digita. Com isso, ele dá uma demonstração do tipo de informações que o Facebook pode estar colhendo sobre quem usa a rede.
Black retribution in tech – the audacity to imagine [Texto em inglês]
Kortney Ziegler fala sobre ser trans e negrx no campo da tecnologia nos EUA e conta um pouco da história da @TransH4CK, primeira organização para a comunidade trans e não-binária na área.
TESTO JUNKIE
Neste recorte do livro TESTO JUNKIE – Sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica, a ser lançado em breve no Brasil pela editora n-1, Paul B. Preciado analisa a indústria tecnocientífica do último século enquanto experimenta no próprio corpo os efeitos da testosterona.
Eleições
A exploração de dados na Internet para fins eleitorais na América Latina
“‘Foi erro meu. E eu sinto muito.’ Foi assim que Mark Zuckerberg, presidente e fundador do Facebook, referiu-se aos abusos cometidos pela Cambridge Analytica, que usou os dados de milhões de usuários da rede social para a campanha eleitoral do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “
Descubra como candidatos chegam até você no Facebook
De olho na transparência das campanhas, o Internet Lab, centro de pesquisa independente de direito e tecnologia, lançou o Você na Mira, uma ferramenta de monitoramento de anúncios políticos que usuários do Facebook recebem.
What’s Up with WhatsApp: The Widespread Use of WhatsApp in Political Campaigning in the Global South [Texto em inglês]
Nos últimos anos, o WhatsApp se tornou uma ferramenta cada vez mais poderosa e influente para campanhas políticas no Sul Global. Enquanto o app ajuda os políticos a alcançar eleitoras e eleitores em áreas que não têm acesso à internet, também amplia o alcance e a primazia do Facebook (proprietário da plataforma) no processo democrático da região. Este artigo revela algumas das muitas maneiras pelas quais o WhatsApp está sendo implantado como parte importante do processo político em países como Brasil, Colômbia, Quênia e Malásia.
Notícias
Senado aprova projeto de lei sobre proteção de dados pessoais
O texto diz como informações devem ser coletadas e tratadas, especialmente em meios digitais, como dados pessoais de cadastro ou até mesmo textos e fotos publicadas em redes sociais. O projeto é fruto de anos de articulação da sociedade civil, mas dois setores queriam impedir que ele avançasse: bancos e seguradoras. O principal ponto do texto é aumentar o controle das pessoas sobre suas informações, exigindo o consentimento delas para que os dados sejam utilizados por empresas ou governo, e permitindo que possam exigir que eles sejam excluídos.
Temer usa R$ 777 mi que conectariam estudantes à Internet para pagar diesel dos caminhoneiros
Quase metade da população brasileira ainda não tem acesso à internet. E o governo tirou R$ 777 milhões que deveriam ser destinados a conectar essas pessoas – especialmente a população mais pobre, escolas, bibliotecas, instituições de saúde, atendimento a áreas remotas e assistência a deficientes – para pagar a conta do diesel e colocar um fim à greve dos caminhoneiros. O remanejo do dinheiro, que contraria o que diz a lei, está na Medida Provisória que anunciou a realocação de verbas para estancar a sangria da greve.
Rekognition – Amazon vende software de reconhecimento facial para a polícia
“Ao contrário de qualquer outra coisa, ele lida com vídeo em tempo real”, disse Andy Jassy, CEO da Amazon Web Services, em um vídeo publicado em 30 de novembro de 2017.”Com base na inteligência artificial, o Rekognition pode identificar, rastrear e analisar pessoas em tempo real e reconhecer até 100 pessoas em uma única imagem”, disse a ACLU em um comunicado. “Ele pode escanear rapidamente as informações coletadas em bancos de dados com dezenas de milhões de rostos, de acordo com a Amazon”.
ABIN teria mais poderes de espionagem com nova lei. Então por que seus agentes a rejeitam?
Um projeto de lei que tramita no Congresso sem chamar a atenção de ONGs e parlamentares ligados ao tema da privacidade pretende ampliar os poderes de investigação da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin. Há uma tentativa para fazê-lo voltar a andar agora, antes das eleições, depois de dormir mais de dois anos nas gavetas do Congresso.
A revolta dos trolls, e a vingança na justiça
Alvos nas mídias sociais, jornalistas contra-atacam com processos, denúncias ao Ministério Público e conversa com empregadores dos haters
Ação policial coordenada contra a associação Zwiebelfreunde em várias localizações na Alemanha
No dia 20 de Junho a polícia Alemã invadiu e apreendeu a maior parte de de equipamentos eletrônicos de armazenamento (discos, laptops, computadores, cartões de GPG/Yubikeys), de todos os três membros da diretoria da associação, que gerencia doações via wire transfers na Europa para o coletivo Riseup, Tails e Torservers.
Artigos e Análises
Algoritmos e cosmopolíticas
A política de censura à nudez no Facebook e o regime de poder dos algoritmos
Cálculo de personalidade: astrologia ou psicometria?
Seria o Big Data a nova astrologia? Ou quais semelhanças podemos apontar entre o horóscopo, as casas do zodíaco, e as técnicas de profiling, os perfis computacionais construídos a partir da vasta coleta de dados digitais sob gestão e análise algorítmicas?
Cuando seamos hackers[Texto em espanhol]
Por que todos nós sabemos como usar um computador, mas não sabemos como programá-lo? Qual é o futuro de uma sociedade controlada por uma tecnologia que, ao facilitar nossa vida cotidiana, parece nos libertar? Irene Soria identifica possíveis formas de opressão e questiona por que não somos hackers.
O legado dos protestos de 2013: mais repressão, vigilância e vítimas criminalizadas
Cinco anos após as ‘Jornadas de Junho’, estudo da Artigo 19 mostra articulação dos três poderes para criar mecanismos que ferem a liberdade de expressão e o direito à manifestação.
Robôs devem ter os mesmos direitos que os humanos?
Em setembro de 2017, Samantha foi molestada em um festival de tecnologia na Áustria. Deatlhe: Samantha é um robô sexual, um brinquedo realista e falante, que vale US$ 4.000 e foi pensado apenas para a satisfação humana.
Domésticas conectadas: acessos e usos de internet entre trabalhadoras domésticas em São Paulo
Pesquisa produzida pelo InternetLab sobre o papel das tecnologias digitais na vida de mulheres trabalhadoras domésticas.
Guias e Ferramentas
Safermanas: dicas de segurança digital em gifs!
Série de gifs com dicas para mulheres e pessoas de gênero não-binário dominarem os paranauê tecnológicos!
Vigilante de Cajuru interior paulista cria seu drone caipira
Com uma pipa de mais de um metro de envergadura e uma filmadora GoPro, feito com tecido de guarda chuva, vareta de bambu, isopor e linha de algodão reforçada. O equipamento vem sendo aprimorado a 4 anos e chega até 300 metros de altura dependendo das condições climáticas.
Chamadas
“Da vigilância em massa à super comercialização da World Wide Web, o conceito de Internet livre e aberta é continuamente ameaçado por interesses corporativos. Radical Networks é um festival e uma conferência concebida para promover discussões críticas em torno destas questões e para criar oportunidades para aprender mais sobre políticas, redes DIY e o futuro da Internet. Convidamos artistas, advogadas, engenheiras, escritoras, educadoras, cientistas, jornalistas, organizadoras de comunidades para apresentar suas ideias no festival deste ano.”
https://www.radicalnetworks.org/
DebianDay 2018
Diversos voluntários do Debian organizam mundialmente o DebianDay para comemorar o aniversários do Sistema Operacional Debian. No Brasil está previsto comemoração em diversas cidades como: São Paulo, Curitiba, Maceió, Taquatinga e Campo Grande. Participe das atividades e saiba como colaborar e fazer parte da comunidade mundial do Debian.
Em 2019 a DebConf ,conferência mundial do Debian acontecerá no Brasil, em Curitiba e será um evento aberto e gratuito.
Informações sobre o DebianDay 2018: https://wiki.debian.org/DebianDay/2018
Informações sobre a DebConf 2019: https://wiki.debconf.org/wiki/DebConf19
[VERSIÓN EN ESPAÑOL]
Resistencias ♥
Resisting digital colonialism [Texto en inglés]
“Llegaron en barco desde Europa en tiempos anteriores. Casi todos los países del mundo han sido colonizados. Aunque la mayoría ha logrado la independencia en el último siglo, el colonialismo no es en absoluto una memoria distante para aquellas naciones que todavía experimentan un desequilibrio de poder.
Data Selfie: ¿qué tipo de algoritmos queremos?
El Data Selfie es una herramienta de activismo de datos, una extensión de navegador gratuita y de código abierto que rastrea tus pasos en Facebook: lo que ves, por cuanto tiempo lo ves, lo que te gusta, los enlaces en los que haces clic en las historias destacadas, además de lo que escribes. Con eso, da una demostración del tipo de información que Facebook puede estar recolectando sobre quien usa la red.
Black retribution in tech – the audacity to imagine [Texto en inglés]
Kortney Ziegler habla sobre ser trans y negrx en el campo de la tecnología en Estados Unidos y cuenta un poco la historia de @TransH4CK, la primera organización para la comunidad trans y no binaria en el área.
TESTO JUNKIE
En este recorte del libro TESTO JUNKIE – Sexo, drogas y biopolítica en la era farmacopornográfica, que va a lanzar en breve en Brasil la editora n-1, Paul B. Preciado, analiza la industria tecnocientífica del último siglo mientras experimenta en su propio cuerpo los efectos de la testosterona.
Elecciones
La explotación de datos en Internet para fines electorales en América Latina
“Fue mi error. Y lo siento mucho’. Así, Mark Zuckerberg, presidente y fundador de Facebook, se refirió a los abusos cometidos por Cambridge Analytica, que utilizó los datos de millones de usuarios de la red social para la campaña electoral del actual presidente de Estados Unidos, Donald Trump.”
Descubre cómo los candidatos llegan hasta ti en Facebook
Ante la transparencia de las campañas, Internet Lab, el centro de investigación independiente de derecho y tecnología, lanzó el Tú en la mira, una herramienta de monitoreo de anuncios políticos que reciben los usuarios de Facebook.
What’s Up with WhatsApp: Widespread Use of WhatsApp in Political Campaigning in the Global South [Texto en inglés]
En los últimos años, WhatsApp se ha convertido en una herramienta cada vez más poderosa e influyente para las campañas políticas en el Sur global. Mientras que la aplicación ayuda a los políticos a alcanzar a electoras y electores en áreas que no tienen acceso a Internet, también amplía el alcance y la primacía de Facebook (propietario de la plataforma) en el proceso democrático de la región. Este artículo revela algunas de las muchas maneras en que WhatsApp se está implantando como parte importante del proceso político en países como Brasil, Colombia, Kenia y Malasia.
Noticias
El Senado aprueba un proyecto de ley sobre la protección de datos personales
El texto dice cómo se debe recoger y tratar la información, especialmente en medios digitales, como datos personales de registro o incluso textos y fotos publicadas en redes sociales. El proyecto es fruto de años de articulación de la sociedad civil, pero dos sectores querían impedir que avanzara: los bancos y las aseguradoras. El principal punto del texto es aumentar el control de las personas sobre su información, exigiendo su consentimiento para que los datos sean utilizados por empresas o el gobierno, y permitiendo que puedan exigir que sean excluidos.
Temer utiliza R$ 777 millones que conectarían a estudiantes a Internet para pagar el diesel de los camioneros
Casi la mitad de la población brasileña aún no tiene acceso a Internet. Y el gobierno sacó R $ 777 millones que deberían ser destinados a conectar a esas personas —especialmente la población más pobre, escuelas, bibliotecas, instituciones de salud, atención en áreas remotas y asistencia a discapacitados— para pagar la cuenta del diesel y poner fin a la huelga de los camioneros. La modificación de la cantidad de dinero, que contradice lo que establece la ley, está en la Medida Provisional que anunció la reasignación de fondos para estancar la huelga apremiante.
Rekognition – Amazon vende software de reconocimiento facial para la policía
“A diferencia de cualquier otra cosa, aborda vídeos en tiempo real”, dijo Andy Jassy, CEO de Amazon Web Services, en un vídeo publicado el 30 de noviembre de 2017. “Sobre la base de la inteligencia artificial, Rekognition puede identificar, rastrear y analizar personas en tiempo real y reconocer hasta 100 personas en una sola imagen”, dijo la ACLU en un comunicado. “Puede escanear rápidamente la información recopilada en bases de datos con decenas de millones de caras, de acuerdo con Amazon”.
ABIN tendría más poderes de espionaje con la nueva ley. ¿Entonces por qué sus agentes la rechazan?
Un proyecto de ley que se trata en el Congreso sin llamar la atención de las ONG y parlamentarios conectados con el tema de la privacidad pretende ampliar los poderes de investigación de la Agencia Brasileña de Inteligencia, Abin. Hay un intento de hacerlo volver a caminar ahora, antes de las elecciones, después de que durmiera más de dos años en los cajones del Congreso.
La revuelta de los trolls y la venganza en la justicia
Los blancos en los medios sociales, los periodistas contraatacan con procesos, denuncias al Ministerio Público y conversaciones con los empleadores de los haters
Acción policial coordinada contra la asociación Zwiebelfreunde en varias ubicaciones en Alemania
El 20 de junio, la policía alemana invadió e incautó la mayor parte de los equipos electrónicos de almacenamiento (discos, computadoras portátiles, computadoras de escritorio, tarjetas de GPG/Yubikeys), de los tres miembros de la junta directiva de la asociación, que gestiona donaciones mediante transferencias bancarias en Europa para los grupos Riseup, Tails y Torservers.
Artículos y análisis
Algoritmos y cosmopolíticas
La política de censura a la desnudez en Facebook y el régimen de poder de los algoritmos
Cálculo de personalidad: ¿astrología o psicometría?
¿Sería el Big Data la nueva astrología? ¿O qué similitudes podemos señalar entre el horóscopo, las casas del zodíaco, y las técnicas de profiling, los perfiles computacionales construidos a partir de la vasta recolección de datos digitales bajo gestión y análisis algorítmicos?
Cuando seamos hackers [Texto en español]
¿Por qué todos sabemos cómo utilizar una computadora, pero no sabemos cómo programarla? ¿Cuál es el futuro de una sociedad controlada por una tecnología que, al facilitar nuestra vida cotidiana, parece liberarnos? Irene Soria identifica posibles formas de opresión y cuestiona por qué no somos hackers.
El legado de las protestas de 2013: más represión, vigilancia y víctimas criminalizadas
Cinco años después de las Jornadas de Junio, el estudio del Artículo 19 muestra la articulación de los tres poderes para crear mecanismos que lesionen la libertad de expresión y el derecho a la manifestación.
¿Los robots deben tener los mismos derechos que los humanos?
En septiembre de 2017, Samantha fue molestada en un festival de tecnología en Austria. Detalle: Samantha es un robot sexual, un juguete realista y hablante, que vale USD 4.000 y fue pensado sólo para la satisfacción humana.
Domésticas conectadas: accesos y usos de Internet entre trabajadoras domésticas en São Paulo
Investigación realizada por InternetLab sobre el papel de las tecnologías digitales en la vida de las mujeres trabajadoras domésticas.
Guías y herramientas
Safermanas: ¡tips de seguridad digital en gifs!
¡La serie de gifs con consejos para mujeres y personas de género no binario que dominan las soluciones tecnológicas!
Vigilante paulista de Cajuru crea el drone de la chusma.
Con una cometa de una envergadura de más de un metro y una videocámara GoPro, hecha con tela impermeable, varilla de bambú, poliestireno y línea de algodón reforzada. El equipamiento viene siendo mejorado desde hace 4 años y llega hasta 300 metros de altura según las condiciones climáticas.
Llamadas
“De la vigilancia masiva a la supercomercialización de la World Wide Web, el concepto de Internet libre y abierta se ve continuamente amenazado por los intereses corporativos. Radical Networks es un festival y una conferencia diseñada para promover discusiones críticas en torno a estas cuestiones y para generar oportunidades para aprender más sobre las políticas, redes DIY y el futuro del Internet. Invitamos a artistas, abogadas, ingenieras, escritoras, educadoras, científicas, periodistas y organizadoras de comunidades para presentar sus ideas en el festival de este año.
https://www.radicalnetworks.org/
DebianDay 2018
Diversos voluntarios de Debian organizan mundialmente el Debian Day para conmemorar los aniversarios del sistema operativo Debian. En Brasil está previsto celebrar en varias ciudades como las siguientes: São Paulo, Curitiba, Maceió, Taquatinga y Campo Grande. Participa en las actividades y aprende cómo colaborar y formar parte de la comunidad mundial de Debian. En 2019 DebConf, la conferencia mundial de Debian, tendrá lugar en Brasil, en Curitiba y será un evento abierto y gratuito.
Información sobre DebianDay 2018: https://wiki.debian.org/DebianDay/2018
Información sobre DebConf 2019: https://wiki.debconf.org/wiki/DebConf19