O protesto em poesia de Luh Ferreira contra o rebatismo pelo governador Tarcísio de Freitas da estação Paulo Freire, que agora passará a chamar Fernão Dias
Estátua do bandeirante Fernão Dias, em escola homônima no bairro de Pinheiros, São Paulo. Na ocasião, a escola estava sob ocupação estudantil l Crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil
Fernão, não!
mil vezes, Fernão Não.
Ah mas por que não?
Se a população disse que Fernão era um cara bão?
54% de gente que gosta de bandeirola?
quem são?
Fernão não, porque Fernão
foi um cão
Empunhou uma bandeira de sei lá o que na mão
e saiu atirando, escravizando, mutilando grandão
Não bastasse no Brasil,
a história diz que até o Uruguai ele invadiu.
Fico aqui a pensar
Por que esse sujeito merece tanta adoração?
Se até nome de escola, de estrada, de gente
colocam o bandido Fernão!
Matou!
Invadiu!
Derramou sangue, merece o esquecimento
a vala da alheação
jamais um brasão.
Então governador vacilão
deixe de pressão…
Temos que fazer como fizeram os secundas:
atos de desocupação
atos de desinvasão
É Fora Fernão!
Fernão aqui, Não!
esse palco de horror que você quer montar
a cidade de São Paulo não merece virar
Sai fora com seus bandeirolas
com sua permanente ode ao ódio
A democracia venceu, o amor prevalecerá
E um educador, o melhor que tivemos
você terá de homenagear
custe o que custar!
Viraremos a página deste pesadelo
Fernão você vai ver lá no Posto de Gasolina
Fernão você vai ver com o saco na cabeça!
Quando a indignação nos assola
a poesia é a fórmula
Paulo Freire aqui segue e sempre será
o educador, o cara, que nos ajuda a sair de lá
De lá de onde?
Desse buraco chamado hipocrisia
da pequenez que não reconhece a grandeza do povo
Se cuide sujeito de martelinho na mão
suas pancadinhas não nos oferece medo
somos muitos nesse Brasilzão!
Somos maiores do que essa sede de escravidão!
Respeite a nossa luta, respeite a nossa história!
Chega de InFernão.
—
Por Luh Ferreira, da Escola de Ativismo