O programa de rádio “#Amplificar: a Voz das Mulheres na Resistência” é uma iniciativa voltada para a comunicação popular, ativismo e feminismo, pensada e concebida por nós, da Escola de Ativismo, em parceria com a Bigu Comunicativismo e com o Centro das Mulheres do Cabo, e faz parte de um projeto maior de ativismo com as mulheres marisqueiras da cidade de Cabo de Santo Agostinho, muito atingidas economicamente com o vazamento de óleo de 2019 e agora com a pandemia do coronavírus.

O programa vai ao ar na Rádio comunitária Calhetas 98,5 FM, em Cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco, e pode ser visto também na página de Facebook do Centro de Mulheres do Cabo. A primeira edição já está disponível no link. As próximas serão nas seguintes datas, sempre às 7h55m da manhã: 26 de maio; 9 e 30 de junho; e 14 e 28 de julho.

Onde tudo começou e para onde vamos

O projeto Amplificar surgiu em 2019, como um curso intensivo de comunicação para movimentos sociais, envolvendo três organizações: Bigu Comunicativismo, Escola de Ativismo e Rede Meu Recife. Com um debate, três dias de oficinas sobre comunicação institucional, redes sociais, programação visual e relacionamento com imprensa, e utilizando metodologias participativas e da educação popular, o projeto piloto reuniu 20 representantes de 20 movimentos diferentes. Além do curso, o processo acompanhou os resultados nas organizações, com acompanhamento de médio prazo para entender os impactos no cotidiano dos grupos, onde  pudemos perceber de que modo uma comunicação mais bem planejada e executada pode potencializar o campo ativista.

Já o 2º Amplificar, no qual o programa de rádio de mesmo nome se insere, surge com o intuito de descentralizar o projeto e seguir para outra cidade da Região Metropolitana do Recife, nesse caso, Cabo de Santo Agostinho, uma das cidades mais atingidas pelo derramamento de óleo ainda não solucionado no ano de 2019, que afetou várias praias da Região Nordeste do Brasil.
O projeto consiste numa formação à distância de três meses sobre estratégias de comunicação para marisqueiras do Município do Cabo de Santo Agostinho afetadas pelo derramamento de petróleo em 2019 e pela atual pandemia do Coronavirus, com uma metodologia que combina a interação via whatsapp, aulas e trabalho de cuidado com a autoestima dessas mulheres via programa de rádio a partir de parceria com o Centro de Mulheres do Cabo.

Dos 30 mil pescadora/es do estado, muitas foram afetadas com derramamento nas praias e estuários do Cabo, prejudicando comércio, turismo e saúde. Em seguida, a pandemia do Coronavirus chegou ao Brasil no primeiro semestre de 2020 e vulnerabilizou ainda mais a vida de quem vive do marisco e da pesca artesanal. As medidas tomadas pelo Estado isolou trabalhadores/as e priorizou grandes empresas de comércio. Sem renda, a burocracia e a exigência tecnológica impediram que muitas famílias pudessem acessar o Auxílio Emergencial, criando grande recessão que precarizou ainda mais a vida nesse território.
A ideia é potencializar a construção de estratégias de comunicação da população trabalhadora de marisqueiras e pescadoras no Cabo de Santo Agostinho no tema dos impactos ambientais e sociais decorrentes do derramamento do óleo e da pandemia de Covid-19.

Primeiro programa já está no ar

Na edição de estreia, que foi ao ar no dia 21 de abril, às 7h55, na Rádio comunitária Calhetas, e teve como temática “Mulheres fazendo comunicação nos territórios”. Além de Camila Mendes, da Escola de Ativismo, contou ainda com as presenças de Fran Silva, comunicativista e defensora dos direitos humanos, Suelany Ribeiro, feminista e ativista dos direitos humanos, do coletivo Torça Tururu, e Manina Aguiar, do Centro de Mulheres do Cabo. Foi um pouco mais de uma hora de um papo animado sobre comunicação ativista e os desafios enfrentados no atual contexto brasileiro. Estão previstos ainda mais quatro edições do programa nas próximas semanas.

Assista online aqui o primeiro programa, que foi ao ar no dia 21 de abril.

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