O veleiro que desafiou a corrida armamentista

Golden Rule

Antes de entender o que é o Golden Rule, é importante saber quem construiu essa bem-sucedida ação de ativismo. VEP, ou o Veterans for Peace, é uma organização fundada em 1985 por veteranos do exército dos Estados Unidos. Ao invés da guerra, o VEP se propõe a lutar por alternativas  pela paz.

A história do Golden Rule começa com a explosão da bomba atômica em Hiroshima, em 1945. Indignado, o ex-comandante da Marinha dos EUA, Albert Bigelow, escreveu a um jornal  sobre a sua indignação. Com a sua esposa, Sylvia Weld, se juntou a Religious Society of Friends e hospedou vítimas da bomba com cirurgias plásticas agendadas.

Naquele contexto em plenos anos 50, o ativismo antinuclear estava começando a crescer: especialistas diziam que a radiação poderia provocar câncer nas pessoas que estivessem próximas das localidades de teste. A denúncia era tão urgente que o duas vezes Prêmio Nobel Linus Pauling realizou um abaixo- assinado com mais de 2.000 assinaturas contra as bombas.

Juntos a outros cristãos de movimentos pela paz e bem antes da Veterans for Peace ser fundada, Albert Bigelow até mesmo participou de um protesto em Nevada durante um teste de bomba atômica em 1957. A vigília de cerca de 30 pessoas viu alguns de seus participantes ultrapassarem a linha-limite, incluindo Bigelow. Com o teste interrompido, os membros foram presos e julgados. Ainda assim, deu tempo de Albert presenciar o teste final.

A inspiração veio de pacifistas da Inglaterra, que falavam em montar um exército da paz e navegar até a área britânica de testes  em fevereiro de 57. Apesar disso nunca ter acontecido, a ideia atravessou o Atlântico e Bigelow, junto a Bill Hutington, começou a procurar um barco para ser comprado. No fim daquele ano, o barco estava pronto.

Como o pacífico não dispunha de regras para navegação de um veleiro, o Golden Rule não poderia ser acusado de cometer crimes. No início de 58, Bigelow e outros enviaram uma carta ao presidente Eisenhower dizendo o que fariam: iriam até uma área de testes dos Estados Unidos e não sairiam até pararem com a política de testes.

Bigelow até enviou para a Casa Branca mais de 17.000 assinaturas contra testes nucleares, mas não foi respondido. O Golden Rule foi a alto mar, mas teve de voltar por conta de condições do tempo. Após 3 semanas de viagem, a Comissão de Energia Atômica emitiu uma regra tornando ilegal que cidadãos estivessem na área de explosão de bombas no mar. Eles retornaram? Não.

Mesmo após um prazo dado pela Justiça, foram presos e passaram uma semana presos em Honolulu. O governo disse que retiraria todas as acusações caso eles parassem de velejar, mas não aceitaram. Com Bigelow preso novamente, seus outros companheiros foram velejar e foram presos novamente: agora por 60 dias. Com muita atenção no caso, muitos protestos pediram a liberdade da tripulação do barco.

Depois de saírem da prisão e terem impulsionado políticas como o Tratado de Limite de Testes, o Golden Rule foi vendido, mas reconcedido para membros do Veterans for Peace em 2015.  Atualmente, o navio cruza cidades dos EUA para promover a luta antinuclear e o desarmamento.

O conteúdo dessa publicação foi adaptado da matéria 'The first boat to protest nuclear weapons is back to inspire a new generation', por Arnie Alpert para o Waging Non Violence