Luh Ferreira
Educadora Popular, ativista, doutora em Educação
Encantada com o mundo, indignada com a situação dele
Zoombombing – Como evitar e se proteger de um ataque no Zoom
Zoombombing
Como evitar e se proteger de um ataque no Zoom
Nos últimos meses, vimos crescer o uso de plataformas de videoconferência, especialmente do Zoom. A necessidade de trabalho remoto e de se manter em contato com amigas e familiares tem feito com que muitas pessoas escolham a plataforma por sua estabilidade e funcionalidades, como o compartilhamento de tela, a criação de salas paralelas, etc. No entanto, quando se trata de segurança e privacidade, o Zoom tem deixado a desejar.
Desde a sua popularização, o Zoom vem acumulando um longo histórico de falhas e vulnerabilidades. Em março de 2020, por exemplo, uma reportagem da Motherboard revelou que o aplicativo do Zoom para iOS enviava dados para o Facebook, ainda que a pessoa não tivesse uma conta na rede social. A falha foi corrigida, mas já no começo de abril, o desenvolvedor britânico Tom Anthony reportou ao Zoom uma falha que tornava possível descobrir a senha de qualquer sessão privada após cerca de 30 minutos realizando várias tentativas aleatórias. A falha foi corrigida poucos dias depois que a empresa tomou conhecimento, mas só foi divulgada no dia 29 de julho, após uma publicação do desenvolvedor. Esses exemplos mostram que a empresa tem se apressado para corrigir os problemas, mas com novos problemas surgindo a cada dia, fica difícil confiar no serviço.
Vale dizer ainda que o Zoom não é um software livre, ou seja, a empresa não dá acesso aos códigos de suas aplicações, não sendo possível analisá-las e auditá-las e ter a certeza do que elas realmente fazem. Assim, só nos resta confiar no que a empresa afirma.
Além disso, o Zoom não possui criptografia ponta-a-ponta (diferente do que a empresa divulgava), o que significa que tudo que acontece dentro da aplicação pode estar acessível para a empresa e, por alguma falha ou pelo próprio desenho do modelo de negócios da empresa, pode se tornar público ou ser compartilhado com terceiros. Portanto, ao promover ou participar de uma atividade no Zoom, informe às pessoas participantes sobre essa condição, ou seja, que a atividade não é completamente privada, e assuma a postura de que está sendo gravada e observada.
Mas a principal questão que vem assombrando o uso de serviços de videoconferência, especialmente o Zoom, é o crescimento assustador dos casos de zoombombing: a invasão de salas e a sabotagem de atividades através do compartilhamento de imagens e mensagens nazistas, racistas e LGBTfóbicas. Os principais alvos dos ataques são grupos que trabalham ou que se propõem a debater questões raciais e de gênero, o que indica que as invasões são ações coordenadas que visam ameaçar, intimidar e calar a voz das pessoas que lutam por justiça social. Nas últimas semanas os ataques tem se intensificado, atingindo também o espaço acadêmico, com a invasão de defesas de teses, ou mesmo de aulas. Muitos ataques chegam a ir além do zoombombing, com os atacantes invadindo contas de Instagram, email e Twitter de pessoas que organizaram sessões no Zoom.
Para manter suas atividades no Zoom protegidas e longe de sabotagens, ou ainda para se defender no momento mesmo de um ataque, compilamos uma série de cuidados e recomendações de privacidade que devem ser consideradas na hora de criar sua conta e configurar suas sessões no Zoom. A lista é grande, mas se atente àquilo que faz sentido para sua realidade e para as pessoas e grupos com os quais se comunica. Além disso, antes da atividade, busque alinhar as expectativas e intenções de privacidade e segurança com as demais pessoas organizadoras e, se possível, teste o Zoom e suas configurações com pessoas de confiança, antes de utilizar pela primeira vez.
CRIANDO UMA CONTA NO ZOOM:
Ao criar uma conta no Zoom devemos estar atentas a alguns cuidados básicos de segurança e privacidade. Vamos checar juntas alguns deles?1. Baixando o aplicativo Zoom:
Para fazer o download de qualquer aplicação na Internet, recomendamos sempre buscar o site oficial da aplicação, e não utilizar sites de terceiros. Portanto, para baixar o aplicativo do Zoom para desktop, visite o site oficial (zoom.us). Para baixar o aplicativo no celular, utilize a App Store e o Google Play e verifique se a empresa desenvolvedora do aplicativo é de fato a Zoom2. E-mail de login:
Crie sua conta com um e-mail exclusivo para essa atividade, se não for possível, use um e-mail que não tenha ligação com outros serviços e contas importantes pessoais e da sua organização. Esse e-mail deve estar ativo e seguro.3. Senhas:
Ao criar uma senha para sua conta no Zoom ou para qualquer outra aplicação, tenha em mente que ela deve ser: exclusiva, aleatória e longa.Exclusiva
Para garantir sua segurança e privacidade, o recomendado é utilizar uma senha diferente para cada conta que criar, seja de e-mail, de redes sociais ou qualquer outro serviço. Aquela velha tática de usar variações de uma mesma senha para diferentes serviços também não é uma boa. Pois uma vez que alguém tenha acesso a uma das senhas, pode descobrir a lógica e deduzir as outras variações.
Aleatória
Sua senha não deve ser algo que remeta a você, então datas de aniversário, nome da mãe, vó, tia, cachorro, gato e papagaio, crush, letras de música etc. Não é uma boa tática! Escolha palavras aleatórias.
Longa
Podemos utilizar sequências de letras, números e caracteres especiais ou fazer sequências de palavras aleatórias (nesse caso, use no mínimo 6 palavras). Para aumentar o grau de complexidade e segurança da sua senha, misture outras línguas, dialetos, gírias ou mesmo palavras inventadas. Isso porque em ataques de força bruta geralmente são utilizadas palavras de dicionários para tornar o processo de quebra de senha mais rápido.
Já que você vai criar uma senha para cada serviço, e senhas longas e aleatórias, a menos que você tenha uma capacidade de memória enorme, você vai precisar de ajuda para lembrar de todas elas. Mas calma, não deixe suas senhas anotadas fisicamente próximo ao seu computador (naquele post-it maroto), também não crie ou deixe senhas em arquivos no computador, celular, nuvem ou no e-mail. Nós recomendamos o uso de um gerenciador de senhas. Um software que além de guardar senhas de forma segura, com criptografia, também pode ser usado para gerar senhas completamente aleatórias. Existem diversos gerenciadores de senhas, o que recomendamos se chama KeepassXC.
Para saber mais sobre senhas, visite este artigo.
CONFIGURANDO O ZOOM ANTES DE UMA ATIVIDADE:
Veja como configurar cada item do aplicativo, mas tenha atenção. Estas recomendações foram criadas levando em consideração as configurações disponíveis no Zoom até o dia 21 de agosto de 2020, que podem sofrer alterações. Além disso, também foram criadas a partir de configurações disponíveis para contas gratuitas do Zoom. Para contas pagas, mais opções podem estar disponíveis.
ID de reunião pessoal
Ao criar uma conta, o Zoom te fornece automaticamente um “ID de Reunião Pessoal”, uma sala virtual permanentemente reservada para você, com um ID fixo de 9 a 11 dígitos atribuído à contas gratuitas, e um ID personalizável para contas pagas. É uma função útil para quem faz reuniões com frequência e com as mesmas pessoas, já que evita ter que enviar o link da sala a cada nova reunião. No entanto, quando se trata da nossa segurança e privacidade a função não é recomendada. Já que se trata de um número fixo, é mais fácil de ser descoberto e sua sala pode ser invadida por pessoas não-convidadas. Para evitar exposição, desabilite a opção “Habilitar ID de reunião pessoal”:
No site do Zoom.us, navegue até
Minha conta > Configurações > Reunião > Agendar Reunião
e desabilite a opção “Habilitar ID de reunião pessoal”
Senha de Reunião
O Zoom não permite mais a criação de salas sem senha. No entanto, por padrão, o Zoom irá incluir a senha no link de convite para a reunião. Apesar de agilizar a entrada das pessoas na sala, é uma grande vulnerabilidade e permite, obviamente, a entrada de pessoas não-convidadas na sua reunião.
Se pretende realizar uma reunião aberta, pública, em que várias pessoas possam participar e falar, recomendamos estar atenta às outras configurações de privacidade e segurança para evitar sabotagens como o Zoombombing.
Se pretende realizar um evento público, como uma palestra, por exemplo, em que as pessoas participantes não precisam interagir diretamente com as pessoas palestrantes, considere transmitir sua atividade usando o Youtube, por exemplo. Assim você impede que pessoas não-convidadas sabotem sua atividade. Para saber mais sobre como transmitir sua atividade no Youtube, e quais são os requisitos do Zoom, acesse essas informações no site da aplicação.
Se pretende realizar uma reunião privada, desabilite a inclusão da senha no link de convite para a reunião:
No site do Zoom.us, navegue até
Minha conta > Configurações > Reunião > Security
e desabilite a opção “Senha incorporada no link de convite para ingressos com um clique”
Ao desabilitar essa função, você terá que enviar a senha da reunião para todas as pessoas que deseja convidar. Certifique-se de enviar a senha por meios seguros e privados.
Antes de divulgar o link da sua atividade, certifique-se que a senha não está (contida) no link.
Links sem a senha possuem esta estrutura:
https://us04web.zoom.us/j/54794876286
Enquanto links com a senha embutida possuem esta estrutura:
https://us04web.zoom.us/j/54794876286?pwd=ZXpLVkdnN2ZQakk1cDhqRkxtNVQzZz09
Tenha cuidado! Ainda que a opção de incorporar a senha no link esteja desabilitada, o Zoom irá automaticamente incluir a senha quando, já dentro da sala, você copiar o link de convite. Ou seja, ao colar o link de convite, o que vai aparecer é o seguinte:
https://us04web.zoom.us/j/54794876286 (Password: ts3yHx)
Para reuniões privadas, também recomendamos não postar o link nas redes sociais (com ou sem senha).
Sala de espera
Um recurso que ajuda a evitar a participação de pessoas não-convidadas e, portanto, o Zoombombing, é a sala de espera. Ao ativar essa opção, todas as pessoas que quiserem entrar na sala criada por você precisarão de sua autorização, ainda que elas tenham a senha da sala. Ou seja, ao clicar no link da sala, as pessoas serão direcionadas automaticamente para uma sala de espera. A pessoa anfitriã receberá as solicitações de ingresso e autorizará ou não a entrada na sala. Para ativar essa opção, siga as seguintes coordenadas:
No site do Zoom.us, navegue até
Minha conta > Configurações > Reunião > Security
habilite a opção “Sala de espera”
Note que ao habilitar essa configuração, você vai estar também desabilitando a possibilidade de pessoas entrarem na sala antes de você, ou seja, antes da anfitriã.
Bate-papo privado
No Zoom, enquanto anfitriã, você pode permitir ou negar que participantes da reunião troquem mensagens privadas, ou seja, sem que as outras pessoas vejam. Este pode ser um recurso útil para uma atividade online, mas também pode ser usada por invasores e sabotadores para assediar as pessoas durante um Zoombombing. Nesse caso, se o bate-papo privado não fizer sentido para sua atividade, desabilite-o.
No site do Zoom.us, navegue até
Minha conta > Configurações > Reunião > Em Reunião (Básico)
e desabilite a opção “Bate-papo privado”.
Transferência de arquivo
O Zoom permite que participantes de uma reunião compartilhem arquivos através do bate-papo. Mais uma vez, uma função que pode ser útil, mas que também pode ser explorada por sabotadores em uma situação de Zoombombing. Ou seja, é possível que invasores compartilhem arquivos com malwares para infectar os computadores das pessoas participantes. Para desabilitar essa funcionalidade, siga as coordenadas abaixo:
No site do Zoom.us, navegue até
Minha conta > Configurações > Reunião > Em Reunião (Básico)
e desabilite a opção “Transferência de arquivo”
Compartilhamento de tela
É comum em um ataque de Zoombombing que o sabotador compartilhe sua tela com imagens nazistas, racistas, misóginas e LGBTfóbicas. Portanto, é importante restringir quem tem acesso ao compartilhamento de tela da sala de reunião do Zoom. É importante que só a anfitriã possa compartilhar, se isso não for possível, que ao menos só a anfitriã possa retomar o compartilhamento quando alguém estiver compartilhando. Para configurar essas opções, siga as coordenadas abaixo:
No site do Zoom.us, navegue até
Minha conta > Configurações > Reunião > Em Reunião (Básico) > Compartilhamento de tela
Em “Quem pode compartilhar?”, marque a opção “Apenas anfitrião”.
Em “Quem pode começar a compartilhar quando alguém está compartilhando?”, marque a opção “Apenas anfitrião”.
Se sua atividade não prevê o uso do recurso de compartilhamento de tela, desabilite-o completamente.
Permitir que os participantes removidos reingressem
No Zoom é possível para a pessoa anfitriã remover participantes de uma sala, um recurso importantíssimo para combater o Zoombombing. O problema é que, em alguns casos, apenas remover não basta, porque os sabotadores podem voltar. Daí a importância de não permitir que participantes removidos reingressem. Ao desabilitar essa função, você aumenta a proteção, mas ela não é infalível já que os sabotadores podem lançar mão de outros recursos para tentar reingressar.
No site do Zoom.us, navegue até
Minha conta > Configurações > Reunião > Em Reunião (Básico)
e desabilite a opção “Permitir que os participantes removidos reingressem”
Permitir que os participantes se renomeiem
É comum em casos de zoombombing que os sabotadores se renomeiem com nomes de pessoas que estão na sala, para criar confusão e tornar mais difícil sua remoção. Para evitar que isso aconteça, é possível desabilitar a possibilidade de participantes se renomearem.
No site do Zoom.us, navegue até
Minha conta > Configurações > Reunião > Em Reunião (Básico)
e desabilite a opção “Permitir que os participantes se renomeiem”
Denunciar participantes ao Zoom
Essa é também uma função importante para casos de Zoombombing. Ao habilitá-la, as pessoas anfitriãs poderão reportar participantes por comportamento inapropriado para a equipe de segurança do Zoom. Ao habilitar essa função ela deve aparecer como uma opção nos recursos de segurança da sala de reunião. Para habilitar, siga as coordenadas:
No site do Zoom.us, navegue até
Minha conta > Configurações > Reunião > Em Reunião (Avançado)
e habilite a opção “Report participants to Zoom”.
Plano de fundo virtual de imagem
Antes de entrar em qualquer sala de reunião, do Zoom ou de qualquer aplicação de videoconferência, confira se o que está aparecendo na tela não vai ter causar alguma situação constrangedora ou expor informações pessoais que não gostaria de compartilha.
Cuidado com reflexos em espelhos ou objetos que possam estar posicionados no quadro de visão da câmera. Pode ser uma boa ideia participar estando totalmente vestido e produzir um fundo neutro se necessário.
No Zoom, é possível usar uma imagem como plano de fundo. Mas essa opção nem sempre está habilitada, e cabe a pessoa anfitriã configurá-la. Se você é uma anfitriã, é recomendado que informe as pessoas participantes dessa questão, e que habilite o “Plano de fundo virtual de imagem” para proteger as pessoas participantes de sua atividade. Para tanto, siga as seguintes coordenadas:
No site do Zoom.us, navegue até
Minha conta > Configurações > Reunião > Em Reunião (Avançado)
e habilite a opção “Plano de fundo virtual de imagem”.
Vale lembrar que esse recurso também pode ser usado por sabotadores para compartilhar imagens nazistas, racistas ou LGBTfóbicas, portanto, fique atenta às outras configurações de segurança para impedir que isso aconteça.
É possível que algumas pessoas tenham dificuldade em usar o plano de fundo virtual por conta de sua conexão ou do aparelho utilizado para participar da reunião.
Mostrar o link “Join from your browser”
Por padrão, o Zoom força as pessoas a utilizarem seus aplicativos para desktop ou para celulares para entrar em uma reunião. No entanto, como já foi dito no início do texto, não é possível auditar os códigos dos aplicativos do Zoom para saber o que de fato eles fazem. Ou seja, é possível que os aplicativos coletem dados pessoais sobre você e seus dispositivos.
O Zoom permite, no entanto, que as pessoas anfitriãs configurem a possibilidade de participar de uma reunião através do navegador, sem a necessidade de instalar um aplicativo. Para tanto, siga as coordenadas abaixo:
No site do Zoom.us, navegue até
Minha conta > Configurações > Reunião > Em Reunião (Avançado)
e habilite a opção “Mostrar o link Join from your browser”
Nesse caso, ao clicar no link de convite, as pessoas serão direcionada para uma página do Zoom. Um pop-up aparecerá pedindo que elas abram a sala do Zoom no aplicativo. No entanto, é possível ignorar o pedido e clicar no último link que aparece na tela “Se não puder baixar ou executar o aplicativo, inicie-o em seu navegador”.
Ainda que a pessoa anfitriã não habilite essa função, é possível acessar salas Zoom através do navegador usando um pequeno truque:
- Clique no link do convite;
- Quando a tela de pop-up surgir, clique em “Cancelar”;
- Em seguida, identifique na tela a frase “Se você tiver o cliente Zoom instalado, iniciar a reunião ou baixe e execute o Zoom”, e clique no link “iniciar a reunião”;
- Quando a tela de pop-up surgir novamente, clique em “Cancelar”;
- Repare que uma nova opção surgiu na tela “Se não puder baixar ou executar o aplicativo, inicie-o em seu navegador”, clique no link “inicie-o em seu navegador”.
Atenção: de acordo com o Zoom, a experiência de reuniões pelo navegador é limitada. Ou seja, ao utilizar o Zoom através do navegador você pode não conseguir acessar várias funcionalidades.
CONFIGURANDO O ZOOM DURANTE UMA ATIVIDADE:
1. Bloquear reunião
Se você for a anfitriã da atividade, uma vez que todas as pessoas participantes convidadas já estiverem na sala, é possível travar/bloquear a entrada de mais pessoas.
No aplicativo Zoom para desktop, identifique o menu de opções na parte inferior da tela, e clique em Segurança > Bloquear reunião
Note que ao fazer isso, ninguém mais poderá entrar na sala. Se uma pessoa participante perder a conexão e sair da sala, não poderá mais reingressar.
2. Plano de fundo virtual
Como foi dito no tópico 10 acima, algumas vezes é importante ativar um plano de fundo virtual para proteger informações pessoais que estejam no plano de visão de sua câmera. Se for o seu caso, ao ingressar em uma reunião, como anfitriã ou como participante, siga as coordenadas abaixo:
No aplicativo Zoom para desktop, identifique o menu de opções na parte inferior da tela. Em seguida, identifique o ícone da câmera (aquele que possibilita ligar ou desligar sua câmera). Ao lado deste ícone, repare na seta para cima (^) e clique nela. Em seguida navegue até as configurações de “Plano de fundo virtual”.
^ > Configurações de vídeo… > Plano de fundo virtual
3. Outras configurações
Repare que durante uma atividade, algumas configurações já mencionadas e disponíveis através do site do Zoom, também aparecerão e poderão ser reconfiguradas. Basta clicar no ícone “Segurança” que aparece no menu inferior da tela, e navegar entre as seguintes opções (apenas para pessoas anfitriãs):
– Bloquear tela
– Habilitar sala de espera
Permitir aos participantes:
– Compartilhar tela
– Conversa
– Renomear-se
– Ativar o próprio som deles
– Remover participante
– Comunicar
O QUE FAZER DURANTE UM ATAQUE DE ZOOMBOMBING?
Mesmo que você não tenha conseguido configurar uma sala do Zoom de maneira segura, ainda há o que fazer para se proteger durante um ataque de zoombombing.
1. Manter a calma
É difícil, mas tente respirar fundo e manter a calma, será importante para que consiga agir!
2. Remover e bloquear
Remova o sabotador e bloqueie a sala para que ele não possa retornar. Ainda que você tenha configurado a sala para que pessoas removidas não reingressem, é importante bloquear a sala nesse caso, já que o sabotador pode usar outros truques para reingressar. Lembrando que ao fazer isso, ninguém mais poderá entrar na sala. Se uma pessoa participante perder a conexão e sair da sala, não poderá mais reingressar.
Removendo o sabotador:
No aplicativo Zoom para desktop, identifique o menu de opções na parte inferior da tela, e clique em “Participantes”. Identifique o participante que quer remover, posicione o mouse em cima de seu nome, e clique no ícone “Mais”. Em seguida, clique em “Remover”.
Bloqueando a sala:
No aplicativo Zoom para desktop, identifique o menu de opções na parte inferior da tela, e clique em Segurança > Bloquear reunião.
3. Outras ações
Há ainda outras ações que podem ser úteis no momento do Zoombombing. São elas:
Não permita que as pessoas ativem seus microfones
No aplicativo Zoom para desktop, identifique o menu de opções na parte inferior da tela, e clique em “Segurança”. Em seguida, desative a opção “Ativar o próprio som deles”.
Silencie todas as pessoas
No aplicativo Zoom para desktop, identifique o menu de opções na parte inferior da tela, e clique em Participantes > Desative o som de todos (na parte inferior da janela de pop-up).
Desative o compartilhamento de tela
Caso o sabotador tenha acesso ao compartilhamento de tela, desabilite-o.
No aplicativo Zoom para desktop, identifique o menu de opções na parte inferior da tela, clique em
“Segurança” e desabilite a opção “Compartilhar tela”.
Desative a câmera do sabotador
No aplicativo Zoom para desktop, identifique o menu de opções na parte inferior da tela, e clique em “Participantes”. Posicione o mouse em cima do nome do sabotador, e clique no ícone “Mais”. Em seguida, clique em “Interromper vídeo”.
Desative a conversa no bate-papo
No aplicativo Zoom para desktop, identifique o menu de opções na parte inferior da tela, e clique em “Conversa”. A tela do bate-papo aparecerá. Em seguida, identifique e clique no ícone de menu (…), no canto inferior direito, e marque a opção “Ninguém”.
“Comunique” o sabotador ao Zoom
No aplicativo Zoom para desktop, identifique o menu de opções na parte inferior da tela, e clique em “Participantes”. Identifique o participante que quer reportar, posicione o mouse em cima de seu nome, e clique no ícone “Mais”. Em seguida, clique em “Comunicar”, preencha o formulário e envie.
Note também que ao reportar ao Zoom você autoriza que a empresa acesse “todos os dados do formulário, incluindo todos os anexos e prints da tela, assim como suas informações de usuária e as informações do usuário que você está reportando, além de todas as informações relevantes da atividade realizada no Zoom”.
Bela Baderna
As ruas 4, por Alana Moraes, Gustavo Torrezan, Larissa Santiago e Rafael Heiber
Apresentamos as mesmas questões para um conjunto de pesquisadores e ativistas sobre um tema inescapável de toda luta social: as ruas. O resultado dessa consulta TUÍRA continua a publicar, agora num blocos de quatro comentários.
Abaixo seguem as reflexões de Alana Moraes (pesquisadora feminista), Gustavo Torrezan (artista e pesquisador), Larissa Santiago (comunicadora feminista) e Rafael Heiber (geógrafo e sociólogo).
Qual o significado da rua para a mobilização e as lutas sociais no Brasil? Esse significado está mudando agora?
ALANA MORAES
Sem dúvida o acontecimento pandêmico de alguma forma intensifica o conjunto de significados e implicações do que é estarmos juntos nas ruas. A pandemia faz intervir com bastante força uma consideração que sempre foi muito cara aos movimentos feministas: o fato de que nossas lutas são feitas de corpos e suas marcas, de que estamos vulneráveis uns aos outros, de que o combate não pode prescindir do cuidado coletivo, das formas de interdependência que sustentam as lutas sociais como possibilidade de vivermos juntos e de outra forma.
Precisamos também reencontrar modos de estar na rua. Essa ideia de que a democracia se faz por demonstrações de grandes mobilizações de massas precisa ser questionada. De certa forma, a ideia de “maioria” serve muito ao fascismo. Os discursos do Bolsonaro são quase sempre amparados por esse lógica: “somos a maioria”. Precisamos ter coragem de recusar sermos maioria e todas essas ideias que supõem unidade, totalidade, universalidade.
Ainda assim, não podemos abandonar as ruas ou assumir que estar nas ruas é “fazer o jogo” do bolsonaro. Isso seria decretar para nós mesmos uma derrota infernal: se saímos, perdemos, se continuamos em casa, perdemos. A polícia em São Paulo vem intensificando sua prática genocida nas periferias, a pandemia radicalizou as muitas formas de racismo estatal e de funcionamento colonial da nossa sociedade. Os corpos mais expostos são os corpos negros ao mesmo tempo que são as mulheres negras que estão também nos trabalhos dos cuidados da saúde, amortecendo anos de precarização do SUS. É uma situação insuportável, não podemos permitir que o fascismo neocolonial se imponha como consenso – estar nas ruas é um modo de produzirmos ruídos, de dizer que a histórias não acabou e que não vamos seguir em silêncio diante do extermínio.
GUSTAVO TORREZAN
No Brasil a rua é onde tudo pode acontecer. É o lugar do cruzo ou encruzilhada, digo a partir das proposições de Luiz Rufino. A rua é esse lugar do “entre”, da intersecção para e na sociedade brasileira. É onde historicamente se torna público, comum, algum tipo de festejo, de reivindicação, de luta, de caminhar. Então, a rua é mais que um lugar físico, pra mim ela é também uma ideia, um conceito que se faz em determinadas conjunturas.
A rua tem papel fundamental na constituição da sociedade brasileira, seja por pensá-la no lugar do comum, da socialização ou como expressão do inverso da casa (da posse privada e da higienização, só pra citar dois exemplos). Como consequência desse papel, a rua é também fundamental na e para a mobilização, nas e para as lutas sociais, embora isso venha mudando pouco a pouco. Digo que muda, não no sentido de diminuir sua importância, mas no sentido de ampliar o que se pode pensar por rua, ou seja, os espaços de tornar comum, de sociabilização, de construção de discursos, de afirmação de identidades e de reivindicações. Amplia-se o sentido de rua e de lugar para reivindicação porque essas encruzilhadas também se dão em outros meios, especialmente esses que costumamos simplificadamente chamar de “tecnológicos” (rádio, televisão, jornais, revistas e, nos dias de hoje, especialmente a internet).
Por outro lado, é impossível de dizer que a rua tal qual a pensamos no seu sentido literal deixa de ser palco importante para lutas sociais na atualidade. Aqui lembro por exemplo da luta dos ativistas de redução de danos no território da Cracolândia, em São Paulo. Lá, na rua do fluxo que é habitada pelos usuários, na rua Helvetia substancialmente, é onde acontece a ação e as lutas efetivas da população que lá vive e daqueles que compactuam com a causa. O significado de rua muda – e essa mudança não é de agora, mas intrínseca à sociedade brasileira e aos poderes que constituem o país. Onde há rua – em seus múltiplos sentidos que vão se expandindo, haverá disputa, expressão do poder e, por consequência, desejo de controle. Os sistemas de controle nas ruas têm aumentado mais e mais, seja pela polícia – braço armado do Estado e que cada vez mais se mostra como um poder paralelo ao Estado que a financia – seja pelos outros sistemas de controle, como câmeras de vigilância e outros tipos de normativas e gestão de governo publico ou privado. O controle se dá também nos outros meios. A internet, tal qual a rua, está cada vez mais privatizada e menos autônoma. Isso não significa que está tudo perdido e que as disputas não devem ser feitas, pois há muito o que disputar, e o campo de disputa só aumenta com a proliferação dos sentidos de ruas.
LARISSA SANTIAGO
As ruas têm um significado material para as lutas no mundo inteiro, mas especificamente no Brasil elas significam o pertencimento dos grupos que vão pra rua no espaço público. No Brasil a gente tem uma esfera pública reduzida a grandes conglomerados de empresas de comunicação que são geridas por diferentes famílias que tem heranças coloniais bastante arraigadas, heranças racistas, patriarcais, etc. Então, institucionalmente, há uma esfera pública que não permite e que sistematicamente cerceia as vozes das diferentes populações, organizações e composições da sociedade civil brasileira. A rua se torna assim não só palco, mas o território central da expressão das lutas dos movimentos sociais brasileiros.
Todas as vezes em que a gente precisa combater ou enunciar pró-ativamente alguma coisa, nós vamos pra rua. Trazendo a perspectiva das mulheres desde 2012, com todas as primaveras (nós no Brasil fizemos várias primaveras, que culminaram em diferentes processos: marcha das margaridas, marcha das mulheres negras, marcha das mulheres indígenas etc), a rua tem um significado de não ser só palco, mas ser território.
Com a pandemia, tudo muda um pouco. Muda o significado de estar na rua porque muda nosso comportamento diante de uns dos outros e diante do que representa essa saída agora. Quer dizer, estar em isolamento e depois perceber que se faz necessário estar na rua, ganha um outro significado para os encontros e as aglomerações.
RAFAEL HEIBER
A reconquista das ruas é um problema de forma e de função para a grande maioria das cidades e seus cidadãos. Hoje, a rua hoje poderia ser definida como espaço anônimo desenhado, sobretudo, para o fluxo de automóveis, que privatizam o espaço que ocupam e deixam para fora um lugar de ninguém. Por isso, é automática a ideia de que manifestar-se significa interromper o tráfego. Funciona para, por um momento, dar vazão a descontentamento coletivo acumulado.
Quais, na sua opinião, são os prós e contras de se ir às ruas hoje?
ALANA MORAES
Existe uma certa reivindicação do cuidado, por outro lado, que contribui para uma docilização ou pacificação dos corpos. O cuidado não pode ser uma prática que se realiza pelo medo, pelo medo do encontro, pelo medo do outro. Precisamos reencontrar maneiras de estarmos juntos, recriar uma atenção em relação a nós mesmos com o uso das máscaras, as distâncias ainda necessárias, recriar as nossas confianças, isso é o mais importante: sabermos trocar segurança por confiança nesse novo regime imunitário. Cuidado e combate estão juntos, não são opostos. Precisamos ser solidárias a todas que não podem ir às ruas, que não sesentem bem para isso, os que estão cuidando ou próximos de pessoas que fazem parte do grupo de risco ao mesmo tempo que vamos precisar estar nas ruas com uma atenção nova ao cuidado com o outro. Mais uma vez: não podemos cair na armadilha das grandes
mobilizações. Podemos pensar em ações diretas com grupos menores, ações que se coordenam ou não, mas que vão criando um caldo para a revolta coletiva. Fazer aliança com as trabalhadoras e trabalhadores que estão agora sentindo na pele as muitas camadas de precarização e sofrimento intensificadas pela pandemia: como podemos nos aliar com as trabalhadoras da saúde? que tipo de ação é desejável? Como podemos nos aliar com os trabalhadores dos aplicativos de entrega? Como podemos nos aliar com pequenos produtores em redes de distribuição menores sem depender da intermediação de grandes corporações? Como podemos nos aliar às lutas dos movimentos negros e periféricos que estão incansavelmente denunciando o genocídio da população negra?
Isso tudo nos exige abandonar o lugar de vanguardas, de “representantes” ou “responsáveis” por uma grande frente ampla que reúna condições ótimas para uma resistência – as lutas já estão acontecendo, existem muitas formas de resistir coletivamente e de criar outros modos de vida com autonomia e liberdade, precisamos saber reconstruir pequenas alianças, reativar nossa inteligência coletiva e seguir cozinhando o caldo da revolta em fogo brando até que ele possa entornar.
GUSTAVO TORREZAN
Para pensar nos prós e contras de ir às ruas hoje, parto da possibilidade de pensar um mínimo autogoverno sobre si – fato que é para poucos nos dias de hoje. No ativismo, é preciso antes avaliar os prós e contras. É preciso, neste tempo de pandemia, saber quais são os reais riscos e os reais modos de se prevenir; saber também o porquê de ir às ruas, para quê e por qual causa. Ou seja, se perguntar com franqueza e avaliar os prós, os contras e qual é a urgência? Se for algo extremamente urgente e sendo possível tomar as medidas de segurança, é sim importante ir às ruas; mas se não for algo urgente, e havendo risco real, é possível utilizar outros tipos de sociabilização e reivindicação. Acho que hoje os prós e contras de ir às ruas estão relacionados a uma estratégia de ação e, sobretudo, a uma “análise probabilística” daquilo que acabo de mencionar. A rua é uma tecnologia assim como outras, e é uma encruzilhada onde tudo pode acontecer. Quando não se pode utilizar uma via é preciso utilizar outra para chegar onde se deseja chegar.
Conto meu exemplo, o exemplo de alguém privilegiado. Fui às ruas logo no início da quarentena para gerar e participar de uma comunidade e de uma luta nas construções de Equipamento de Proteção Individual (EPI) de rosto, viseiras para profissionais de saúde e para quem estava no front. Medimos juntos os riscos e consideramos que valia a pena estar nessa ação. O resultado foi que ela gerou milhares de protetores para pessoas que não tinham escolha de ficar em casa. Por outro lado, não fui a nenhuma manifestação. Não me senti seguro nessa “analise probabilística”. Optei por gerar e por participar de reflexões a partir de “outras ruas”, como a internet e o rádio. No meu caso, escolhi ter uma vida de luta ou melhor uma vida em luta, e que para isso é preciso cuidar da saúde para que a vida continue, seja a minha ou daqueles com quem posso colaborar nesse sentido.
LARISSA SANTIAGO
Eu acredito que ir para as ruas, independentemente dos contextos, tem mais prós do que contras. Semanas atrás, quando as manifestações se intensificaram aqui no Brasil, algumas medidas foram tomadas, movimentos inclusive incentivaram as pessoas de grupo de risco a não participar das manifestações. Houve uma ponderação. Na minha concepção de mulher negra, ir às ruas num momento pandêmico tem muito mais prós do que contra. De maneira nenhuma estamos fazendo um discurso de que a pandemia ela não é real, que os riscos não são reais; pelo contrário, os números têm crescido. Mas diante do combo que é crise pandêmica + crise política + crise econômica, existem mais vantagens de estar na rua,e essas vantagens são justamente promover a participação política, pressionar os governos e as instituições para as mudanças radicais e permitir que algumas vozes, que alguns corpos, sejam vistos e ouvidos e tenham a sua narrativa contada.
RAFAEL HEIBER
O desafio, provavelmente utópico, é reconverter as ruas em espaço verdadeiramente público, de movimento e também de permanência. Somente a substituição da energia fóssil por forças facilitadoras de coerção social poderiam redefinir as ruas como lugar de prática cidadã.
O que pode ser feito fora das ruas neste momento?
ALANA MORAES
Teremos que reaprender como nos organizar em grupos menores, com nossas experiências e experimentações menores, criar uma comunicação e trocas entre pequenos grupos de ação. Aprender com os indígenas, os quilombos, as rádios comunitárias, as ocupações, as cozinhas coletivas. Todos esses praticam uma política que não é uma política de “maiorias mobilizadas” prontas para serem representadas por um líder no alto de um carro de som, mas é uma política que está na vida, que emerge de uma trama de confianças, relações, de autonomia e de muitas singularidades, de cuidado e combate. Agora, mais do que nunca, vamos ter que reaprender como criar nossas infraestruturas coletivas, nos perguntar se somos mesmo capazes de sustentar uma vida não fascista entre nós para além dos momentos épicos das grandes mobilizações.
GUSTAVO TORREZAN
Considero, de modo rápido e direto, que é possível fazer quase tudo na rua hoje desde que tomadas as devidas precauções neste contexto pandêmico. Porém, colocaria ênfase na importância de fazer e de participar de ações sociais no território. Entre os inúmeros exemplos que posso citar, digo dos combates aos injustos e irresponsáveis despejos que infelizmente tem sido feitos mesmo neste contexto de crise sanitária.
RAFAEL HEIBER
Além de rever paradigmas do planejamento urbano, não esqueçamos o papel das tecnologias de comunicação e seus algoritmos, para que não sejam eles as novas ruas de anonimato a definir nosso rumo, possivelmente ainda mais solitário que no interior de um automóvel e mais marginal que um pedestre na calçada.
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Alana Moraes é feminista, pesquisadora interessada em práticas não-proprietárias e tecnologias do Comum. Durante a pandemia, ativa um projeto de extensão chamado Zona de Contágio, uma investigação coletiva sobre modos de conhecer contra-coloniais, autonomias e ciências de um mundo por vir: https://www.tramadora.net/category/zonadecontagio/
Gustavo Torrezan é artista, educador, pesquisador. Graduado em Artes Plásticas, mestre em Educação e doutor em Poéticas Visuais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É pesquisador no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo. /Crédito da foto: Dino Moura
Larissa Santiago é comunicadora, feminista negra e compõe o time da Escola de Ativismo.
Rafael Heiber é o cofundador do Common Action Forum. Geógrafo, mestre em organização espacial e doutor em sociologia, sua área de especialização inclui mobilidades, climatologia, política e os vínculos entre território, tecnologia e cidadania. Ele também é consultor, comentarista e colunista em diferentes meios de comunicação internacionais.
Boletim #32
Bem-vinde ao Boletim de Notícias do Núcleo de Cuidados da Escola de Ativismo.
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Leia também o blog da Escola
No meio da pandemia, continuamos a manter nosso compromisso com as notícias que nos inspiram mais do que nos deixam na bad. Sendo assim, ao lado dos temas, manteremos os avisos de [alto astral] para notícias e indicações inspiradoras e que nos chama a ação e [bad vibes] para as que assim se caracterizam.
Esperamos que este Boletim lhes chegue bem!
Resistências ♥ [alto astral]
Alvos do genocídio: quem somos?
A Coalizão Negra por Direitos construiu um site onde é possível ver gráficos, dados e informações sobre o genocídio da população negra além de permitir que as pessoas pressionem veículos de comunicação a noticiar sobre. Veja aqui.
#SeusDadosSãoVocê: Guia do Eleitor para desintoxicar seus dados
Suas redes sociais monitoram seu comportamento e acompanham suas preferências para montar um marketing funcional para você. Acesse já o Guia do Eleitor elaborado pela Casa Hacker e modifique suas configurações de perfil.
Único em Cannes, o filme Casa de Antiguidades aposta numa narrativa antiracista
Com Antonio Pitanga interpretando Cristovan, um homem em busca de melhores condições de trabalho em um território novo, o primeiro longa-metragem do cineasta João Paulo Miranda Maria, Casa de Antiguidades, entrou para a Seleção Oficial da 73º edição do Festival de Cannes 2020. Leia na Revista Efe.
Episódio #50 do Podcast Tecnopolítica debate tecnologia e racismo
O podcast Tecnopolítica chegou ao episódio 50 e neste episódio, receberam a filósofa e militante do movimento negro, Sueli Carneiro, para discutir com o pesquisador, Tarcízio Silva, o tema da tecnologia e do racismo. Ao longo do bate-papo, o debate passa pela ambivalência das tecnologias para o racismo ampliado pelos sistemas algorítmicos. Veja no canal do youtube do TecnoPolítica.
Zona de Contágio: corpos sensores e ciências de risco
Zona de Contágio é um laboratório situado, prática coletiva de uma ciência do contato implicada em habitar a pandemia COVID-19 como um acontecimento: “um acontecimento está no interior da existência e das estratégias que o perpassam”. Ele surge como uma plataforma de convergência entre pesquisadorxs-ativistas cujo trabalho de investigação viu-se forçado a pensar com a intrusão viral. Leia mais na Tramadora.
Cartas Semanais: Uma agenda de 10 pontos para o Sul Global pós-covid-19
O Instituto Tricontinental de Pesquisa Social tem escrito semanalmente uma carta para os movimentos sociais. Nesta última, eles abordam a aprovação da Nova Ordem Econômica Internacional e sugere um conjunto de pautas em contra-ponto a esta proposta. Leia na The Tricontinental.
Revista Serrote ganha edição digital
A serrote lançou uma edição especial, gratuita e digital, que reflete sobre o momento de exceção que vivemos. A revista apresenta seis ensaios inéditos sobre impactos políticos e sociais da pandemia, três ensaios visuais e a tradução de “O vínculo da vergonha”, clássico do historiador Carlo Ginzburg que fala diretamente ao Brasil de hoje. Leia no site da Revista Serrote.
COVID19 e Meio Ambiente [bad vibes]
Saúde planetária e COVID19: a degradação ambiental como a origem da pandemia atual
É amplamente aceito que o SARS-CoV-2 (vírus da Covid19) se originou do pangolim (tatu bola) selvagem vendidos em um mercado para consumo humano em Wuhan. Como ocorreu anteriormente com o SARS (2003), a gripe suína(2009) e MERS (2012), o contato entre espécies silvestres e humanos permitiu que o vírus cruzasse entre as espécies, o que resultou na aparição de um nova doença humana, que é propagada rapidamente no mundo globalizado. Leia mais no Instituto Saúde Global.
Ponta do Iceberg: a destruição da natureza é responsável pela Covid19?
À medida que a perda de habitat e biodiversidade aumenta globalmente, o surto de coronavírus pode ser apenas o começo de pandemias em massa. Leia no The Guardian.
Recorde de lixo eletrônico: 2019 chegamos a 53.6 milhões de toneladas!
Em 2019, o mundo desperdiçou um recorde de 53,6 milhões de toneladas métricas de lixo eletrônico no valor de US $ 57 bilhões em vez de reciclá-lo, informou a União Internacional de Telecomunicações das Nações Unidas (UIT). Leia mais em Proceso.
Política e natureza: um artigo da Revista Tuíra
Muitas mediações da relação entre ser humano e natureza são possíveis — e, com elas, podem emergir novos modos de existir e conviver, novas cosmopolíticas e lutas floresta. Leia no medium da Tuíra.
Ouça o recado Yanomami: um manifesto e pedido de socorro
As comunidades da Terra Indígena Yanomami estão gravemente meaçadas!No passado, perdemos muitos de nossos familiares para as doenças que os não indígenas trouxeram e ainda hoje sofremos com essas perdas. Não queremos que tragam mais doenças, ameaçando a vida de nossos parentes. Leia mais na plataforma “Fora Garimpo, Fora Covid”.
5G, hiperconectividade e demanda para universalizar o diverso
Nesta entrevista, Loreto Bravo e Peter Bloom apontam os perigosos contornos coloniais e extrativistas de uma nova fase do capitalismo, incentivada pela tecnologia 5G, que se alimenta de todos os aspectos da experiência humana. Leia na Pikara Magazine.
Notícias [bad vibes]
Após prisões de Queiroz, bolsonaristas escolhem aplicativos ultrasseguros para trocas de mensagens
Como alternativas mais seguras, os aplicativos de mensagens Signal e Confide tem sido usados por Bolsonaristas que abandonaram o WhatsApp depois das investigações conduzidas pela Polícia Federal. Leia mais no blog Sonar.
Cabos falsos de iPhone que hackeiam seu computador serão produzidos e vendidos em massa
Logo será mais fácil conseguir um cabo que parece um cabo legítimo da Apple, mas que permite que você sequestre remotamente um computador. O pesquisador de segurança por trás da ferramenta anunciou no final de semana que o cabo passara a ser produzido numa fábrica. Leia mais na Vice.
Artigos e Análises
Nem “master” (mestre) nem “Black List” (lista negra): o mundo do software se rebela contra as referências à escravidão [es]
Termos que fazem parte do vocabulário tecnológico têm conotações racistas que foram acentuadas pelo movimento #BlackLivesMatter após o assassinato de George Floyd, e agora coletivos, organizaçẽos e empresas estão tentando incentivar o uso de outros termos mais neutros. Saiba tudo na Xataca. Leia outra matéria sobre o assunto no UOL.
O Futuro é TransFeminista: da imaginação à ação [en]
Como seria o futuro se os algoritmos que comandam nossas interações diárias fossem desenvolvidos com base em valores feministas? E se as tecnologias fossem desenvolvidas para quebrar a matriz de dominação do capitalismo, hetero-patriarcado, supremacia branca e colonização? Leia no medium Deepdives.
Escola com partido
Aulas online obrigam milhões de alunos a usar app de empresa obscura que criou TV Bolsonaro. Saiba tudo na matéria do Intercept.
Privacidade e Vigilância
Pandemia de la vigilancia
Edward Snowden e Naomi Klein, discutem o aterrador estado de vigilância. Assista no youtube.
Discussão sobre ética dos aplicativos de reconhecimento facial
O fundador da Clearview AI, Hoan Ton, fala de legalidade, privacidade e parcialidade na era do reconhecimento facial.
A IBM não mais oferecerá, desenvolverá ou pesquisará tecnologia de reconhecimento facial [en].
Quase a totalidade da população brasileira já teve contato com tecnologia de biometria da Griaule
A empresa brasileira cria tecnologia biométrica com a finalidade de identificar pessoas através do rosto, impressões digitais, íris ou pela palma da mão. Se você é um dos quase 120 milhões de eleitores com cadastro biométrico, você já está no maior base biométrica do Brasil. Leia mais no UOL.
Racialidades
10 Invenções que não existiriam se não fossem as mulheres negras
Do GPS à tábua de passar roupa, passando pelo indentificador de chamadas, ligações de whatsapp, aquecimento central e até os GIFs. Confira 10 invenções criadas por mulheres negras. No instagram “Agora é que são elas“.
Ondjango Feminista
Colectivo feminista autónomo de activismo e educação em prol da realização dos direitos humanos das mulheres e meninas em Angola, a partir de uma perspectiva de justiça social, solidariedade e liberdade. Conheça o site Ondjango Feminista.
Uma conversa entre Paul Gilroy e Achille Mbembe: brutalismo, covid-19 e o Afro-pessimismo
Leia a transcrição de podcast originalmente publicada no site do Sarah Parker Remond Centre em 25 de junho de 2020. No medium do Allan Kardec Pereira.
Feminismos
“Navegando Livres pela Rede” [es]
É um programa de Comunicação para mulher, criado para tornar visível, acompanhar e mitigar a violência de gênero no ambiente digital e para promover os direitos digitais de mulheres, meninas e pessoas LGBTIQ. Saiba tudo no site Navegando Libres pela Red.
Como uma cientista negra usa suas habilidades de hacker contra o racismo
Nina é estudante universitária de ciência da computação, programadora, pesquisadora, voluntária, dá aulas e palestras e, todas suas ações miram o compartilhamento de conhecimento com jovens negros, principalmente mulheres para que eles se sintam fortalecidos para ocupar seus espaços no mercado de tecnologia. Se inspire com o trabalho da Nina também no UOL.
Misoginia e cumplicidade: pesquisa analisa mensagens e memes compartilhados em grupos de homens no Whatsapp
O que escondem os grupos masculinos? A partir da contribuição de homens que enviaram prints do conteúdo, professora da UnB observou o quanto a masculinidade é pautada na objetificação sexual das mulheres. Leia matéria completa no Globo.
Bancada feminina lança guia para a candidaturas de mulheres
A publicação tem o propósito de contribuir com a capacitação técnica e prática de mulheres que tenham interesse em se candidatar nas eleições municipais de 2020. Baixe no site da câmara dos deputados. No site da Câmara.
Ação Direta e Não Violência
A não-violência e a nova história da natureza humana [en]
Para nos levar ao mundo que realmente queremos, estas ações devem ser centradas em torno da não-violência, porque a escolha entre violência ou não-violência determina o tipo de mundo que, em última instância, resulta. Sentiu provocada? Leia mais no OpenDemocracy.
Os jogos com foco no ativismo podem mudar nosso comportamento?
Sem tempo para ligar para seu senador, fazer um protesto ou participar de uma missão de resgate em um matadouro, você pode ao menos salvar algumas galinhas em seu telefone. Graças ao novo aplicativo de direitos animais Paintball Hero, a libertação dos animais é agora tão fácil quanto clicar. Saiba mais no NPR.
Fãs entopem app que dedura protestos contra racismo com vídeos de k-pop
A polícia de Dallas (EUA) pediu que as pessoas usassem um app para enviar vídeos ou textos denunciando supostas atividades ilegais nos protestos contra o racismo após a morte de George Floyd. Mas, a polícia não contava com um contra-ataque inusitado: fãs de k-pop a favor das manifestações que se organizaram no Twitter e responderam ao chamado com fotos e vídeos de seus artistas favoritos. Saiba mais no UOL.
Cuidado coletivo e autocuidado
(Auto)cuidado – coletivo, político e inadiável
Termo, hoje incorporado pela lógica capitalista, começou a ser difundido nos anos 1980, em grupos feministas e antirracistas. Enxergava-se, no ato, potência de transformação social — inclusive para criar novos imaginários. É preciso recuperá-lo. Matéria completa no Outras Palavras.
Ansiedade, medo e exaustão: como a quarentena está abalando a saúde mental dos educadores
As rápidas mudanças, alto nível de cobranças, frustrações diárias e dificuldades técnicas durante o ensino remoto comprometem o psicológico dos educadores brasileiros. Leia na Nova Escola.
Greg News | Cuidado
Reflexões sobre cuidado, política e contexto de pandemia. Assista no canal Greg News.
Arte e Jogos
Audino vilão
Filosofia e cultura da periferia. Imperdível e genial! Assista e curta o canal Audino vilão.
Convocatória para artistas | Exposição de cartazes anti-Imperialistas
Esta série de quatro exposições online nos próximos meses servirá como instrumentos culturais para animar e aprofundar o processo político da Jornada Internacional de Luta Anti-Imperialista, uma plataforma política que emergiu de movimentos populares, organizações políticas e redes de todo o mundo. Saiba mais e envie sua arte no site da campanha.
Guias
Fortuna segurança digital – Não deixe o Mercúrio Retrogrado afetar suas comunicações digitais! [es]
Responda a este teste e descubra o cuidado que você pode incorporar às ações de comunicação on-line de sua organização, mídia ou coletivo. Saiba tudo no site da campanha.
Guia fácil para comunicar (e conspirar) em espaços seguros durante a COVID-19 [es]
Este guia vem oferecer as defensoras de direitos humanos, alternativas para que se comuniquem de maneira segura e de habitar espaços digitais com os riscos minimizados. Veja o site da IM-Defensoras.
Serviços
Formulários seguros online
Com algumas limitações para conta gratuita, mas bem melhor que formulários Google 🙂 Veja o site JotForm.
Edital
Fundo de resiliência global para meninas e mulheres jovens
O Fundo Global de Resiliência apóia ativistas femininas e jovens mulheres ativistas neste momento decisivo, com subsídios de resposta rápida totalmente flexíveis de até US$ 5.000. Inscrições até 03 de Agosto! Saiba tudo aqui!
Casa Cidades – Chamada de Projetos para apoio ao fortalecimento das organizações que trabalham pelo direito ao território
O Fundo Casa Socioambiental lança duas Chamadas de Projetos, um para região Norte do Brasil, com foco no fortalecimento de comunidades amazônicas frente ao debate sobre mudanças climáticas, direito ao território e a justiça socioambiental. Já na região Nordeste, irá apoiar iniciativas que promovam a conexão entre campo e cidade assim como a construção de capacidades e projetos com foco no direito socioambiental e na sustentabilidade do território. Saiba mais.
Iniciativas
Carangueijo Tabaiares Resiste
Caranguejo Tabaiares é uma comunidade ribeirinha localizada em área central do Recife onde vivem 5 mil famílias. Com a pandemia, as dificuldades aumentaram, muitas moradias não tem água encanada e a maioria das moradoras tiveram sua renda ligada ao trabalho informal comprometida. A comunidade depende da solidariedade de outras pessoas para permanecer viva nesse momento. Veja como colaborar no site Mapa Solidário.
Boletín #32
Bienvenido al boletín de noticias del Núcleo de Cuidados de la Escuela de Activismo.
Si prefieres leer esto en tu navegador, o acceder a los números anteriores, haz clic aquí.
Lee también el blog de la Escuela.
En plena pandemia, continuamos manteniendo nuestro compromiso con las noticias que nos inspiran más que las que nos dejan mal. De esta forma, al lado de los temas, mantenemos los avisos de [buena vibra] para noticias e indicaciones inspiradoras y que nos hacen un llamado a la acción y [mala vibra] para las que así se caracterizan.
¡Esperamos que este Boletín les llegue bien!
Resistencias ♥ [buena vibra]
Blancos del genocidio: ¿quiénes somos?
Coalizão Negra por Direitos (Colisión negra por derechos) construyó una página web donde es posible ver gráficos, datos e informaciones sobre el genocidio de la población negra además de permitir que las personas puedan presionar a los vehículos de comunicación para que noticien sobre este asunto. Vea aquí.
#SeusDadosSãoVocê: Guía del elector para desintoxicar sus datos
Sus redes sociales monitorean su comportamiento y siguen sus preferencias para montar un marketing funcional para usted. Acceda ahora a Guía del Elector elaborado por la Casa Hacker y modifique sus configuraciones de perfil.
Único en Cannes, la película Casa de Antigüedades apuesta en una narrativa antirracista
Con Antonio Pitanga interpretando Cristovan, un hombre en busca de mejores condiciones de trabajo, en un territorio nuevo, este es el primer largometraje del cineasta João Paulo Miranda Maria, Casa de Antigüedades, entró a la Selección Oficial de la 73º edición del Festival de Cannes 2020. Lea más en la Revista Efe.
Episodio #50 del Podcast Tecnopolítica debate tecnología y racismo
El podcast Tecnopolítica ha llegado a su episodio 50 y en este episodio, recibieron a la filósofa y militante del movimiento negro, Sueli Carneiro, para discutir con el investigador, Tarcízio Silva, el tema tecnología y racismo. A lo largo de la charla, el debate pasa por la ambivalencia de las tecnologías al racismo ampliado por los sistemas algorítmicos. Mire el canal de youtube de TecnoPolítica.
Zona de Contágio (Zona de contagio): cuerpos sensores y ciencias de riesgo
Zona de Contágio es un laboratorio situado, práctica colectiva de una ciencia del contacto implicada en habitar la pandemia COVID-19 como un acontecimiento: “un acontecimiento está en el interior de la existencia y de las estrategias que lo sobrepasan”. Surge como una plataforma de convergencia entre invertigadorxs-activistas cuyo trabajo de investigación se vio forzado a pensar con la intrusión viral. Lea más en Tramadora.
Cartas Semanales: Una agenda de 10 puntos para el Sul Global post-covid-19
El Instituto Tricontinental de Pesquisa Social ha escrito semanalmente una carta a los movimientos sociales. En esta última, abordaron la aprobación de la Nueva Orden Económica Internacional y sugiere un conjunto de pautas en contrapunto a esta propuesta. Lea en The Tricontinental.
Revista Serrote obtiene edición digital
Serrote lanzó una edición especial, gratuita y digital, que reflexiona sobre el momento de excepción que vivimos. La revista presenta seis ensayos inéditos sobre los impactos políticos y sociales de la pandemia, tres ensayos visuales y la traducción de “El vínculo de la vergüenza”, un clásico del historiador Carlo Ginzburg que se dirige directamente al Brasil de hoy. Lea en la página web de la Revista Serrote.
COVID19 y Medio Ambiente [mala vibra]
Salud planetaria y COVID19: la degradación ambiental como el origen de la pandemia actual
Es ampliamente aceptado que SARS-CoV-2 (virus de Covid19) se originó del folidoto (armadillo bola) salvaje vendido en un mercado para consumo humano en Wuhan. Como ocurrió anteriormente con SARS (2003), la gripe porcina (2009) y MERS (2012), el contacto entre especies silvestres y los humanos permitió que el virus cruzase entre las especies, que resultó en la aparición de una nueva enfermedad humana, que se propaga rápidamente en el mundo globalizado. Lea más en Instituto Salud Global.
Punta del Iceberg: ¿la destrucción de la naturaleza es responsable por Covid19?
A medida que la pérdida de hábitat y biodiversidad aumenta globalmente, el brote de coronavirus puede ser apenas el comienzo de pandemias en masa. Lea en The Guardian.
Récord de basura electrónica: ¡En 2019 llegamos a 53.6 millones de toneladas!
En 2019, el mundo desperdició un récord de 53,6 millones de toneladas métricas de basura electrónica valorada en US $ 57 mil millones en vez de reciclarla, informó la Unión Internacional de Telecomunicaciones de las Naciones Unidas (UIT). Lea más en Proceso.
Política y naturaleza: un artículo de la Revista Tuíra
Muchas mediaciones de la relación entre el ser humano y la naturaleza son posibles —y, con ellas, pueden surgir nuevos modos de existir y convivir, nuevas cosmopoliticas y luchas floresta. Lea en el medium de Tuíra.
Escucha el recado Yanomami: una manifestación y pedido de socorro
¡Las comunidades de Terra Indígena Yanomami están gravemente amenazadas! En el pasado, perdimos muchos familiares nuestros por causa de las enfermedades que los no indígenas trajeron y hasta hoy sufrimos con estas pérdidas. No queremos que traigan más enfermedades, que amenazan la vida de nuestros parientes. Lea más en la plataforma “Fora Garimpo, Fora Covid”.
5G, hiperconectividad y demanda para universalizar lo diverso
En esta entrevista, Loreto Bravo y Peter Bloom apuntan los peligrosos contornos coloniales y extractivistas de una nueva fase del capitalismo, incentivada por la tecnología 5G, que se alimenta de todos los aspectos de la experiencia humana. Lea en Pikara Magazine.
Noticias [mala vibra]
Después de las prisiones de Queiroz, bolsonaristas eligen aplicaciones altamente seguras para el intercambio de mensajes
Como alternativas más seguras, las aplicaciones de mensajes Signal y Confide han sido usadas por Bolsonaristas que abandonaron WhatsApp después de las investigaciones conducidas por la Policía Federal. Lea más en el blog Sonar.
Cables falsos de iPhone que hackean su computadora serán producidos y vendidos en masa
Pronto será más fácil conseguir un cable que parece un cabo legítimo de Apple, pero que permite que se secuestre remotamente una computadora. El investigador de seguridad por detrás de la herramienta anunció el fin de semana que este cable será producido en una fábrica. Leia más en Vice.
Artículos y análisis
Ni “master” (maestro) ni “Black List” (lista negra): el mundo del software se rebela contra las referencias a esclavitud [es]
Términos que hacer parte del vocabulario tecnológico tienen connotaciones racistas que fueron acentuadas por el movimiento #BlackLivesMatter después del asesinato de George Floyd, y ahora colectivos, organizaciones y empresas están intentando incentivar el uso de otros términos más neutros. Sepa todo en Xataca. Lea otra materia sobre el asunto en UOL.
El Futuro es TransFeminista: de la imaginación a la acción [en]
¿Cómo sería el futuro si los algoritmos que comandan nuestras interacciones diarias fuesen desarrollados con base en valores feministas? ¿Y si las tecnologías fuesen desarrolladas para quebrar la matriz de dominación del capitalismo, hetero-patriarcado, supremacía blanca y colonización? Lea en el medium Deepdives.
Escuela con partido
Clases online obligan a millones de alumnos a usar app de empresa obscura que creó TV Bolsonaro. Sepa todo en la materia de Intercept.
Privacidad y vigilancia
Pandemia de la vigilancia
Edward Snowden y Naomi Klein, discuten el aterrador estado de vigilancia. Mire en youtube.
Discusión sobre la ética de las aplicaciones de reconocimiento facial:
El fundador de Clearview AI, Hoan Ton, habla de legalidad, privacidad y parcialidad en la era de reconocimiento facial.
IBM no ofrecerá más, ni desarrollará o investigará tecnología de reconocimiento facial [en].
Casi toda la población brasileña ya ha tenido contacto con la tecnología de biometría de Griaule
La empresa brasileña crea tecnología biométrica con la finalidad de identificar personas a través de sus rostros, impresiones digitales, iris o por las palmas de la mano. Si usted es uno de los casi 120 millones de electores con registro biométrico, usted ya está en la mayor base biométrica de Brasil. Lea más en UOL.
Racialidades
10 inventos que no existirían si no fuera por las mujeres negras
Del GPS al planchador de ropa, pasando por el identificador de llamadas, llamadas de whatsapp, calentamiento central y hasta GIFs. Conoce 10 inventos creados por mujeres negras. En el Instagram “Agora é que são elas“.
Ondjango Feminista
Colectivo feminista autónomo de activismo y educación en pro de la realización de los derechos humanos de mujeres y niñas en Angola, a partir de una perspectiva de justicia social, solidaridad y libertad. Conozca la página web Ondjango Feminista.
Una charla entre Paul Gilroy y Achille Mbembe: brutalismo, covid-19 y el Afropesimismo
Lea la transcripción del podcast originalmente publicada en la página web de Sarah Parker Remond Centre el 25 de junio de 2020. En el medium de Allan Kardec Pereira.
Feminismos
“Navegando libres por la red ” [es]
Es un programa de Comunicación para mujeres, creado para hacer visible, acompañar y mitigar la violencia de género en el ambiente digital y para promover los derechos digitales de mujeres, niñas y personas LGBTIQ. Sepa más en la página web Navegando Libres por la Red.
Como una científica negra usa sus habilidades de hacker contra el racismo
Nina es estudiante universitaria de ciencias de la computación, programadora, investigadora, voluntaria, da clases y charlas y, todas sus acciones buscan el compartimiento de conocimiento con jóvenes negros, principalmente mujeres para que se sientan fortalecidas para ocupar sus espacios en el mercado de tecnología. Inspírese también con el trabajo de Nina en UOL.
Misoginia y complicidad: estudio analiza mensajes y memes compartidos en grupos de hombres de Whatsapp
¿Qué esconden los grupos masculinos? A partir de la contribución de hombres que enviaron prints de contenido, una profesora de la UnB observó cuanto la masculinidad se pauta en la objetificación de las mujeres. Lea la materia completa en Globo.
Comisión femenina lanza guía para la candidatura de mujeres
La publicación tiene el propósito de contribuir con la capacitación técnica y práctica de mujeres que tengan interés en candidatearse en las elecciones municipales de 2020. Descargue la guía de la página web de la Cámara de Diputados. En la página web de la Cámara.
Acción directa y no violencia
La no violencia y la nueva historia de la naturaleza humana [en]
Para llegar al mundo que realmente queremos, estas acciones deben estar centradas en función de la no violencia, porque la elección entre violencia o no violencia determina el tipo de mundo que, en última instancia, resulta. ¿Se sintió provocada? Lea más en OpenDemocracy.
¿Los juegos con enfoque en el activismo pueden cambiar nuestro comportamiento?
Sin tiempo para llamar a su senador, protestar o participar de una misión de rescate de un matadero, usted puede al menos salvar algunas gallinas por teléfono. Gracias a la nueva aplicación de derechos de animales Paintball Hero, la liberación de los animales ahora es tan fácil como hacer un clic. Sepa más en NPR.
Fans llenan app que delata reclamaciones contra racismo con videos de k-pop
La policía de Dallas (EUA) pidió que las personas usaran una app para enviar videos o textos denunciando supuestas actividades ilegales en los protestos contra el racismo después de la muerte de George Floyd. Pero, la policía no contaba con un contraataque inusitado: fans de k-pop a favor de las manifestaciones que se organizaron en Twitter y respondieron al llamado con fotos y videos de sus artistas favoritos. Sepa más en UOL.
Cuidado colectivo y autocuidado
(Auto)cuidado – colectivo, político y impostergable
Término, hoy incorporado por la lógica capitalista, comenzó a ser difundido en los años 1980, en grupos feministas y antirracistas. Se veía, en el acto, potencia de transformación social — incluso para crear nuevos imaginarios. Es necesario recuperarlo. Materia completa en Outras Palavras.
Ansiedad, miedo y agotamiento: cómo la cuarentena está afectando la salud mental de los educadores
Los rápidos cambios, alto nivel de reclamaciones, frustraciones diarias y dificultades técnicas durante la enseñanza remota comprometen el estado psicológico de los educadores brasileños. Lea en Nova Escola.
Greg News | Cuidado
Reflexiones sobre cuidado, política y contexto de pandemia. Mire el canal Greg News.
Arte y juegos
Audino vilão
Filosofía y cultura de la periferia. ¡Imperdible y genial! Mire y dele me gusta al canal Audino vilão.
Convocatoria para artistas | Exposición de carteles antiimperialistas
Esta serie de cuatro exposiciones online los próximos meses servirá como instrumento cultural para animar y profundizar el proceso político de la Jornada Internacional de Lucha Antiimperialista, una plataforma política que surgió de movimientos populares, organizaciones políticas y redes de todo el mundo. Sepa más y envíe su arte a la página web de la campaña.
Guías
Fortuna seguridad digital – ¡No deje el Mercurio Retrogrado afecte su comunicación digital! [es]
Responda a esta prueba y descubra el cuidado que usted puede incorporar a las acciones de comunicación on-line de su organización, redes o colectivo. Sepa todo en la página web de la campaña.
Guía fácil para comunicar (y conspirar) en espacios seguros durante la COVID-19 [es]
Esta guía ofrece a las defensoras de derechos humanos, alternativas para que se comuniquen de forma segura y habitar espacios digitales con riesgos mínimos. Visite la página web de IM-Defensoras.
Servicios:
Formularios seguros online
Con algunas limitaciones para el caso de cuenta gratuita, pero mucho mejor que los formularios Google 🙂 Visite la página web JotForm.
Edicto
Fundo de resiliencia global para niñas y mujeres jóvenes
El Fondo Global de Resiliencia apoya a activistas femeninas y jóvenes mujeres activistas en este momento decisivo, con subsidios de respuesta rápida totalmente flexibles de hasta US$ 5.000. ¡Inscripciones abiertas hasta el 3 de Agosto! ¡Sepa todo aquí!
Casa Ciudades – Llamado de proyectos para el apoyo al fortalecimiento de las organizaciones que trabajan por el derecho a territorio
El Fondo Casa Socioambiental lanza dos llamados de proyectos, uno para la región Norte de Brasil, con enfoque en el fortalecimiento de comunidades amazónicas frente al debate sobre cambios climáticos, derecho a territorio y justicia socioambiental. Ya en la región Nordeste, apoyará iniciativas que promuevan la conexión entre campo y ciudad así como la construcción de capacidades y proyectos con enfoque en el derecho socioambiental y la sostenibilidad de territorio. Sepa más.
Iniciativas
Carangueijo Tabaiares Resiste
Caranguejo Tabaiares es una comunidad ribereña ubicada en el área central de Recife donde viven 5 mil familias, Con la pandemia, las dificultades aumentaron, muchas casas no tienen red de agua potable y la mayoría de las pobladoras ha tenido su renta vinculada al trabajo informal siendo afectada. La comunidad depende de la solidaridad de otras personas para permanecer viva en este momento. Sepa cómo colaborar en la página web Mapa Solidario.
As ruas 3, por Alexandre Filordi, Emanuela Castro e Raphael Escobar
Apresentamos as mesmas questões para um conjunto de pesquisadores e ativistas sobre um tema inescapável de toda luta social: as ruas. O resultado dessa consulta TUÍRA publica em blocos de três comentários.
Abaixo seguem as reflexões de Alexandre Filordi (psicanalista e professor da Unifesp), Emanuela Castro (comunicadora feminista) e Raphael Escobar (educador social).
Alexandre Filordi Emanuela Castro Raphael Escobar
Qual o significado da rua para a mobilização e as lutas sociais no Brasil? Esse significado está mudando agora?
ALEXANDRE FILORDI
A rua é o território democrático por excelência. A rua reverbera os anseios por justiça social quando o “morro” desce, o caiçara sobe, o quilombola dança a ancestralidade humana, os povos das florestas celebram a pulsão da vida que transborda a urbanidade. A rua é a trajetividade política por excelência, pois a rua é coisa pública – res publica. A rua foi e sempre será a artéria viva das reivindicações contra as opressões e sujeições das elites, pois estas evitam as ruas, isolando-se delas em seus condomínios luxuosos. A rua agora está em estado latente. Preservarmo-nos da rua é essencial agora, contudo, para fazermos vibrá-la depois, com mais força ainda. Para mim, não é o seu significado que muda neste tempo de pandemia. O que está em jogo é maturar o desejo por mais-rua e, no instante preciso, retomá-la como cartografia de lutas por outros modos de viver, mais justos e menos opressores.
EMANUELA CASTRO
A rua sempre foi o espaço de disputa de posicionamento político e de projetos civilizatórios na humanidade. Seja nas cidades, nas comunidades rurais e nas florestas, os ativistas sempre ocuparam esses espaços para serem vistos e ouvidos, por meio de seus corpos, vozes, expressões e intervenções. Sempre marcados por grandes manifestações, revelava a insatisfação ou luta por direitos. Mas com a pandemia e a necessidade de isolamento social, esse estar no mundo mudou. A rua como espaço hegemônico de expressão e termômetro dos fenômenos sociais pode estar entrando em crise. Em quatro meses, ativistas de movimentos sociais e organizações sociais de luta por direitos, tiveram que se reinventar. A disputa da narrativa saiu das ruas do concreto e foram para as ruas da internet. O online nunca foi tão presente e a comunicação tão necessária. Agora a disputa de narrativas está ocupando as lives, grupos de discussão, produção de conteúdos nos blogs, com vídeos, imagem e áudios. O estar próximo agora é estar conectado. Mas conectado pelo coletivo e pra luta.
RAPHAEL ESCOBAR
Historicamente a rua é um espaço para a luta. A rua traz em si a ideia de público e carrega nela as diversas camadas de conflito, pois o espaço público nunca foi apaziguador: ele mostra conflitos de classe a todo o momento. A rua é o espaço da greve, da manifestação, do uso de drogas, da desobediência civil, da derrubada de monumentos, da depredação de símbolos de poder e da disputa a fim de conquistar direitos sociais. A rua é a possibilidade de pautar politicamente como o Estado deve proceder. Logo, a rua é o espaço para cobrar e propor.
Não dá pra deixar de lado uma mudança forte, que vem acontecendo de anos para cá, da direita ocupando o mesmo espaço e tentando usar de estratégias similares: grandes manifestações, balões voando, carros de som. Isso pode estar esvaziando estratégias que antes eram boas opções, como gritos “Fora Fulano”, “Fora Sicrano”, ou até termos como democracia, saúde, entre outros.Acontece que com a entrada da direita na disputa da rua, parece que as discussões foram ficando rasas, muitas vezes ligadas a acontecimentos tão rápidos quanto a internet, não existindo reflexão ou criação de estratégias. Isso mostra a falta de um outro ponto importante da luta, que também é feito na rua: o trabalho de base.
Quais, na sua opinião, são os prós e contras de se ir às ruas hoje?
ALEXANDRE FILORDI
No momento, temos de inventar outras ruas: invadir sistemas; solapar caixa de e-mails de deputados, senadores, prefeitos, vereadores com reivindicações; bloquear e denunciar ruas virtuais racistas, sexistas, LGBTQIA+fóbicas etc; produzir ruas virtuais na globosfera denunciando as mazelas deste governo de extrema-direita mundo afora etc etc etc. A rua física deve ser desejada neste momento, porém, resguardada. Ir às ruas, agora, seria uma cumplicidade com os estratos mortíferos da pandemia; seria municiar o poder público com aquilo que ele mesmo não tem respeitado.
EMANUELA CASTRO
Nós, como ativistas, não podemos deixar de nos organizar e aproveitar as oportunidades para seguir na luta. Com toda cautela, ir às ruas hoje exige que tomemos um tempo para refletir e analisar a melhor estratégia para o contexto. Como aconteceu em Recife, com o caso de Miguel, que comoveu ativistas a se mobilizarem e ir às ruas contra o racismo estrutural e por pedidos de justiça. Neste caso, a indignação não cabia mais estar entre quatro paredes, era maior que o perigo em relação ao coronavírus. E, por esse motivo, respeito os que foram às ruas. Se a decisão é ir, que seja com poucas pessoas, mantendo o distanciamento social e com todos os cuidados possíveis recomendados pelos organismos de saúde. Sem colocar em risco ativistas que são mais vulneráveis ao COVID-19. Ainda assim, sou a favor de lançar várias frentes, provocando outras formas de estar no mundo, e de incidir sobre a luta.
RAPHAEL ESCOBAR
Não sei se a questão é sobre ir ou não ir para as ruas, acho que é sobre quem vai e como vai.
Em meio a pandemia, é perigoso fazer aglomerações, logo não acredito que seja o momento de manifestações de 10 mil pessoas gritando “Fora Bolsonaro”. Acredito que seja a hora de poucos na rua, com intervenções pontuais contra símbolos de poder. Quebrar banco, pichar monumento, botar fogo em ônibus.. É hora de demonstrar raiva (como já anda acontecendo em alguns lugares) e de outros tantos continuarem seus trabalhos de base e a fortalecer os seus nessa época, distribuindo cestas básicas, marmitas, cobertores, e, junto disso, ir fazendo base, para que em um futuro não tão distante estejamos mais organizados.
O que pode ser feito fora das ruas neste momento?
ALEXANDRE FILORDI
Podemos engendrar afetos fora dos circuitos programados com os familiares, por exemplo. Precisamos aprender a quebrar as sujeições tempoespaciais do capitalismo: ficar com a família e conosco mesmo de corpo e alma já é algo revolucionário, potencializando afetos legítimos, autênticos e exclusivos. Precisamos aprender a desligar as TVs, os celulares, os computadores, a Netflix para ficarmos uns com os outros. A captura do sistema de dominação não abre mão da captura de nossos sentidos, afetos e sentimentos nem de nossas percepções. Este momento pode potencializar formas de sensibilização fora dos circuitos do comércio, dos modismos, dos fetiches.
EMANUELA CASTRO
Conectar pessoas para a luta e criar redes de solidariedade e empatia podem animar outras pessoas que estão fora da kombi. E por que não?! Aprender sobre um outro tempo, e cuidar umas das outras por grupos de whatsapp, através de áudios, músicas e escuta ativa. É hora de cuidar de quem cuida. Mesmo sem os abraços, é possível estar junto de quem faz ativismo lá no Sertão do Pajeú, que por causa do isolamento não está mais nas reuniões de grupos presenciais, mas precisa de alimento de força e luta para continuar sua batalha por melhores dias. Conectar é a palavra do momento, fazer a política micro, colocar seus corpos, vozes, expressões a disposição nas ruas da internet. Não deixar passar nenhuma decisão da política institucional que venha interferir nos direitos humanos, sem deixar de dar sua opinião, sem deixar de se organizar para o enfrentamento. Formas simbólicas de estar na rua e demonstrá-las na rede. Ações filmadas e fotografadas com objetivo de difusão nas redes. Ir com interesse estético pode ampliar a difusão se acertar os desejos das pessoas. A rua como cenário das imagens ativistas atuais. Precisamos ser estratégicas/os e aproveitar essa oportunidade em meio ao caos que estamos vivendo. Sabe aquela flor que surge em meio ao asfalto? Precisamos de mais delas!
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Alexandre Filordi é educador, poeta e psicanalista. Atua na Universidade Federal de São Paulo.
Emanuela Castro é ativista do Fórum de Mulheres de Pernambuco e comunicadora social da ONG Casa da Mulher do Nordeste, feminista, agroecológica e humanista, jornalista e comunicadora social em Recife (PE).
Raphael Escobar é artista visual e educador social, trabalhando há 12 anos em contextos de vulnerabilidade social como Fundação CASA, Cracolândias e albergues. Participou da construção de coletivos como Sem Ternos e A Craco Resiste. Atualmente, compõe o coletivo Pagode na Lata (projeto que toca samba junto com os usuários da Cracolândia, em São Paulo, dentro do fluxo).
Ter saúde é cuidar de você, da sua comunidade e da natureza – Panfleto sobre a Covid e outras ameaças
Em tempos de pandemia, o debate sobre cuidar da saúde ganha contornos ainda mais relevantes. Apesar de não haver uma vacina contra a Covid-19, ter a saúde em dia, com o sistema imunológico fortalecido, é sempre recomendado. Além disso, é preciso pensar na saúde em termos globais, para além do próprio corpo. Cuidar de você, da sua família, da sua comunidade e de toda a natureza é um processo todo interligado. É o que mostra o material produzido pelo Comitê Popular do Rio Paraguai, a Escola de Ativismo, o Fé e Vida e o projeto Humedales sin Fronteras.
O material está sendo distribuído em mais de 12 comunidades rurais do Pantanal, com dicas importantes para a saúde, de prevenção à Covid-19 e também sobre cuidados para manter a saúde da natureza, tão ameaçada por “doenças” como as barragens de hidrelétricas, hidrovia, mineração e monocultura.
Conheça abaixo o panfleto:
Fake News e Coronavírus
A Escola de Ativismo realiza o Projeto MINA que, desde outubro de 2018, desenvolve apoio às ações coletivas para a promoção da dignidade e visibilidade das reivindicações das trabalhadoras sexuais cisgêneras, transexuais e travestis de Belo Horizonte e Região Metropolitana.
Em março de 2020 iniciamos a Jornada Izadora, um processo de aprendizagem em que os nove grupos formados por trabalhadoras sexuais executam projetos e ações de acordo com o tema escolhido pelas mesmas. Um destes é o “Grupo Educação e Cultura”, formado pelas integrantes Adriana Perseguin, Amanda Rodrigues, Carolina Morais, Sthephanny Di Mônaco e Taís Leão, são mulheres cis e trans trabalhadoras sexuais. Com a chegada da pandemia, a Jornada teve que passar por adaptações do processo para os meios online. Devido a isso, essas participantes perceberam as suas próprias dificuldades, assim como das suas amigas e colegas de trabalha ao usar a internet e smartphones, principal instrumento para acessarem as redes sociais e sites.
Consequentemente, compreenderam o desafio de identificar fake news e golpes, principalmente nesse contexto em que ficaram cada vez mais dependentes do acesso a internet para conseguir acessar o auxílio emergencial e para obter informações confiáveis sobre a COVID-19. Compreendendo essa realidade, o grupo Educação e Cultura realizou pesquisas e conversas sobre esses temas que resultou na elaboração e produção de uma cartilha intitulada “Fake e Verdades sobre o Coronavírus”.
O objetivo da cartilha é explicar de forma didática o que é fake news, quais são as formas de identificar e de se prevenir para não divulgar ou acreditar em uma notícia falsa, além que explicar como ter cuidados com dados pessoais e o que fazer se compartilhou alguma fake.
O material foi elaborado pelas integrantes do grupo com a colaboração no texto de Clara Luisa Oliveira, Iasminny Thábata Sousa Cruz, Isabelle Chagas, Karina Dias Gea e o design criado pela Paola Menezes. Outras ações do grupo sobre o assunto podem ser acessados no perfil do Instagram ou no site do Coletivo Clã das Lobas.
Para baixar a cartilha “Fake e Verdades sobre o Coronavírus” clique aqui.
As ruas 2, por Mikael Peric, Áurea Carolina e Salvador Schavelzon
Apresentamos as mesmas questões para um conjunto de pesquisadores e ativistas sobre um tema inescapável de toda luta social: as ruas. O resultado dessa consulta TUÍRA publica em blocos de três comentários.
Abaixo seguem as reflexões de Mikael Peric (biólogo e ativista), Áurea Carolina (deputada federal pelo PSOL-MG) e Salvador Schavelzon (antrópologo e professor da Universidade Federal de São Paulo).
Salvador Schavelzon Áurea Carolina / foto: Luís Macedo Mikael Peric
MIKAEL PERIC
Qual o significado da rua para a mobilização e as lutas sociais no Brasil? Esse significado está mudando agora?
As lutas sociais são lutas comuns, coletivas, plurais. Elas não fazem sentido no espaço privado (em grande parte das vezes). A rua é nóis, como disse Emicida. Na rua a gente cresce e se cria. Na rua a gente disputa e demonstra a nossa força. São poucas as mobilizações que têm tanto impacto e poder quanto as paralisações, as greves e atos que concentram contingentes grandes demais pra contar. É a vontade do povo. É a voz das ruas.
Quantas vezes nós já lemos um chamado do tipo: “Está marcado para a próxima quarta-feira o ato pelo direito de ocupar”? Os atos de rua, as passeatas e as ocupações temporárias são talvez as táticas mais importantes para as lutas sociais que se dão em espaço urbano no Brasil. Isso porque é no espaço público que a gente exerce nossos direitos coletivos. Exerce e luta. Defende e avança.
Esses significados não mudam agora. Muitos de nós seguem nas ruas, sem opção de isolamento ou distanciamento social. Outros se retiraram pelo bem do coletivo. Acredito que as ruas seguem sendo o termômetro, ao menos um deles. A pandemia há de passar. Nós seguiremos nas ruas.
Quais, na sua opinião, são os prós e contras de se ir às ruas hoje?
Ocupar as ruas hoje é muito desafiador. Isso porque as aglomerações e os descuidos vão fatalmente levar a óbito algumas pessoas que, eventualmente, nem sequer saíram para protestar. Em ato recente pela democracia, em São Paulo, ficou bastante claro que não temos (ao menos até aqui) a organização necessária para dar conta de protestar com muita gente em segurança. O grande contra de se ir às ruas hoje é a pandemia e poucos ‘prós’ vão superar este gigantesco ‘contra’.
Entretanto, eu não deixo de pensar que se formos capazes de ocupar as ruas com disciplina, em grande número, poderemos alcançar uma força talvez muito superior ao que estamos acostumados a ver e fazer. Distanciamento real e concreto, uso de equipamentos de segurança adequado, equipes de apoio e suporte bem distribuídas, compromisso com um mesmo projeto. Isso é força. Força que pode ser muito bem-vinda para o país e, principalmente, para as populações e para os corpos historicamente violentados e excluídos.
O que pode ser feito fora das ruas neste momento?
O que não é rua? O ambiente privado? O espaço particular tem pouco efeito simbólico nas lutas sociais. Ainda assim, de fato muito pode ser feito remotamente. Articulações, pactos, alinhamentos e aproximações. O fortalecimento dos grupos e movimentos pode acontecer fora das ruas e está acontecendo. O chamado ‘advocacy’, a promoção de ideias, a inovação no comportamento. Muito se pode fazer em tempos de pandemia.
Em termos de protesto, ação direta, denúncia e cobrança, para além de panelaços, bandeiras nas janelas, projeções, intervenções sonoras, protestos digitais, carreatas etc, eu gosto de insistir que cinco ou seis pessoas podem fazer nas ruas tanto quanto uma multidão. Estratégia, lógica, planejamento e persistência. Margaret Mead já deu a letra: “Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo. De fato, foi sempre assim que o mundo mudou”.
Um pequeno grupo de pessoas pode tomar todas as medidas de cuidado neste momento de pandemia enquanto realiza um ato simbólico tão potente que pode rodar o mundo ou derrubar um decreto presidencial em questão de horas. Existe uma diversidade de táticas enorme pra isso. Ação e ativismo tático podem ser quase qualquer coisa e podem alcançar, virtualmente, tudo.
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ÁUREA CAROLINA
[Uma única resposta para as três perguntas acima]
A rua é o espaço público por excelência. É onde encontramos as diferenças e experimentamos a convivência na diversidade. É, historicamente, o lugar onde as lutas confluem para defender direitos, pressionar o sistema político e buscar transformações sociais.
O surgimento das redes sociais modificou e segue reconfigurando as formas de atuação individual e coletiva no espaço público. Isso acontece graças à presença de novos sujeitos e linguagens no ambiente online, mas não necessariamente em detrimento das ruas. São espaços distintos em suas especificidades, mas complementares para as lutas.
No Brasil, pelo menos desde as Jornadas de Junho de 2013, a conexão entre o ambiente digital e as ruas trouxe para nós novos contornos, desafios e possibilidades para a democratização do espaço público. Agora, com a pandemia do novo coronavírus, as ruas precisaram ser repensadas para evitar o contágio da doença e o ambiente digital ganhou uma projeção ainda maior. As alternativas de organização política estão se diversificando, não sem limites e contradições. Ainda assim, eu acredito que não é possível abrir mão da mobilização presencial.
O que está colocado agora é como manter as medidas sanitárias e de afastamento social recomendadas para evitar o contágio pela Covid-19 e, ao mesmo tempo, continuar movendo as lutas por direitos e contra as ameaças antidemocráticas no país. Não uma equação de fácil solução, mas é inevitável que as ruas sejam um lugar de atualização da luta política mesmo durante a pandemia.
Os recentes levantes antirracistas que aconteceram nos Estados Unidos, em protesto após o assassinato brutal de George Floyd, tiveram ressonância em vários países no mundo e, aqui no Brasil, se juntaram às manifestações antifascistas. Tivemos atos em várias cidades, unindo atividade política online e presença nas ruas.
Uma das novidades foi a greve dos entregadores de aplicativos. São trabalhadores que passaram a receber uma demanda muito maior durante a pandemia, o que aprofundou uma situação de precarização extrema do seu trabalho. Tudo indica que continuarão a ocupar a rua por direitos, politizando esse lugar que é parte da sua própria condição de trabalho.
Nas redes sociais, muito pode ser feito e está sendo feito. Temos dinamizado e potencializado o uso das plataformas digitais, mas isso não é tudo. Precisamos repensar e recriar formas seguras de convivência presencial para seguir impulsionando as lutas, durante e após esse período crítico de enfrentamento à pandemia.
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SALVADOR SCHAVELZON
[Uma única resposta para as três perguntas acima]
As ruas podem ser um espaço de abertura contra a natureza fechada das instituições. Toda instituição determina um cercadinho, uma definição restrita de cidadania, uma forma específica de excluir e representar a luta social. Mas não vejo as ruas como sempre e necessariamente abertura. As instituições e o disciplinamento aprenderam faz tempo a lidar com as ruas. Muitas ruas aparecem como desfiles enquadrados, nostalgia, expressão impotente de quem se sente bem manifestando mas não altera o funcionamento de um poder que percorre tudo, até mesmo à lógica de mobilizar. Os atos na Paulista, as palavras de ordem da esquerda, as marchas em Brasília financiada com milhões de estruturas políticas sem vida totalmente adequadas à paisagem do já estabelecido: são ruas ritualizadas, esperadas, cheias de verdades que não foram.
Muito da oposição a Bolsonaro segue um padrão impotente, dos certos e civilizados que querem voltar ao governo contra a barbárie. É triste ver como a máquina de horror que é Bolsonaro às vezes mostra mais energia contra o sistema do que uma esquerda que prefere ficar no lugar da razão a se aproximar do jogo político real. Só no jogo político real podemos conseguir vitórias na disputa mais ampla onde Bolsonaro e todos os governos se situam. Temos então de pensar nas ruas que explodem de repente, param a cidade, movimentam as peças do tabuleiro, ou se impõem contra empresas, contra o racismo interiorizado, contra impérios ou Estados militarizados.
Junho de 2013 foi a rua da ruptura, da redefinição dos possíveis. E é sintomático como certa esquerda que hoje habita as ruas sem força questiona o acontecimento com desconfiança. O que teria aberto o caminho para a queda de um mundo que não fazia sentido para muitos não seria a falta de compromisso com o que Junho disse, mas a própria explosão da política nas ruas. Para esse pensamento, toda rua que não seja ritualística enquadrada é perigosa. São falas do poder, do estabelecido, mesmo que seus enunciadores se encontrem fora do governo.
Precisamos sair dessa ideia de que quem está na rua quer ser governo um dia, um governo melhor. As ruas são fortes quando dizem algo no momento em que se manifestam. Não são “demandas” que alguém vai poder organizar e levar para o governo ou representar um dia. Vemos nas ruas a construção de governos e representantes: o som alto do carro de som; as disputas de aparecer com a maior bandeira ou mais à frente, de “levar” tantos milhares; o líder que a mídia corre para entrevistar, ou inventar, se for preciso.
A rua é forte e reorganiza o real quando não é traduzível, não é representável, não se reduz a demandas concretas que uma autoridade possa atender para que todos voltem para casa. É o que determina seu perigo, única forma de ser uma força real no jogo político, porque ela não é um cálculo político para uma institucionalidade posterior, ela tem força porque irrompe como mundo novo que só pela sua existência já redefine todo o anterior e o que virá.
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Mikael Peric é membro da Escola de Ativismo. Entre suas atividades, compõe o Núcleo de Ação e Não-violência que se dedica a pensar e realizar processos de aprendizagem em ação direta. Biólogo, mestre em Ciências pela EACH (USP), se dedica a pensar a Evolução do Comportamento Humano através da perspectiva darwinista. Budista, vive a Não-Violência como paradigma de ação e luta.
Áurea Carolina de Freitas e Silva é deputada federal por Minas Gerais pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), educadora popular, especialista em gênero e igualdade pela Universidade Autônoma de Barcelona e mestra em ciência política pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Em 2016, foi a vereadora mais votada de Belo Horizonte.
Salvador Schavelzon é antropólogo e professor da Universidade Federal de São Paulo.
Fundo Casa lança editais de projetos para Norte e Nordeste
Escola ribeirinha, Belém (PA) Comunidade de Caranguejo/Tabaiares, Recife (PE)
Estão abertas até 10 de agosto duas novas chamadas de projetos do Fundo Casa com foco no direito ao território, uma para a região Norte, outra para a região Nordeste.
A chamada da região Norte é do programa Casa Cidades Amazônicas 2020, que visa fortalecer as comunidades amazônicas frente ao debate sobre mudanças climáticas, direito ao território e justiça socioambiental. Formação de grupos locais, elaboração de políticas públicas, ação de mulheres e jovens e outras iniciativas de fortalecimento da participação social estão previstas no escopo do edital. Serão selecionados até 35 projetos de até R$ 30 mil.
Para a região Nordeste, a chamada tem como objetivo apoiar trabalhos de grupos e movimentos de base com os temas do Direito à Cidade, Territórios Colaborativos e Sustentáveis e Cultura de Paz, em articulação com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável relacionados com saneamento, energia, mudanças climáticas, entre outros. Serão apoiados projetos de fortalecimento institucional, políticas públicas, trabalho em rede e promoção da conexão entre campo e cidade.Serão selecionados 38 projetos de até R$ 30 mil.
O Fundo Socioambiental Casa tem o propósito de “promover a conservação e a sustentabilidade ambiental, a democracia e a justiça social” por meio do apoio a organizações e iniciativas da sociedade civil. Desde 2005 apoiou mais de 1.700 projetos em toda a América do Sul.
Mais informações sobre os dois editais em http://www.casa.org.br/pt/casa-cidades-norte-e-nordeste/