Sexta, dia 8 de novembro de 2024 – Diário de um alagado
Um dia de pouco movimento. Será?
Preparar-se para uma viagem, separar o que deve ser levado significa inevitavelmente pensar o que será essa viagem, significa pensar o que acontecerá nesses dias de atividade. Estamos partindo para mais uma temporada no Pantanal, mais especificamente na cidade de Cáceres, interior do Mato Grosso para a luta que envolve o dia do rio Paraguai. Vale lembrar que dia 14 de novembro é dia do rio Paraguai e, vivemos o mês do rio Paraguai e muitos esforços coletivos são mobilizados, muito encontros, mutirões, trabalhos em grupo, muitas expectativas são mobilizadas porque os dias do rio não são iguais. São iguais mas são diferentes.
São iguais no sentido em que são a repetição do dia 14 de novembro. E são diferentes porque cada dia do rio Paraguai tem uma programação cuidadosamente construída, são o resultado da caminhada de um ano todo de 13 Comitês Populares, da Escola de Militância Pantaneira, e das inúmeras parcerias que se fazem neste movimento em defesa das águas e do clima, em defesa do Pantanal.
Arrumar as roupas e objetos na mala, arrumar fora significa arrumar um pouco o que está dentro também. Arrumar o que está fora é também arrumar o que esta aqui dentro da gente. É lidar com as expectativas, é lidar com a memória, é preparar-se, é se ajeitas para os encontros com as pessoas que já amamos e iremos encontrar mais uma vez. Neste diário, ENCONTRO é uma palavra central, fundamental. Sempre que aparecer a palavra ENCONTRO, saiba que estamos dizendo muita coisa, uma palavra carregada de significado. Não se trata de uma palavra solta, jogada, uma palavra com um sentido estrito. Pelo contrário, ENCONTRO aqui é uma palavra densa, polissêmica, palavra povoada.
Acordei antes das 2h deste 8 de novembro. Uber, aeroporto, esperas, despacho de bagagens, voo felizmente confirmado para as 3h. Espera de 3h em Brasília, novo embarque e felizmente voo no horário. Retirada de bagagens em Cuiabá/MT, mais espera e o processo de territorialização continua. Manha para pequenos ajustes de rota e contatos, cuidar dos companheiros que virão, confirmar reservas de quem está a caminho e dos que virão nos próximos dias.
Andar pela cidade e o almoço já fazem parte do processo de territorialização. Peixe frito na dieta, banana frita, farinhas e a culinária serve de portal de acesso lento à cultura local. As músicas tocando na cidade, a circulação na capital, os sotaques, fisionomias e etc. Encontro meu companheiro de viagem no final do dia e combinamos nossos horários para a sequencia da viagem, agora em dupla.
Relógio programado para despertar às 5h30. Boa noite.