A partir da influência dos estudos de Jung, o mitologista Joseph Campbell realizou uma ampla pesquisa sobre mitos e religiões de diversas culturas. O trabalho dele, “O Herói de mil faces” foi publicado em 1949, se tornando um marco para o campo da mitologia comparada.
O estudo de Campbell, todavia, extrapolou bastante o campo acadêmico, sendo referência para a construção de histórias de Hollywood, além de base para muitos cursos de publicidade e marketing. Uma vez que estamos acostumados, ou nas palavras de Jung, uma vez que esses elementos fazem parte do nosso inconsciente coletivo, eles podem ser utilizados para sensibilizar, mudar opiniões, trazer apoiadores para o lado de quem escolhe contar essa história desse modo.
Para Campbell, essas histórias apresentam como elementos comuns, que resumimos aqui:
Alguém simples que se tornará o herói
O chamado à aventura
O encontro com o mentor
A travessia do primeiro limiar
Provas, aliados e inimigos
A grande provação
A ressureição/ A recompensa
Se você olhar atentamente essas histórias das imagens mais acima, perceberá que todas têm boa parte desses elementos. Em muitos casos, como o de Star Wars, deliberadamente escolhidos para fazer parte. Em outras, essa já é meio que a forma “natural” de como se conta uma história.
A pesquisa inicial de Campbell seguiu rendendo inspirações para outros pesquisadores se aprofundarem mais em narrativas. Em 1995, o escritor Kurt Vonnegut, autor do ótimo livro Matadouro 5, fez uma apresentação sobre como há oito formas básicas de contar uma história, que podem ser adaptadas de formas distintas. A ideia do escritor havia sido apresentada décadas antes como tema de mestrado da Universidade de Chicago, mas foi rejeitada “porque era muito simples e também parecia muito divertida”, segundo Vonnegut descreveria décadas depois.
Outra contribuição importante para essa forma de descrever e entender como as histórias funcionam foi o livro “The seven basic plots”, de Christopher Booker, que partiu das influências das pesquisas dos arquétipos de Jung para um trabalho no qual ele descreve essas sete formas de contar uma história. Foram 31 anos de pesquisa que levaram às seguintes formas, das narrativas históricas cujos autores se perderam no tempo até as novelas mexicanas e os animes: Superação do monstro (como Beowulf, Perseu e a Medusa, Drácula, Naruto); Da miséria até a riqueza (Cinderela, Alladin, Maria do Bairro); A busca (Senhor dos Anéis, A Divina Comédia, indiana Jones); Comédia (Big Lebowski, Diário de Bridget Jones); Tragédia (Cidadão Kane, Macbeth, Anna Karenina); Renascimento (Orgulho e Preconceito, O Conde de Montecristo, Tieta); Viagem e Retorno (Odisseia, O Rei Leão, O épico de Gilgamesh).