Quais são os desafios de pessoas indígenas vivendo em contextos urbanos? Como elas são afetadas pelo racismo ambiental? Essas foram algumas das perguntas feitas em um vídeo da ativista e artista indígena Camila Canela. Apoiado pela Escola de Ativismo como parte do edital audiovisual ‘Sem Justiça Climática, Não há Democracia” o material lançado nesta sexta-feira (7) traz reflexões sobre um problema estrutural que combina discriminação racial com injustiças ambientais.
O vídeo pode ser visto no instagram e no canal do Youtube da Escola de Ativismo.
O projeto foi pensado e desenvolvido por Camila Canela, que também é cientista social e pintora. A ativista afirma que o racismo ambiental impacta fortemente grupos étnicos vulnerabilizados e ao mesmo tempo em que as cidades não reconhecem as ocupações ancestrais, promovem apagamento e discriminação.
Atualmente, cerca de 60% dos indígenas vivem fora de territórios. E cada vez mais a degradação ambiental, comum nas cidades, e a dificuldade de acesso a recursos naturais e culturais coloca os indígenas em vulnerabilidade.
Em entrevista para a Escola de Ativismo, ela falou sobre cada elemento em um muro, com temas ligados à ancestralidade, espiritualidade e resistência. “O milho tem um significado espiritual muito importante para o meu povo, para a minha etnia, e também para vários povos. E eu quis trazer o milho colorido para simbolizar a diversidade de povos indígenas. Cada detalhe foi pensado. A arara-azul, importante para os povos indígenas, a onça, que fala muito sobre resistência e sobre defesa do seu território. A criança simboliza a sensibilidade e a importância de defender a infância. A borboleta comum da Mata Atlântica, que está em extinção, apareceu quando fui pintar. A maioria dos meus trabalhos traz isso, de lutar para não ser extinto Todos nós, seres vivos, estamos lutando pra não estar em extinção”, informou Camila.
Camila conta que terminou o trabalho mais forte e inspirada.
“Foi um processo muito especial, muito intenso e de muita entrega. Fiquei muito feliz com o resultado do vídeo e do mural. Foi um processo de muita paciência e respeito. Aprendi muito, me inspirou, e vou levar muita coisa que aprendi para o meu trabalho, de me superar e de me colocar cada vez mais como uma comunicadora. Sou muito grata”, disse.
O edital audiovisual ‘Sem Justiça Climática, Não há Democracia”, lançado em julho de 2024, selecionou projetos para apoiar a produção de conteúdos sobre clima e democracia. O objetivo principal é fortalecer a comunicação da agenda climática no Brasil através da produção de conteúdos informativos e criativos em formato audiovisual, sempre protagonizados por ativistas.