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Ana Claudino usa a internet para falar sobre sua vivência no ativismo LGBTQIAP+

Ana Claudino encontrou no ativismo LGBTQIA+ e na internet uma forma de falar sobre seu corpo político e suas vivências

Por Bárbara Poerner, em parceria com a Revista Casa Comum*

Ana Claudino encontrou no ativismo LGBTQIA+ uma forma de falar sobre seu corpo político. Por meio da internet, a publicitária e criadora de conteúdo compartilha suas experiências e visões de mundo enquanto mulher lésbica e negra – uma parte da comunidade queer que ainda é, em muitos casos, invisibilizada nas discussões sobre gênero e raça. 

Mas para Ana isso foi uma motivação. “Sempre vi que a comunicação podia ser usada como ferramenta de transformação social, então entrei pra esse lado ativista. Em 2017 decidi montar meu canal no YouTube, o Sapatão Amiga, pra falar das minhas vivencias enquanto lésbica negra, porque ate então eu não via lésbicas negras falando sobre isso [na internet]”, conta a carioca nascida e criada no subúrbio do Rio de Janeiro. 

Embora seu canal tenha cinco anos, a luta pela causa já ocupa sua vida há quase dez. Ana conta que “começou o envolvimento com o ativismo LGBTQIA+ em 2014, quando comecei a estudar sobre feminismo, questões raciais, questões de classe… até então, eu não tinha acesso a essas coisas”. Seus vídeos no YouTube e Instagram falam sobre construções de novas narrativas, saúde mental, sexualidade, vida acadêmica, gênero e raça, mas ela também produz materiais sobre segurança digital e ciberativismo e realiza projetos variados – Ana escreveu a quarta capa do livro Sou Sua Irmã, de Audre Lorde, lançado pela Ubu Editora em 2020, por exemplo. 

Se reconhecer enquanto mulher negra da comunidade LGBTQIA+ fez toda a diferença para construção de sujeito social da criadora. “Fui me percebendo um corpo negro lésbico na sociedade. Então, teoricamente e também na prática, isso já me coloca como corpo politico”, explica ela, que recentemente concluiu o mestrado em Políticas Públicas em Direitos Humanos na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Mas se ver como ativista, no entanto, foi algo orgânico. “Eu acho que o ativismo não tem um plano de carreira, ele acontece. Ou você é a pessoa que está vivendo na violência estrutural ou quer se aliar a uma causa. O ativismo vem de uma fonte de indignação, e depois acaba sendo esperança e união, porque você não milita sozinho”, compartilha.

*Matéria publicada como parte da seção “Vozes em Ação” da edição 5 da Revista Casa Comum.

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