Documento construído coletivamente entre as organizações que compõem a rede do Pacto pela Democracia promove reflexão, formulação e incidência para a elaboração de mecanismos de proteção ao Estado Democrático de Direito no Brasil.
Já se passaram dois anos desde a tentativa de golpe que parou o Brasil. O maior ataque contra a democracia desde o fim da ditadura aconteceu em 8 de janeiro de 2023, quando eleitores da extrema-direita atacaram as sedes do Governo Federal em Brasília. Os manifestantes se insurgiram contra o resultado das eleições presidenciais que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva e pediram uma intervenção militar. Por conta disso, neste dia 8 de janeiro de 2025, com o caso ainda sob investigação, vários atos são realizados em todo o Brasil.
Entre as ações está o lançamento da agenda “Democracia Forte”. O documento construído coletivamente entre as organizações que compõem a rede do Pacto pela Democracia reforça o compromisso da sociedade civil em assumir a liderança de processos históricos pela defesa da democracia. O guia tem objetivo de promover reflexão, formulação e incidência para a elaboração de mecanismos de proteção ao Estado Democrático de Direito no Brasil.
A agenda conta com oito pilares essenciais à integridade do sistema democrático brasileiro. São elas:
1- Despolitização e democratização das forças de segurança
2 - Equilíbrio entre os poderes da república
3 - Defesa e fortalecimento do sistema eleitoral
4 - Responsabilização e memória dos crimes contra a democracia
5 - Participação social
6 - Educação cidadã
7 - Qualificação e promoção do debate público
8 - Combate à rede internacional de autoritarismo
Os temas têm 38 diretrizes e comentários de especialistas e ativistas do campo democrático. Entre elas estão a necessidade da construção de mecanismos que protejam ativistas e a sociedade civil de ataques coordenados.
“As ameaças à democracia que enfrentamos no Brasil são parte de uma tendência global, e para superá-las é imprescindível olhar para o que acontece em outros países. Líderes autoritários não apenas aprendem uns com os outros, como também atuam de forma coordenada – e nós também precisamos unir forças com defensores da democracia que atuam em outras partes do mundo”, comenta Pedro Telles, diretor do Democracy Hub (D-Hub) e professor da Escola de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV RI) no documento.
O guia destaca que a participação social é prática fundamental da democracia, assegurada por direitos e liberdades previstos na Constituição Federal de 1988, que determina a cidadania como um dos elementos fundantes do Estado Democrático de Direito no Brasil.
“Garantir as condições para que cidadãos, cidadãs e todos os agentes da sociedade possam efetivamente ocupar e participar ativamente dos espaços de construção e decisão políticas da sociedade brasileira é alicerce para o fortalecimento democrático e vacina contra iniciativas que ameaçam destruir a ordem democrática”, informa o guia.
O Pacto pela Democracia afirma que “por meio dessa agenda, seguiremos dedicando esforços para enfrentar as forças antidemocráticas no país, regenerar as feridas abertas em nossa cultura e nossas instituições democráticas, e fortalecer as estruturas que consolidem a democracia no Brasil”.
Como parte das manifestações que marcam dois anos dos ataques antidemocráticos, o Pacto pela Democracia também estendeu uma grande faixa no gramado do Congresso Nacional. A faixa com a mensagem “Ainda está aqui. Faça a democracia forte” chama atenção para a necessidade de reforçar o compromisso com o fortalecimento democrático.
Faixa estendida no gramado do Congresso Nacional no dia 8 de janeiro
Foto: Scarlett Rocha/Pacto Pela Democracia
Pacto pela Democracia
Pacto pela Democracia é uma coalizão da sociedade civil que coordena os esforços de atores sociais em todo o espectro ideológico para aumentar a capacidade da sociedade civil de defender e revigorar a democracia no Brasil.
Desde 2018, o Pacto reúne mais de 200 organizações em um espaço apartidário, permitindo que diferentes agendas, visões e identidades políticas colaborem no fortalecimento dos processos e instituições democráticas, garantindo direitos e liberdades constitucionais, e aprofundando práticas e valores democráticos na sociedade brasileira diante da crise global da democracia.
Coletivo independente constituído em 2011 com a missão de fortalecer grupos ativistas por meio de processos de aprendizagem em estratégias e técnicas de ações não-violentas e criativas, campanhas, comunicação, mobilização e segurança e proteção integral, voltadas para a defesa da democracia e dos direitos humanos.
Material de aprendizagem, reflexões, iniciativas, resistências. Um conteúdo exclusivo e analítico sobre o cenário, os desafios e as ferramentas para seguir na luta.