Já foi dito que a música pode mudar o mundo. Alguns podem retrucar dizendo que é um exagero, mas, no mínimo, a música tem o poder de despertar emoções e chamar a atenção para causas nobres. Ao longo das décadas, as canções de protesto abriram um caminho, oferecendo testemunhos poderosos e apaixonados para aqueles que sofrem, enquanto convocam os ouvintes a darem apoio e solidariedade em troca. Quantas vezes um ativista não escolheu a música exata pra inflamar os sentimentos e dar norte para a próxima ação? Música é um combustível poderoso e há sempre os hinos geracionais que mantiveram os ativistas mundo a fora alertas e preparados!

A música de protesto tem uma larga tradição no Ocidente e poderíamos gastar horas examinando seu desenvolvimento nos mais diversos países do planeta. Mas aqui vamos nos limitar a alguns exemplos pontuais até chegar à atualidade.  Como define a Wikipedia, “uma canção de protesto é uma canção associada a um movimento de mudança social e, portanto, parte da categoria mais ampla de canções atuais (ou canções ligadas a eventos atuais)”. Acompanhe nossa pequena seleção com artistas do Brasil, Estados Unidos, França, Alemanha, Austrália, África do Sul, Chile, Rússia, Inglaterra, Jamaica, Porto Rico, Suécia e Nigéria.

Billie Holiday – “Strange fruit” (1939)

Inicialmente um poema de Abel Meeropol – um professor judeu e membro do Partido Comunista estadunidense – foi publicado em 1937 antes de ser musicado. “Strange Fruit” expõe a brutalidade do racismo nos Estados Unidos na época por meio de uma descrição cristalina e marcante. Justapondo cenas idílicas e floridas de uma paisagem sulista com descrições intransigentes de corpos negros balançando em uma árvore na brisa sulista, suas palavras contundentes tiveram o efeito desejado de chocar os ouvintes.

Quando Billie Holiday começou a cantar a música em 1939, ela tinha medo de retaliação. Holiday percebeu o impacto que a música tinha e logo resolveu gravá-la. Mas a sua gravadora, a Columbia, temia por sua repercussão e liberou a artista para gravá-la em outro selo. Assim, a diva do blues arrumou outro selo para gravá-la e a sua versão da música vendeu um milhão de cópias, espalhando a consciência sobre a crueldade e o sofrimento indizíveis causados ​​pelo racismo. É um hino atemporal na luta contra a discriminação racial.

Cláudio Santoro – “Sinfonia n°5” (1955)

A música erudita, ao redor do planeta, tem se posicionado ao lado do ativismo político em diversos momentos. No Brasil não poderia ser diferente. Gilberto Mendes, Eunice Katunda, e Willy Corrêa de Oliveira com suas peças voltadas para as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) marcaram a música erudita engajada no país. E a peça que abriu alas para essa movimentação foi a “Sinfonia n°5” de Cláudio Santoro, também chamada de “Sinfonia da Paz”, realizada no contexto de Guerra Fria, com texto da poetisa comunista Antonieta Dias de Moraes. Acima, temos a peça executada pela antiga Orquestra Sinfônica de Leningrado, na União Soviética.

Pode parecer estranho num primeiro momento elencar uma peça erudita nesta lista, mas deve-se lembrar também que a “música popular, mesmo aquela de protesto, sempre foi rapidamente adotada como mercadoria pela indústria fonográfica’, como diz o músico erudito Jorge Antunes. E, por outro lado, como também aponta Antunes, “a música erudita moderna e de vanguarda é a única vertente musical que resta, ainda hoje, não recuperada pelo sistema”.

Sam Cooke – “A change is gonna come” (1964)

Sam Cooke era um muito conhecido artista da soul music, mas estava longe de ser um artista que reconheceríamos como politizado. Porém, sua hoje antológica canção “A change is gonna come” muda tudo isso, ao tratar diretamente da luta pelos direitos civis dos negros estadunidenses na década de 1960. Inspirada tanto na música “Blowing in the wind” de Bob Dylan e no discurso “I have a dream” do Dr. Martin Luther King, a canção de Sam Cooke nasceu depois que sua banda foi rejeitada em um motel só para brancos na Louisiana.

Sam Cooke tinha sentimentos confusos sobre a música, tocou ao vivo apenas uma vez e resistiu aos esforços do empresário Allen Klein para torná-la um single. Eventualmente, foi lançado, postumamente, e agora é considerado um de seus sons mais importantes e um marco de um período histórico.

Violeta Parra – “Gracias a la vida” (1966)

Cantora, compositora, poeta, artesã, artista plástica e folclorista, Violeta Parra nasceu no interior, teve infância pobre, com família numerosa, de nove irmãos e meios-irmãos, e os primeiros contatos com a música ocorreram no ambiente familiar, mas formou-se em termos musicais praticamente de forma autodidata. 

Suas canções marcaram e inspiraram muitos artistas na América Latina dominada por ferozes ditaduras militares, e mesmo que suas composições não expressem conotação política nas letras, acabaram por servir como símbolos da resistência. É o caso de “Gracias a la vida”, uma popular canção de música folclórica composta e interpretada por Violeta Parra. A canção foi gravada em 1966 em Santiago, e seus filhos Ángel e Isabel, a acompanharam no violão durante a sessão de gravação. A canção é uma das mais conhecidas de Parra, tendo sido interpretada por artistas de todo o mundo, como Elis Regina e Mercedes Sosa, por exemplo. É uma das canções latino-americanas mais regravadas de toda a história.

MC5 – “Kick out the jams” (1969)

A banda de Detroit nos Estados Unidos MC5 foi precursora do garage rock e uma pioneira ao mesclar agressividade musical com ideias radicais políticas.

O grupo iniciou suas atividades em 1964, tocando na escola e em festas, e com o tempo, decidem experimentar novos sons, passando a usar o feedback e a distorção nas guitarras e, assim, criando o som que tanto os distingue. Os MC5 fazem vários concertos, em Detroit e rapidamente chamam a atenção de John Sinclair, fundador do movimento radical Panteras Brancas, e logo os MC5  viram porta-vozes estridentes do movimento, atraindo a atenção policial para suas atividades..

Com Sinclair como seu empresário, o MC5 alcança um rentável contrato com uma grande gravadora e lançam seus clássico primeiro álbum, Kick out the jams, que contém a homônima e abrasiva faixa título. A banda logo se desfez numa espiral de drogas, muitas detenções e paranoia característica do pós-hippie estadunidense.

The Wailers – “Get up, stand up” (1973)

Escrito por Bob Marley e Peter Tosh depois de testemunharem a pobreza e a opressão no Haiti, “Get up, stand up” é um dos hinos mais envolventes da história do reggae. Mas seria um erro interpretar isso como uma simples canção de empoderamento: a letra evoca a natureza opressora da religião organizada e diz que, em vez de esperar por uma recompensa celestial, você precisa exigir a sua agora mesmo. No terceiro verso da versão original, Tosh desafia os oprimidos a fazerem algo a respeito da sabedoria que ele acabou de espalhar. 

Um verdadeiro hino pós-colonial, e ainda temos que dar crédito ao grande Bob Marley e companhia por terem passado a mensagem sem a mão pesada que frequentemente norteia muitas canções de protesto desse tipo – justamente espalhando sua mensagem no espírito reggae.

Miriam Makeba – “Soweto Blues” (1977)

Zenzile Miriam Makeba, também chamada de “Mama Africa” foi uma cantora, compositora, atriz, embaixadora da boa vontade da ONU e ativista pelos direitos humanos e contra o apartheid sul-africana. Em 1959 Makeba teve uma pequena participação no filme anti-apartheid Come Back, Africa mas que foi suficiente para chamar atenção internacional e apresentar-se na Europa e Estados Unidos. Ela se mudou para os Estados Unidos, e sua tentativa de retornar à África do Sul naquele ano para o funeral da mãe foi impedida pelo governo do país.

Miriam Makeba foi ativa no maior movimento de independência colonial do século XX, apoiando firmemente as independências africanas. Além disso, foi incansável ativista dos direitos civis e da igualdade racial no mundo, e se casou com Stokely Carmichael, líder do Partido dos Panteras Negras, em 1968. Como resultado, o governo dos EUA cancelou seu visto enquanto ela estava viajando para o exterior, o que a fez se mudar para a Guiné. Segundo a Wikipedia, o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela disse que “sua música inspirou um poderoso sentimento de esperança em todos nós”.

Ela passou a escrever e executar músicas mais explicitamente críticas do apartheid com o passar dos anos, como a canção “Soweto Blues” de 1977, sobre o levante de Soweto.

Fela Kuti – “No agreement” (1977)

Fela Aníkúlápó Kuti foi um multi-instrumentista nigeriano, compositor, ativista político e pan-africanista. Pioneiro do Afrobeat, um gênero musical africano que combina a tradição iorubá com o funk e o jazz, foi um músico de destaque em seu tempo e uma voz musical e política de importância internacional. Kuti era filho de uma famosa ativista nigeriana pelos direitos das mulheres, Funmilayo Ransome-Kuti . Em 1970, ele fundou a comuna da República de Kalakuta, que se declarou independente do regime militar. A comuna foi destruída em uma invasão de 1978.

“No agreement” é um de seus diversos hinos políticos, dessa vez convocando o ouvinte à desobediência civil, e segue o modelo afrobeat exemplarmente: linhas de guitarra incrivelmente cativantes, um segundo guitarrista para adicionar um pouco do poder do funk de James Brown, conduzindo aparições da seção de sopro, saxofone intrincado, trompete e solos de improvisação de órgão, adicionada à mensagem despudorada de Fela Kuti para o povo. Fela usou a frase “sem acordo” da mesma forma que Malcolm X usou anteriormente. A letra de Fela diz que ele nunca fará as pazes com o regime militar corrupto e brutal da Nigéria. “Eu não vou concordar, deixar meu irmão com fome, não vou falar, não vou concordar, deixar meu irmão desempregado, não vou falar, não vou concordar, não vou fazer meu irmão sem-teto, não vou falar… Nenhum acordo hoje, nenhum acordo amanhã, nenhum acordo agora, depois, nunca e sempre”.

Midnight Oil – “Beds are burning” (1987)

Como falar sobre música e meio-ambiente sem citar o Midnight Oil? A banda australiana pode não ter sido a pioneira neste filão, mas com certeza alcançou repercussão sem igual, inclusive entre nós na América do Sul, onde fizeram sucesso enorme. “Beds are burning” (sobre mudanças climáticas) e “The dead heart” (sobre a questão dos aborígenes vs colonizadores) foram hits avassaladores e trilha sonora predileta dos ativistas ambientais dos anos 1980.

Desde quando as questões ambientais tomaram parte da agenda pública no mundo, o movimento cultural se tornou mais expressivo em torno da defesa da sustentabilidade e proteção ao meio ambiente. Mas o Midnight Oil extrapolou os limites culturais: o vocalista Peter Garrett se tornou ministro do Meio Ambiente da Austrália em 2007!

Rage Against The Machine – “Bombtrack” (1993)

Rage Against the Machine tem sua origem em Los Angeles, Califórnia (EUA), e é uma das bandas de rock abertamente anticapitalistas mais famosas da história do rock. São conhecidos pelas visões políticas revolucionárias de esquerda de seus membros, que são notórias em suas músicas.

Dentre uma gama de hinos rebeldes revoltosos, destacamos “Bombtrack” por ser o primeiro single de seu primeiro álbum, mas a verdade é que suas músicas serviram como porta-vozes das mais variadas causas aos longos dos anos e, até o ano de 2010, eles haviam vendido cerca de 16 milhões de discos pelo mundo. É a revolução para multidões!

Chumbawamba – “Tubthumping” (1997)

Chumbawamba foi uma banda do norte da Inglaterra formada em 1982 que começou tocando hardcore punk com uma postura voltada para o anarcopunk. Pode parecer inverossímil, mas “Tubthumping” foi composta por esse grupo de homens e mulheres anarquistas!

Nos seus mais de 30 anos de carreira, a banda foi mudando seu estilo, introduzindo elementos de dance music, world music e música folk, sempre com uma vocação cada vez mais pop, sem abrir mão da postura política anarquista e irreverente.

Ficararm globalmente conhecidos com o single “Tubthumping”, do álbum Tubthumper (1997), que foi o tema do jogo World Cup 98, e de diversas peças promocionais e filmes. Detalhe: a renda dessa faixa em produtos promocionais era destinada a grupos e organizações rebeldes ao redor do mundo – tendo impactado inclusive o ativismo no Brasil.

Manu Chao – “Clandestino” (1998)

Manu Chao, cujo nome completo é José-Manuel Thomas Arthur Chao, é um músico francês que se destacou, inicialmente, no combo francês multi gêneros Mano Negra. Inicialmente com seu grupo, alcançaram visibilidade mundial com sua explosiva mistura musical: rock, rumba, hip-hop, salsa, raï e punk, cantada em francês, espanhol, inglês e árabe. Tem uma influência duradoura no rock latino, inclusive.

Já em sua carreira solo, lança seu álbum Clandestino, de tons mais intimistas mais amplamente companheiro dos desvalidos da terra. A canção homônima ao álbum se tornou um hit de alcance global e lançou novos olhares para a sempre presente questão dos imigrantes em um mundo globalizado.

Atari Teenage Riot – Revoluction Action (1999)

Atari Teenage Riot é uma banda alemã de música eletrônica extremamente barulhenta, conhecida como digital hardcore, formada em 1992 por Alec Empire, Hanin Elias e Carl Crack e, um pouco depois Nic Endo uniu-se a banda. A banda surgiu inicialmente para  contestar a crescente onda de bandas neonazistas no cenário da música eletrônica na Alemanha, suas letras eram explicitamente politizadas e seus shows quase sempre acabavam em tumultos com a polícia.

Após sua participação em uma manifestação de primeiro de maio na Alemanha, em 1999, na qual foram acusados de incitar violência, passaram a ser acompanhados por perto pelo serviço secreto alemão.

Infelizmente, o furor anticapitalista do grupo foi interrompido com a morte por overdose de Carl Crack, e o grupo apenas se recompôs em 2010, mas já sem a energia de outrora. O clipe de “Revolution action” é uma distopia sobre automação do trabalho e homogeneidade social. Um clássico!

International Noise Conspiracy – “Capitalism stole my virginity” (2001)

Influenciados por uma citação do cantor folk Phil Ochs, o grupo sueco de rock de combate buscava com sua identidade visual e sonora uma mistura entre música e política que fosse, “uma mistura entre Elvis Presley e Che Guevara”, como eles costumavam dizer. Muito influentes com a emergente cena de ativistas anticapitalistas do fim dos anos 1990, eram movidos a base de teoria comunista de esquerda e máximas situacionistas, com a banda buscando combater a função da música como espetáculo, conceito tomado da obra de Guy Debord, Sociedade do espetáculo.

A faixa “Capitalism stole my virginity” (Capitalismo roubou minha virgindade) era um dos singles de seu álbum mais famoso, e encerra em si mesma todo o conjunto de ideologias de esquerda que o grupo rendia homenagens.

MIA – “Paper planes” (2007)

Mathangi Maya Arulpragasam, mais conhecida como M.I.A., é uma cantora, rapper, compositora, cineasta, produtora, diretora e ativista britânica, de origem tâmil (Sri Lanka). As suas composições combinam elementos da música eletrônica, música indie, hip hop e world music. 

Em seu segundo álbum, Kala, M.I.A disparou uma dezena de temas politicamente orientados e  afirmou, por exemplo, que os efeitos sonoros do tiro e da caixa registradora de “Paper planes” seriam uma declaração sobre como os imigrantes são vistos pela sociedade em geral. Assim, como Manu Chao, mais um artista europeu discutindo a temática da imigração.

Calle 13 – “Latinoamérica” (2010)

Calle 13 (Rua 13 em português) é um trio de rap alternativo e pop latino de Porto Rico. Embora tenham iniciado sua carreira como um grupo de reggaetón, o trio se distanciou do gênero com o passar dos anos, adotando instrumentação não convencional e abordando vários estilos musicais. As letras da banda são geralmente satíricas e politizadas, abordando assuntos socioculturais da América Latina.

O grupo se tornou inicialmente conhecido nacionalmente em Porto Rico com a controvérsia da música “Querido FBI”, que tratava de Filiberto Ojeda Ríos, líder do grupo revolucionário porto-riquenho pró-independência Los Macheteros, morto durante uma ação de agentes do FBI. Logo, se tornaram um fenômeno em toda América Latina. E é sobre as mazelas de nosso continente que trata a faixa “Latinoamérica”, que também alcançou grande projeção nos processos de formação de movimentos sociais no Brasil.

Ana Tijoux – “Shock” (2011)

“A posição política é a coisa mais bonita que pode acontecer a uma pessoa”, resume a ultra politizada cantora Anita ou Ana Tijoux, uma das vozes de contestação ao status quo mais potentes do nosso continente. A artista é notória por tratar de temas como pós-colonialismo, feminismo, ambientalismo e justiça social em sua lírica.

Anita ou Ana Tijoux é conhecida por ser engajada nos movimentos sociais latino-americanos, dando voz à luta dos índios Mapuche em suas letras e também ao movimento estudantil do Chile, que ganhou tanta força que se tornou uma força decisiva nas últimas eleições chilenas, uma década depois do lançamento do libelo “Shock”. Além disso, combate o machismo, a violência doméstica e canta pela liberdade dos povos do mundo, ressaltando sempre a coragem dos latino-americanos de não se curvarem ao imperialismo.

Racionais MCs – “Mil faces de um homem leal (Marighella)” (2012)

Racionais MC’s é o mais importante grupo brasileiro de rap e foi fundado em 1988. Em 2012, 24 anos após sua fundação, fizeram esta faixa memorialística que, se observarmos bem, é também uma tomada de posição aguerrida diante dos conflitos que começavam a se armar na sociedade brasileira. A música “Mil faces de um homem leal (Marighella)” foi composta para o documentário sobre a vida do guerrilheiro Carlos Marighella que estreiou no mesmo ano, que foi também o ano que participaram do MTV Video Music Brasil, tendo feito o show de encerramento do evento, depois de terem marcado o mesmo evento com sua participação marcante em 1997.

Não é a primeira faixa abertamente de protesto do grupo, mas é particularmente impactante por tratar de uma das figuras da esquerda brasileira mais odiadas pelas as hordas conservadoras do país, mesmo tendo morrido há mais de 50 anos atrás.

Kendrick Lamar – “Alright” (2015)

Em novembro de 2014, a decisão de não indiciar o policial que atirou fatalmente em Michael Brown gerou protestos e tumultos em todo os Estados Unidos. No mesmo mês, Tamir Rice, de 12 anos, foi baleado e morto pela polícia após ser flagrado segurando uma arma de brinquedo. O movimento Black Lives Matter ganhava força a cada dia e, a música “Alright”, com seu apelo à esperança pela solidariedade e resiliência, foi adotada por apoiadores da causa.

“Alright” rapidamente se tornou um hino genuíno, uma das melhores canções de protesto de sua época, demonstrando a importância que a mídia social desempenha na divulgação da palavra. Imagens de vídeo de manifestantes gritando alegremente o refrão de Kendrick de “We gon ‘be alright” foram compartilhadas em todo o mundo, destacando a influência que a música ainda tem na política. O refrão da canção – eletricamente cativante e esperançoso – ecoou pelas ruas dos Estados Unidos na última meia década de manifestantes do movimento Black Lives Matter pedindo o fim do racismo estrutural.

Djonga – “Olho de tigre” (2017)

“Um boy branco, me pediu um high five / Confundi com um Heil, Hitler / Quem tem minha cor é ladrão / Quem tem a cor de Eric Clapton é cleptomaníaco”. Esses são os primeiros versos da afrontosa “Olho de Tigre”, das músicas mais conhecidas de Djonga, o nome artístico do rapper mineiro Gustavo Pereira Marques.

“Eu seria hipócrita se eu falasse o contrário num mundo onde os caras colocaram fogo na gente no passado”, explicou certa vez o artista. Desde quando foi lançada, a faixa “Olho de tigre” se tornou um verdadeiro hino do Rap Nacional e do movimento contra o racismo, com seu abrasivo refrão “Fogo nos racistas”!

Pussy Riot – “Police state” (2017)

O Pussy Riot é o grupo agit-prop russo formado para vocalizar as demandas ativistas de suas integrantes. O grupo ganhou notoriedade com a prisão de Nadya e outra integrante, Maria Alyokhina, depois que as duas entoaram uma “reza punk” na catedral de Moscou, em 2012, intitulada “Maria, mãe de Deus, tire o Putin”. Enquanto estiveram presas, as balaclavas coloridas, símbolo de seus protestos, se multiplicaram em atos de solidariedade ao redor do globo, inclusive no Brasil.

“Police state”, single de 2017, trata de um Estado repressor e seus mecanismos de controle e, obviamente, é uma referência direta à Rússia, mas pode bem ser qualquer Estado tomado pela tirania, como é o caso do Brasil atual sob o comando de Jair Bolsonaro.

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