por Escola de Ativismo

Duas crianças seguram folhas de protesto pela defesa do rio Jauquara

Crianças se manifestam no dia do rio Jauquara no Vão Grante | Foto: Pedro Ribeiro Nogueira

da O dia do Rio Jauquara é igual uma festa de santo

tão abençoado 

neste dia

nós não faz nada

só trabalha de ajudante na festa

E tem até hino de homenagem ao rio Jauquara

O hino é do Dito Ilino

A festa do rio Jauquara tem Salomão, Vanda, Mariana, Ivan e João e Silvio

Esses são os autores da festa

Nessa festa tem até cururu

Por isso a festa é tão importante

Claudenilson, estudante da Escola Estadual José Mariano Bento, de educação quilombola no território do Vão Grande

No quilombo Vão Grande, em Mato Grosso, crianças e adultos se mobilizam pela defesa de seu rio, o Jauquara, fonte de água, lugar de banho, morada de peixes e dos encantados que habitam a região. Como já mostramos em um vídeo gravado pela Escola de Ativismo, o rio é parte essencial da vida de  quem vive por ali. E diante das ameaças da construção de empreendimentos que visam o território, crianças e adultos se unem na luta popular pela defesa do rio. 

 A  Escola Estadual José Mariano Bento é uma escola quilombola localizada no Baixius, uma das comunidades do Vão Grande. Por ali, enquanto os adultos da comunidade se articulam como Comitê Popular do Rio Jauquara, as crianças  tem desenvolvido atividades e projetos em sala de aula na mesma temática. 

 

Poema escrito à mão em uma folha de caderno

Poema escrito por estudante da Escola Estadual José Mariano Bento sobre o Dia do rio Jauquara

O poema que abre esta publicação é uma das produções dos alunos da professora Neide. Até os pequenininhos da educação infantil estão envolvidos e fazem atividades baseadas no livro Narrativas do Interior, livro que conta a história do território, sua cultura e seus habitantes e que pode ser baixada gratuitamente no site da Escola de Ativismo. Aliás, a obra  que foi produzida por Pedro Silva junto com a comunidade já virou material paradidático na escola José Mariano Bento. O autor esteve na escola e conversou com os estudantes sobre a experiência da escrita sobre o lugar onde cresceu. Foi em um dia em que jovens de diferentes turmas se reuniram para assistir ao filme Narradores de Javé, produção brasileira que fala sobre escrita, memória, registro, território e capital.

Outro personagem de destaque por ali é Benedito Ilino, que criou uma música sobre o Jauquara e que agora é considerada o hino da luta pelo rio. Além de músico, ele é vigia da escola, ajuda na horta, é agricultor e pescador. Foi convidado para uma conversa com alunos e alunas a respeito da canção e do ato de escrever uma canção, e falou pela primeira vez para uma turma toda.

É interessante perceber como a dimensão criativa está presente na escola e a presença dessas pessoas que são parte da comunidade valoriza o rio, valoriza o território, valoriza a própria comunidade, valoriza o Comitê Popular e estimula mais gente a criar e escrever sobre o Vão Grande. É interessante também perceber como a escola é comunidade. Ali é um dos únicos pontos de internet. O portão fica aberto até de madrugada. Entra e sai quem quer. E se comunidade é rio e escola é comunidade, logo, escola também é rio. 

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