Vida loka cabulosa
O cheiro é de pólvora
E eu prefiro rosas
E eu que, e eu que
Sempre quis um lugar
Gramado e limpo, assim, verde como o mar
Cercas brancas, uma seringueira com balança
Disbicando pipa, cercado de criança
Racionais MC’s
Apresentamos!
Uma revista que é muitas. Que não faz contar o que acontece na hora em que acontece. Que toma distância mas não é distante. Que faz avaliação, que faz análise, mas que (quase) não faz citação.
Que faz paradoxo e transita pelo arco do devir. Arco, nada plano! A Terra é redonda, sim! Contra o consenso. Acreditando na singularidade do pensar e do agir. Contra o legado da tradição, contra o que já existe, em busca do impossível!
Manifestamos!
Regimes de 38 anos caem. Que caiam todas as ditaduras: dentro e fora de nós! Que corra a notícia: diante da força do povo, outros estremecem! Boicotar e pressionar. Os pilares do poder estão ao nosso alcance, afinal! Produzir a solidariedade entre nós. Internacional e interseccional! As pessoas ativistas costuram pontes, erguem redes, migram, produzem mundos.
Berramos!
Somos uma guerrilha contra a linguagem até que ela se produza outra: uma linguagem que já não atravesse as bocas sem produzir afetação! Estamos aqui para berrar e para inventar: textos, formatos, posições. Fincar cunhas nos modelos. Gritamos com os invisíveis de um comitê para que ouçam os mundos que nos atravessam.
Prenunciamos!
Marchar para produzir mais vida! Caminhar na potência, para encontrar a potência. Não importa: o tempo, o cansaço. Só importa o destino. Colocar-se em movimento, lançar-se no suspense, na tensão, no drama de seu desenrolar. Importa o destino, importa o caminho. A marcha mexe: com quem está nela, com quem a observa. Ninguém sai do mesmo jeito que entrou. Em Honduras ou na Índia, no Brasil ou no continente africano, em curtas ou longas distâncias, afirma-se: somente em marcha é possível ir, até para dizer que se quer ficar!
Imaginamos!
Bloquear, hackear, destituir. Inventar uma forma-de-vida tal que faça morrer à míngua: o Estado e todas as suas instituições. Deixar que falem às moscas. Prescindir: de seu vocabulário, de sua organização, de sua polícia e de sua política. Tornar-se ingovernável! Ousar essa imaginação e deixar-se a todo tempo uma interrogação: será?
Expressamos!
Política se faz com as mãos. No plantio. Na pesca. No cultivo diário das relações: entre as gentes e as almas e as terras e as águas. Terra e água são muito mais que recursos: são vida! Admirá-las e com elas maravilhar-se. Tire suas mãos sujas daqui! A Terra não tem plano B. O que pode um corpo? O que pode uma planta?
Anunciamos!
Transformação. Trans-Form-Ação. Colocar-se em movimento. Fazer e ser feito com a ação. Com o mundo e não para ele. Questão colocada a toda pessoa ativista: O que é transformação? Como ela ocorre? O que nós transformamos? O que se transforma em nós? Perguntamos para nos inquietar. Para movimentar o corpo do pensar e com isso criar outras, muitas, novas possibilidades.