As pessoas estarão mais abertas a pegar e LER seu panfleto se na entrega e preparação houver um “algo a mais”

homem fantasiado distriubui panfleto

Homem entrega panfleto vestido de lula no mercado do peixe de Tóquio, no Japão l Crédito: Beautiful Trouble/Reprodução

Panfletagem é o arroz e feijão da mobilização social. Mas, por vezes, também é irritante, cansativo e ineficaz. Quantas vezes você pegou um panfleto no automático e depois jogou no lixo? Também há casos em que você se interessa por ele, enfia no bolso e depois esquece dele porque ele está mal-diagramado e com aquela fonte pequeninha. Se isso acontece com você, que é politicamente engajado, imagina com um passante que está atrasado para o trabalho.

O que a gente quer dizer é: se você está entregando um panfleto de qualquer jeito, você está perdendo o tempo de todo mundo. Por isso o que propomos aqui é a panfletagem avançada, ou seja, colocar algo de criatividade e invenção que capture o interesse e as torne mais abertas à sua mensagem.

Seja inventivo: se você vai distribuir panfletos como um robô, você pode muito bem ter um robô para distribuí-los. Sim, um verdadeiro robô panfleteiro. Em 1998, o Instituto de Autonomia Aplicada construiu o “Irmãozinho”, um pequeno robô de metal, bonitinho, num estilo retrô, para fazer panfletagens. Em seus testes, as pessoas evitavam um ser humano, com o qual estão acostumadas, mas se interessavam mais e recolhiam espontaneamente os panfletos entregues pelo robô. 

Seja criativo: Faça de seus folhetos e de sua distribuição algo divertido, único e memorável. Suba nos ombros de algum amigo e distribua panfletos de lá de cima. É mais provável que uma pessoa apressada para chegar numa reunião pegue, leia e lembre-se da mensagem personalizada dentro de um biscoito da sorte que você acabou de lhe entregar do que dentro de um retângulo de papel cheio de texto.

Seja artístico: Usar teatro e figurinos diferentes também pode ser eficaz. Nos anos 1980, ativistas contrários à intervenção militar dos EUA na América Central se vestiam de garçons e levavam mapas da América Central em bandejas, com pequenos soldados de brinquedo de plástico verde colados ao mapa. Eles iam até as pessoas na rua e diziam: “Desculpe-me, senhor, o senhor ordenou esta guerra”? Quando a resposta “não” invariavelmente se seguia, eles apresentavam uma conta detalhada descrevendo os custos: “Bem, o senhor pagou por isso!”. Mesmo que a pessoa a quem eles se dirigiam não levasse o folheto, eles receberam a mensagem.

É sobre “não perder a ternura jamais”. Chatear as pessoas não vai fazer nenhum favor à sua causa. Desarme-as com charme, e talvez seu público baixe a guarda o tempo suficiente para ouvir o que você tem a dizer.

A questão é que o panfleto não é uma tática ruim. Ainda é uma boa maneira de dizer aos transeuntes por que você está marchando, ou porque você está fazendo tanto barulho em uma esquina. Mas é mais provável que as pessoas levem seu folheto, leiam-o e se lembrem do que se trata se você fizer a entrega com alguma inventividade!

*Originalmente publicado em Beautiful Trouble.

 

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