A colunista Luh Ferreira reflete sobre o cenário político a importância da escolha do candidato no primeiro turno das eleições

Uma urna eletrônica exibe a palavra "fim" na tela. Um dedo indicador toca a tecla verde "confirma"

Domingo dia de tomar café da manhã mais tarde, em família… conversa vai, conversa vem e eleições. Claro…

Falamos, sobre candidatos, sobre zap, sobre apelações, sobre horário político, debate… uso da máquina estatal para fazer campanha e até a família Adams que compareceu no velório da rainha. O pretinho caiu mal na primeira dama que nunca teve nenhum gesto de solidariedade com o povo brasileiro, agonizamos nesses anos de pandemia e pandemônio, foi ter com a queen-colonizadora.

Feio demais Micheque.

Muito papo aleatório depois, minha mãe, aniversariante da semana, perguntou:

– Mas por que têm segundo turno?

Eu que nunca nem tinha pensado nisso, pois, desde que me entendo por gente, sei que o segundo turno faz parte de um processo democrático na escolha dos nossos representantes, uma espécie de confirmação do povo sobre o melhor candidato, me coloquei a pensar sobre o assunto.

Rapidamente lembrei da primeira vez que ouvi falar em campanhas eleitorais. Um ano após a constituinte vieram as eleições diretas! Lula e Collor disputaram fervorosamente o pleito.

Eu, com 6 anos, escutava “a eleição vai ser disputada por um playboy e um trabalhador!”

A maioria lá em casa era trabalhadora, mas nem todo mundo votou no trabalhador…

Isso deve ter se repetido em muitas famílias, porque, o Collor venceu no primeiro e confirmou a vitória no segundo turno, apertadinho, mas foi…

A constituição federal de 1988 organiza as eleições em dois turnos, justamente para que o povo possa confirmar a sua escolha, e o candidato de preferencia seja eleito com a maioria absoluta dos votos. Segundo turno vale para eleições dos cargos executivo: presidente, governador e prefeito – para municípios com mais de 200mil eleitores.

Por duas vezes, desde a redemocratização, não rolou segundo turno no Brasil – O sociólogo Fernando Henrique Cardoso se elegeu com maioria absoluta em 1994 e 1998.

A história em 2002, 2004, 2008, 2012, 2014, 2018, todo mundo já sabe…

E para que a gente não se esqueça: sim, 2016 foi golpe!

Mas voltemos ao papo lá de casa.

Depois de falarmos sobre o porque do segundo turno, a gente se deu conta de como está difícil defender o estado democrático, os direitos básicos, neste últimos anos. Não se trata de eleições apenas, estamos em uma guerra.

Estamos lutando contra o autoritarismo, contra o fascismo, contra o genocídio do nosso povo, das florestas, da cultura brasileira.

A opção da minha família é que as eleições sejam finalizadas já no primeiro turno, pois ninguém aguenta mais todo esse ódio, toda essa degradação.

Em casa sempre rolou polarização. Sempre teve espaço pra treta.

Aqui é palmeiras, lá é corinthians.

Um vasco, outro é mengão!

E a gente vê muito disso na política…

Teve Lula contra Collor, Serra contra Lula, Dilma contra Marina, ops Aécio… teve até Haddad contra Coiso!

Mas esse ano de 2022, aqui em casa a gente escolheu levantar a mesma bandeira. Não por um candidato. Não é apenas pela sua trajetória. Não é uma questão de justiça. Não é nem porque ele tem o melhor projeto para o país… É apenas para que o fascismo não vença e o ódio não se faça presente por mais 04 anos nos corroendo, nos destruindo por dentro enquanto pessoa e por fora enquanto povo.

Muita gente lá de casa votou em Collor em 1989.

Nesta eleição geral, novo, velho, esquerda, direita, frente e costas, até quem tem mais de 80 vai fazer o L.

E pronto, vai dar primeiro turno e nós vamos assistir a copa juntos, de camisa amarela com estampa de onça, rua pintada, cervejada e tudo, e acabou.

Em 2023 o coro volta a comer!

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